Motoqueiro Fantasma 2 - O Espírito da Vingança (Análise e Crítica)

‘Knight’ é uma linha de histórias da Marvel cujas tramas estão longe de apresentar aquele mundo perfeito, situado entre o bem e o mal, como em Homem-Aranha, Capitão América, Thor, entre tantos outros. Nesta linha da editora estadunidense, os “heróis” são envolvidos em aventuras inclusive desaconselháveis para menores de 18 anos, uma vez que algumas delas envolvem elementos do sobrenatural, como bruxaria e satanismo, além de cenas de extrema violência.

Alguns dos personagens mais conhecidos dessa vertente sombria tiveram suas versões cinematográficas. Entre eles estão Demolidor, Justiceiro e o referido Motoqueiro Fantasma, sendo que os dois últimos já ganharam uma segunda chance nas salas de exibição. Curiosamente, todos os três sofreram do mesmo destino, o fracasso de bilheteria. Existem algumas especulações: desconhecimento do grande público, más adaptações, péssimas recepções da crítica, as próprias histórias sinistras que não convidariam muitos espectadores (principalmente as mulheres), escolhas erradas de elenco... Enfim, as justificativas são muitas, e enumerar todas poderia ser perda de tempo.

“Motoqueiro Fantasma 2” teve sua estreia mundial em 17.02.2012 já criando polêmica por não ter sido exibido aos críticos, o que geralmente já é um sinal ruim (Quem não deve não teme, não é mesmo?), e sua história não seria em suma continuação do primeiro filme do personagem, lançado em 2007. O único laço entre as duas produções é o ator Nicolas Cage, que ainda não conseguiu atingir a dramaticidade certa para o personagem, mas que pelo menos melhorou alguma coisa nesses quase cinco anos. No primeiro longa, Johnny Blaze (identidade civil do Motoqueiro) se apresentava como um retardado, um homem bobo, que mal sabia até articular as palavras. Agora, com uma certa conformidade acerca de sua maldição, o personagem está mais violento, cruel, embora ainda consiga expressar humanidade e amor às pessoas de bem.

Aliás, a tentativa de se distanciar do primeiro filme e fazer do segundo uma espécie de reinício da franquia fica bem clara na não-utilização das cenas do pacto. Enquanto na produção de 2007, Blaze, ainda um rapaz, assinou o contrato de sangue de forma acidental, nesta eles fizeram parecer que o ocorrido foi por livre e espontânea vontade do jovem. Ademais, os atores e os nomes das duas entidades demoníacas também são diferentes. Ok, de boas intenções o Inferno está cheio. Eu me senti mais foi um verdadeiro idiota, afinal, um dia antes, justamente revi o primeiro filme para não fazer feio...

Outro ponto favorável na segunda produção está por conta dos efeitos visuais. As cenas de perseguição deram um gás a mais, que faltou no primeiro filme, e até a própria transformação do homem em monstro ganha mais realidade por conta disso. Só não pense você que o 3D faça tamanha diferença: a função maior da tecnologia em “O Espírito da Vingança” basicamente é a qualidade de imagem, pois nem a profundidade é explorada assim. A sensação que tive foi a de que eu poderia estar muito bem na minha casa assistindo ao filme no meu Blu-ray, que o resultado final seria o mesmo. No mais, faltou interatividade com o espectador, que é o que ele busca quando paga mais pela sessão em 3D.

Mas, claro, os pontos negativos são muitos. Principalmente quanto aos vilões. Assim como no primeiro filme, são mal-interpretados e verdadeiras chacotas. O próprio Motoqueiro assusta mais que qualquer um deles. E também o texto, muito simplista, sem metáforas, pobre, parecendo que havia sido escrito às pressas a tempo de os atores gravarem. E por falar em atores, uma surpresa foi a participação de Christopher Lambert, com um personagem que literalmente é a cara dele, líder de uma seita cheio de tatuagens no rosto.

Grosso modo, a tentativa de fazer o personagem ser bem aceito pelo público e ainda por cima arrecadar bem nas bilheterias fracassou, a meu ver. Visto que “Motoqueiro Fantasma 2 – O Espírito da Vingança”, equacionados os pontos positivos e negativos, cai na mediania, assim como a primeira produção. Somente as próximas semanas poderão dizer como o filme se saiu, mas, para que haja continuidade, é preciso que o filme cative o espectador, faça-o querer voltar. E, infelizmente, esta produção ainda não conseguiu.

Mas, aos fãs de quadrinhos e de cinema, ainda nos resta o conforto de que neste ano grandes produções estão para estrear: o primeiro filme da nova franquia do Homem-Aranha; o último da elogiadíassima trilogia atual de Batman e talvez o mais aguardado de todos, que é o dos Vingadores. Os estúdios da Marvel vêm fazendo um excelente trabalho nas suas adaptações, e esperamos sinceramente que o mesmo consiga reaver os direitos de alguns personagens que estão sendo ou foram massacrados pelas mãos de outros gigantes do ramo.

Nota: 6,0.

Dan Niel
Enviado por Dan Niel em 18/02/2012
Reeditado em 26/05/2013
Código do texto: T3506795
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