Casa de Areia (Casa de Areia - 2005 - Andrucha Waddington)
Casa de Areia
O filme começa quando Vasco de Sá está chegando no meio do nada. Com ele vem ajudantes e sua mulher, grávida, e sua sogra. Alguns minutos depois temos somente as duas mulheres. Sozinhas no meio do nada. Areia para todos os lados.
Considero que a areia é o protagonista do filme. Já que, brilhantemente utilizado pela direção, o ambiente se torna opressivo e a cada momento percebemos como os personagens vão perdendo valores, perspectivas e sonhos.
A segunda cara do filme é Fernanda Montenegro. Ela é expressiva e retrata bem cada personagem que interpreta e suas nuances através do tempo. Esse que é, em certas partes, mal definido. Levando o espectador a certa altura a acompanhar o rumo de uma das personagens achando que está vendo outra ainda. Coisa que poderia ter sido evitada, já que ao descobrir que o personagem não é mais aquele, o espectador tem que rever toda a parte do filme, mentalmente, enquanto assiste a parte nova.
A direção se encarrega de tornar todo o filme belamente retratado através da integração dos personagens com o ambiente. Há algumas falhas em relação à construção das personagens, como por exemplo uma hora em que certa personagem diz que não quer voltar para o mundo civilizado, se sentindo melhor no meio daquele nada, “pois pelo menos nenhum homem manda em mim aqui” (algo assim), mas não ficando claro como que ela se comporta mais livre diante dessa liberdade.
Enfim, Casa de Areia é altamente contemplativo. Pensando melhor, não vi como solucionar alguns momentos de extrema lentidão das coisas. A vida era assim, tinha que ser. A degradação da mente humana pela imensidão do nada para fazer e do nada para onde ir.
Casa de Areia é um exemplar maravilhoso do cinema brasileiro com ótimas atuações e um final digno de nota 10. Vale a pena rever algumas vezes.