CONTACTO: CIÊNCIA E FÉ PODEM ANDAR JUNTAS?
No início desta semana, mais precisamente na terça-feira, dia 06 de dezembro (2011), os principais jornais, sites, blogs, noticiários de rádios e TV de todo o País divulgaram a descoberta, pelos cientistas do Centro de Pesquisas Ames, da Nasa, de um sistema planetário numa região do Universo onde acredita-se que possa haver água na forma líquida e temperatura que permite o desenvolvimento de vida – assim como na Terra.
O planeta, batizado de Kepler-22b, está localizado, segundo afirmam os cientistas, numa “Zona Habitável”, a cerca de seiscentos anos-luz da Terra. “Zona Habitável” é explicada por eles como uma área onde as temperaturas permitem o desenvolvimento de vida. Durante a entrevista para fazer o anúncio da novidade, os cientistas estavam radiantes e a subeditora do Centro de Pesquisas Ames, Nathalie Batalha, chegou a afirmar: “estamos cada vez mais perto de encontrar um planeta parecido com a Terra”.
O relato dos dois parágrafos iniciais serve para que possamos fazer a introdução do comentário de um filme de ficção sobre a busca de vida inteligente em outras partes do Universo. Como disse anteriormente, isto não é uma resenha, apenas um breve comentário sobre o filme “Contacto”.
Aqueles que costumam olhar para o céu com aquela quase-certeza de que não estamos sós nesse “mundo de meu Deus” e acreditam que em algum lugar do Universo deve haver vida inteligente, semelhante à Terra, irão gostar de assistir ao filme “Contacto”.
Não é nenhum lançamento. O filme é de 1997 e já tem, portanto, 14 anos. Mesmo assim não tem nada de velho ou de antigo, pois a sua abordagem é atual e deverá continuar sendo por muitos e muitos anos. O enredo é baseado em um livro de ficção espacial, escrito em 1985, por Carl Sagan. É bastante interessante, sobretudo para àqueles que apreciam o gênero ficção científica.
O enredo, criativo e bem explorado, enfoca a atuação engajada da astrônoma Eleanor Arroway (Jodie Foster), que se dedica ao trabalho incansável de buscar sinais no espaço que possam apontar qualquer vestígio da existência de vida inteligente fora da Terra.
Depois de muitos anos pesquisando com dedicação, Eleanor depara-se com uma “mensagem codificada”, “um sinal real” da possibilidade de vida pulsante em algum lugar do Cosmos. Esse sinal é emitido da longínqua estrela Vega. Mais à frente, a astrônoma recebe instruções para construir uma estrutura que possibilitará o contato com os seres daquele planeta.
Mais do que ficção científica e pesquisa sobre a vida em outras partes do Universo, o filme – que, diferentemente do que ocorre com a maioria dos trabalhos cinematográficos desse gênero, transformando-os em verdadeiros clichês - não exibe muitas cenas e lances de efeitos especiais. “Contacto” procura, sim, mostrar as diversas (e possíveis) reações da população mundial ao saber que não está sozinha no Universo, as relações sociais do homem, os conflitos e interesses políticos e econômicos, e o jogo do poder.
O diretor Robert Zemeckis aproveita o trabalho para lançar questionamentos sociais e religiosos ao espectador. No final, o filme procura mesmo é levar (ou puxar) todos à reflexão, levantando o maior número de questionamentos do público e provocar a discussão dos limites entre a razão e a fé – questões até então inexploradas... ou pouco exploradas no nosso cotidiano.
A provocação vem a partir de algumas situações e da relação ciência-fé, entre a cética astrônoma Eleanor Arroway e o teólogo (ex-padre) Palmer Joss, dono de uma fé inabalável. Fica no ar, para as nossas respostas, questionamentos como:
- O cientista é mesmo um cético?
- É correta a forma cartesiana de pensar e agir do(s) cientista(s)?
- A fé também é necessária ao(s) cientista(s)?
- A experiência empírica de Eleanor Arroway, sem provas nem registros, é válida para a ciência?
- É tudo uma questão de fé, como tenta mostrar o filme, e que tudo (Verdade, mentira, fé, razão) está dentro de cada um de nós, desde que acreditemos?
Assistindo ao filme você poderá responder a estas indagações e até levantar outras muitas. Poderá fazer outras reflexões que aqui não foram colocadas, até mesmo pela minha falta de percepção. Afinal de contas todos nós temos uma maneira própria de observar e entender as coisas... de acordo com as nossas vivências e experiências... e até mesmo da forma como queremos ver as coisas.
Filme: Contacto
Gênero: Ficção Científica
Ano: 1997 – Estados Unidos
Direção: Robert Zemeckis
Atores: Jodie Foster, Matthew McConaughey, Angela Bassett, David Morse e William Fichtner entre outros.