Noites de circo
Dramático e com um fino toque de melancolia, Noites de Circo relata a crise de relacionamento entre Albert Johason (dono do circo) e sua esposa Ane que acaba se rendendo a uma aventura amorosa com um ator local.
Gravado no início da carreira do diretor (Bergman), Noites de Circo (Suécia, 1953) foi massacrado pela crítica em sua estréia, principalmente pelo seu tom sombrio e revelador, permanecendo desconhecido por longos anos. O filme mostra um grupo de circo que viaja pelo interior da Suécia e que vive em condições precárias, à beira da miséria.
Na primeira cena, o circo chega à cidade natal de Albert e ele fica sabendo da trágica história do seu palhaço (Frost) diante da infidelidade de sua esposa. Essa parte é narrada no melhor estilo do expressionismo alemão, sem utilizar qualquer tipo de diálogo.
Na seqüência, Ane, Amazona do circo e esposa de Albert, acaba entrando em um perigoso jogo de sedução com um ator de um teatro local. Enquanto isso, Albert visita sua ex-mulher e acaba conhecendo o seu filho. Albert então faz uma proposta para a sua antiga companheira, dizendo que abandonaria a vida no circo para voltar a morar com ela. A mesma rejeita, dizendo querer paz e que não gostaria de ter com ele, qualquer tipo de envolvimento.
Sem dúvida, Noites de circo, demonstra o tempo todo a condição de humilhado e ofendido, típico das temáticas encontradas nos romances do escritor russo Dostoiévksi . Esses personagens sabem dessa terrível sina e lutam a todo custo por um mínimo de reconhecimento e dignidade.
A cena em que Albert visita o diretor de uma peça de teatro demonstra a humilhação no qual os circenses estão sujeitos. O diretor da peça rebaixa Albert dizendo que os atores de circo são inferiores aos atores de teatro em todos os aspectos.
O drama se apresenta sob diversas outras formas: o tempo todo os circenses são assolados pela fome, tristeza, longas viagens e pelo mau cheiro dos locais de suas carroças. Outra cena dramática é quanto ao sofrimento do urso, mascote e principal atração do circo, que sofre de uma doença sem cura.
O filme mesmo não sendo o magnus opus do diretor, pelo menos se comparado ao Sétimo Selo e Morango Silvestre, acaba tendo um grande destaque na carreira de Ingmar Bergman.
Essa obra de arte, sombria e envolvente, consegue mostrar as profundezas da alma de personagens que a todo instante buscam trazer alegria, inovação e felicidade para as platéias, mesmo que em oposição carreguem sentimentos de tristeza, ressentimento e frustração.
Direção - Ingmar Bergman
Ano – 1953
País de produção - Suécia, Estados Unidos
Idioma - Sueco
Elenco - Harriet Andersson, Åke Grönberg, Anders Ek, Gudrun Brost, Hakke Ekman, Annika Tretow, Kiki, Erik Strandmark, Curt Löwgren, Goran Lundstrom,
Duração – 89 min