Millennium - Os Homens que não Amavam as Mulheres (Análise e Crítica)

Somente ontem pude assistir a este filme, por conta dos meus horários, e eis aqui o que achei.

Não li o livro que inspirou o longa-metragem (e provavelmente não leia) assim como também não vi a primeira versão, a sueca, tão elogiada pelos críticos (quem sabe um dia eu veja). Não sei se isso poderia influenciar, se bem que na maioria das vezes se diz que o filme ficou aquém do livro, mas o fato é que a versão norte-americana é com certeza uma produção diferente. Poderia ser somente mais um entre tantos outros que se baseiam em uma investigação criminal como cerne de sua história, mas justamente o diferencial é que nos outros não há a personagem Lisbeth Salander, interpretada de forma digníssima por Rooney Mara, até então desconhecida por mim.

O que nos faz perceber se determinado ator é ideal para o papel é quando ele interpreta um personagem difícil mas tem a sensibilidade de não cair no estereotipo, ou pior, na caricatura. Lisbeth é uma estranhona, masoquista, punk, antissocial e com sérios distúrbios de personalidade. Seria um prato cheio para que o espectador sentisse pena ou então rejeição por tal personagem. Mas a interpretação correta e pontual de Rooney Mara nos traz momentos de identificação e solidariedade com a personagem. Como acontece na cena do estupro, quando todo cinema em seguida vibrou com a vingança da garota, que, entre outras coisas, enfiou (essa é a palavra certa) um vibrador grosso e enorme na traseira do seu molestador.

Até este momento, a vida de Lisbeth não havia se cruzado totalmente com a de Mikael, vivido pelo sempre mediano Daniel Craig. Quando os dois resolvem trabalhar juntos, depois de mais de 60 minutos já de fita, o filme vai ficando cada vez melhor. A sintonia do casal é boa, e neste momento se vê o quanto que a personagem de Rooney é rica, visto que em seu coração ainda se encontra espaço para o amor, a amizade, a fidelidade.

O filme começa a tropeçar quando o assassino é descoberto e a vida de Mikael periga. Faltando aproximadamente 40 minutos de fita (são longos 150 minutos), as situações começam a ficar chatas, cheias daquelas justificativas sobre os pontos soltos da trama, que qualquer espectador atento seria capaz muito bem de interligá-los por contra própria.

No mais, é um filme inquietante, que seduz a plateia, que por sua vez vibra, ri, esconde o rosto e se assusta com algumas cenas. Mas volto a dizer: nada (ou pouca coisa) seria possível se não fosse a brilhante escolha por Rooney Mara, pois é a sua personagem quem conduz todo o filme, que, sem ela, seria apenas mais uma produção com belas fotografias mas com atuações medianas e sem presença de espírito.

Nota: 7,5.

Dan Niel
Enviado por Dan Niel em 14/02/2012
Reeditado em 26/05/2013
Código do texto: T3498799
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