PROUST EM AMARELO - PEQUENA MISS SUNSHINE
( e que teriam podido confundir-se com elas aos olhos de um observador que só vê as coisas do lado de fora, ou seja, não vê coisa alguma – Proust )
Nesse filme ouvimos o tempo todo "eu já disse pra vocês que sou o maior especialista em Proust dos Estados Unidos?". O personagem é o tio da pequena que sonha em ser como as outras garotinhas que concorrem no concurso PEQUENA MISS SUNSHINE. É assim que ouvimos as vozes de Proust sobre o fundo amarelo constante das cenas que, ao revelar o cotidiano de pessoas comuns, evidenciam o que há de extraordinário no que achamos banal, o que é único em meio à massacrante definição de realidade que nos imprime as mídias para massas. A grandeza do filme está na mediocridade, no banal, no comum porque está ali o que não vimos, o que perderíamos e não foi, o que tinha escapado. No mundo dos vencedores descascar batatas talvez seja a oportunidade de vermos mais uma vez, de retorno ou de parada. De recuperarmos o tempo perdido, sabendo ao certo que perdido está desde que posto.
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Baltazar Gonçalves