DOCUMENTÁRIO: "LIXO EXTRAORDINÁRIO"

O documentário “Lixo Extraordinário” foi realizado em 2008 pelo artista plástico brasileiro Vik Muniz. Gravado no aterro sanitário do Jardim Gramacho, no município fluminense de Duque de Caxias, “Lixo Extraordinário” tem uma hora e meia de duração, o que inclui trechos do “Programa do Jô”, provavelmente a fim de ressaltar a repercussão que o projeto idealizado por Vik causou.

O documentário se propõe a mostrar duas situações muito distintas. De um lado, há um artista que se propõe a inovar, criando obras com um material até então inusitado e visto por muitos como inútil, que é o lixo; do outro, uma comunidade de catadores de lixo, que vivem de uma atividade não-regulamentada e nada saudável. Tal dialética resulta em um ótimo relacionamento para ambas as partes. Enquanto Vik Muniz conseguiu concretizar sua obra e, uma vez mais, realizar-se como artista, a comunidade do Jardim Gramacho ganhou visibilidade e dinheiro, já que seus retratos, feitos de material reciclável, ganharam exposições.

“Lixo Extraórdinário” é um documentário fantástico. Por meio dele, o telespectador surpreende-se com a genialidade de um dos grandes artistas plásticos do Brasil, que uma vez mais, reinventou o conceito de arte. Faz-se mister lembrar que Vik Muniz é o mesmo criador de retratos com outros materiais inusitados, como chocolate, geléia e molho de tomate. Constatada a ideia do artista, é impossível não se identificar e não se emocionar com a saga dos catadores do aterro de Duque de Caxias. Seu ritmo de vida, os riscos a que estão submetidos e a maneira como a sociedade os enxerga são uma síntese de como funciona a divisão de classes no Brasil, o que é qualificado pelo próprio Vik como “lamentável”. O filme traz não somente uma síntese da competência de Vik Muniz, como também toda uma carga política e social.

O documentário “Lixo Extraordinário” é recomendado, obviamente, para os apreciadores de arte moderna. Contudo, ouso extender a recomendação para pessoas de todas as camadas nacionais, a fim de que percebam o quão torpe é o preconceito em si, que neste caso, é a discriminação por classes.

Andre Mengo
Enviado por Andre Mengo em 06/12/2011
Reeditado em 06/12/2011
Código do texto: T3375541
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