OS IMPERDOÁVEIS
Revi hoje um velho faroeste que sempre esteve entre os meus preferidos. Refiro-me aos Imperdoáveis, filme de 1992, dirigido e estrelado por Clint Eastwood juntamente com os excelentes Gene Hackman , Morgan Freeman, Richard Harris e um excelente elenco de protagonistas. O filme ganhou os Oscars de melhor filme e diretor naquele ano.
O filme conta a estória de Will Munny, pistoleiro aposentado que resolve se juntar a um jovem pretenso matador para liquidar dois vaqueiros que haviam retalhado a faca o rosto de uma prostituta porque ela fizera troça do tamanho do pênis do cawboy. As putas do bordel ficaram tão furiosas com isso que resolveram pagar mil dólares a quem fizesse o serviço.
O xerife da cidade, o durão Little Bill (Gene Hackman), ao invés de punir os rapazes pela mutilação da moça prefere fazer com que eles compensem o prejuízo do dono do bordel mandando os rapazes trazer para ele alguns cavalos. É então que elas resolvem fazer justiça por si mesmas e decidem contratar pistoleiros para matar os cawboys.
Wil Munny (Clint Eastwood) é um antigo pistoleiro aposentado que vive num casebre no Kansas na maior penúria. Deixou as armas para criar porcos por conta do seu casamento com uma boa moça, que o fez regenerar-se. Ele tinha fama de pistoleiro cruel e frio, que matava pelo prazer de matar, e não perdoava mulheres ou crianças. “Já matei tudo que move e rasteja”, diz ele para Littlle Bil no duelo final.
Só que a mulher de Will morrera e ele ficara com dois filhos pequenos para criar. E a miséria era grande. Por isso quando aparece o jovem pistoleiro Schofield Kid (Jamz Woolvett) e o convida para ir ao Wioming matar os dois cawboys que retalharam a prostituta, pelo preço de mil dólares, ele não pensa duas vezes. Logo vai atráz de seu velho amigo de aventuras Ned Logan (Freeman), e o chama para ajudá-lo a fazer o serviço.
Mas outros pistoleiros já estavam atraz do prêmio, enclusive um estranho inglês conhecido como "English Bob" (Richard Harris), cuja fama era grande no pedaço. Tinha até um biógrafo, na pessoa de um escritor de livros de cordel, que o acompanhava para retratar as suas façanhas com as armas. O inglês era conhecido como o "The Duke of Death." (O duque da morte). Mas quando chega a Big Wiskey, a cidade onde moravam as prostitutas e os dois cawboys, Little Bill, o xerife local, resolve usar Bob como exemplo para desestimular os pistoleiros que porventura quisessem vir á cidade atraídos pela recompensa. Então dá uma homérica surra no inglês e mostra ao biógrafo que todos os mitos sobre pistoleiros não passam de mentiras inventadas. Que são todos covardes assassinos que só tem coragem quando estão bêbados.
Entretanto Munny e seus companheiros chegam a cidade e vão ao saloon se encontrar com as prostitutas. Ned e Kid resolvem se divertir um pouco com elas, enquanto Munny, que havido pegado uma gripe danada na viagem, espera pelos companheiros. Little Bill é informado sobre a presença de homens armados na cidade e dá de cara com ele. O resultado é um brutal espancamento em que Munny é atirado para fora do saloon quase morto.
Munny se recupera graças a ajuda dos amigos e das prostitutas, e os três começam a caçar os cawboys. Matam o primeiro numa emboscada. Ned (Morgan Freeman) se descobre velho para o negócio e resolve ir embora. No caminho, os amigos do cawboy morto, que estavam à procura dos assassinos, o pegam e o entregam para Little Bil, que acaba matando-o a chicotadas. Enquanto isso, Munny e Kid encontram o cowboy e Kid o mata na privada.
Quando eles vão à cidade receber a recompensa Munny descobre que Little Bil havia matado seu amigo Ned a chicotadas para que ele revelasse quem eram eles. Então Munny resolve ir á cidade matar Litlle Bill e no duelo final, no saloon, além do xerife durão, ele mata mais quatro pessoas.
Os Imperdoáveis é um filme que desmistifica o Velho Oeste. Mostra que, se atirados em meio a uma selva, só sobrevive aquele que também souber se comportar como um animal.
John Ford e outros diretores criaram o arquétipo do mito do velho oeste: o mocinho versus bandido. Sempre há uma mocinha indefesa para ser protegida ou uma comunidade ameaçada por bandidos a ser defendida. Nem os emblemáticos Shane (Os Brutos Também Amam), High Noon(Matar ou Morrer) ou Johnny Guitar, faroestes arquetípicos, fugiram dessa conformação.
Mas os Imperdoáveis foge. Nesse filme, todo mundo é bandido, pelos padrões de Hollywood. Não há a tradicional dialética dos opostos que explora a política do bom mocismo americano, na qual o bem sempre vence o mal. Os cawboys que retalham a prostituta, as prostitutas que contratam os pistoleiros para matar os cawboys, os pistoleiros que se apresentam para fazer o serviço, o xerife durão que tenta impedi-los, os assassinos que afinal matam os rapazes, e até o escritor que vive criando os romances da morte, todos seriam bandidos pelos padrões Jonhfordianos.
Não tem mocinhos nessa estória, mas somente seres humanos desumanizados, enfrentando o dilema da sobrevivência. O pistoleiro aposentado Will Munny é o protótipo do homem que volta à velha profissão das armas para ganhar dinheiro para poder dar aos filhos uma vida melhor; os vaqueiros que retalham a prostituta o fizeram porque foram desqualificados naquilo que um pretenso machão mais estima: a sua potência como homem. O xerife durão espanca os outros até à morte porque precisa manter a sua pose de durão e único e verdadeiro machão no pedaço. As prostitutas contratam os pistoleiros porque foram desrespeitadas na sua condição de mulheres. Enfim, todos têm motivos para fazer o que fizeram. Ninguém é mau ou bom. Todos são imperdoáveis, mas suas ações se justificam num ambiente onde a necessidade de sobrevivência mitiga o instinto de humanidade.
Vendo o que acontece hoje em nossas cidades não sei se evoluímos muito desse ambiente em que se situam Os Imperdoáveis. Não precisamos procurar muito para encontramos os Willians Munnys, os Ingleses Bobs, os Litlle Bills e todos os outros personagens desse filme na nossa fauna cotidiana. Por tudo isso é que Os Imperdoáveis continua sendo um filme imperdível.
Revi hoje um velho faroeste que sempre esteve entre os meus preferidos. Refiro-me aos Imperdoáveis, filme de 1992, dirigido e estrelado por Clint Eastwood juntamente com os excelentes Gene Hackman , Morgan Freeman, Richard Harris e um excelente elenco de protagonistas. O filme ganhou os Oscars de melhor filme e diretor naquele ano.
O filme conta a estória de Will Munny, pistoleiro aposentado que resolve se juntar a um jovem pretenso matador para liquidar dois vaqueiros que haviam retalhado a faca o rosto de uma prostituta porque ela fizera troça do tamanho do pênis do cawboy. As putas do bordel ficaram tão furiosas com isso que resolveram pagar mil dólares a quem fizesse o serviço.
O xerife da cidade, o durão Little Bill (Gene Hackman), ao invés de punir os rapazes pela mutilação da moça prefere fazer com que eles compensem o prejuízo do dono do bordel mandando os rapazes trazer para ele alguns cavalos. É então que elas resolvem fazer justiça por si mesmas e decidem contratar pistoleiros para matar os cawboys.
Wil Munny (Clint Eastwood) é um antigo pistoleiro aposentado que vive num casebre no Kansas na maior penúria. Deixou as armas para criar porcos por conta do seu casamento com uma boa moça, que o fez regenerar-se. Ele tinha fama de pistoleiro cruel e frio, que matava pelo prazer de matar, e não perdoava mulheres ou crianças. “Já matei tudo que move e rasteja”, diz ele para Littlle Bil no duelo final.
Só que a mulher de Will morrera e ele ficara com dois filhos pequenos para criar. E a miséria era grande. Por isso quando aparece o jovem pistoleiro Schofield Kid (Jamz Woolvett) e o convida para ir ao Wioming matar os dois cawboys que retalharam a prostituta, pelo preço de mil dólares, ele não pensa duas vezes. Logo vai atráz de seu velho amigo de aventuras Ned Logan (Freeman), e o chama para ajudá-lo a fazer o serviço.
Mas outros pistoleiros já estavam atraz do prêmio, enclusive um estranho inglês conhecido como "English Bob" (Richard Harris), cuja fama era grande no pedaço. Tinha até um biógrafo, na pessoa de um escritor de livros de cordel, que o acompanhava para retratar as suas façanhas com as armas. O inglês era conhecido como o "The Duke of Death." (O duque da morte). Mas quando chega a Big Wiskey, a cidade onde moravam as prostitutas e os dois cawboys, Little Bill, o xerife local, resolve usar Bob como exemplo para desestimular os pistoleiros que porventura quisessem vir á cidade atraídos pela recompensa. Então dá uma homérica surra no inglês e mostra ao biógrafo que todos os mitos sobre pistoleiros não passam de mentiras inventadas. Que são todos covardes assassinos que só tem coragem quando estão bêbados.
Entretanto Munny e seus companheiros chegam a cidade e vão ao saloon se encontrar com as prostitutas. Ned e Kid resolvem se divertir um pouco com elas, enquanto Munny, que havido pegado uma gripe danada na viagem, espera pelos companheiros. Little Bill é informado sobre a presença de homens armados na cidade e dá de cara com ele. O resultado é um brutal espancamento em que Munny é atirado para fora do saloon quase morto.
Munny se recupera graças a ajuda dos amigos e das prostitutas, e os três começam a caçar os cawboys. Matam o primeiro numa emboscada. Ned (Morgan Freeman) se descobre velho para o negócio e resolve ir embora. No caminho, os amigos do cawboy morto, que estavam à procura dos assassinos, o pegam e o entregam para Little Bil, que acaba matando-o a chicotadas. Enquanto isso, Munny e Kid encontram o cowboy e Kid o mata na privada.
Quando eles vão à cidade receber a recompensa Munny descobre que Little Bil havia matado seu amigo Ned a chicotadas para que ele revelasse quem eram eles. Então Munny resolve ir á cidade matar Litlle Bill e no duelo final, no saloon, além do xerife durão, ele mata mais quatro pessoas.
Os Imperdoáveis é um filme que desmistifica o Velho Oeste. Mostra que, se atirados em meio a uma selva, só sobrevive aquele que também souber se comportar como um animal.
John Ford e outros diretores criaram o arquétipo do mito do velho oeste: o mocinho versus bandido. Sempre há uma mocinha indefesa para ser protegida ou uma comunidade ameaçada por bandidos a ser defendida. Nem os emblemáticos Shane (Os Brutos Também Amam), High Noon(Matar ou Morrer) ou Johnny Guitar, faroestes arquetípicos, fugiram dessa conformação.
Mas os Imperdoáveis foge. Nesse filme, todo mundo é bandido, pelos padrões de Hollywood. Não há a tradicional dialética dos opostos que explora a política do bom mocismo americano, na qual o bem sempre vence o mal. Os cawboys que retalham a prostituta, as prostitutas que contratam os pistoleiros para matar os cawboys, os pistoleiros que se apresentam para fazer o serviço, o xerife durão que tenta impedi-los, os assassinos que afinal matam os rapazes, e até o escritor que vive criando os romances da morte, todos seriam bandidos pelos padrões Jonhfordianos.
Não tem mocinhos nessa estória, mas somente seres humanos desumanizados, enfrentando o dilema da sobrevivência. O pistoleiro aposentado Will Munny é o protótipo do homem que volta à velha profissão das armas para ganhar dinheiro para poder dar aos filhos uma vida melhor; os vaqueiros que retalham a prostituta o fizeram porque foram desqualificados naquilo que um pretenso machão mais estima: a sua potência como homem. O xerife durão espanca os outros até à morte porque precisa manter a sua pose de durão e único e verdadeiro machão no pedaço. As prostitutas contratam os pistoleiros porque foram desrespeitadas na sua condição de mulheres. Enfim, todos têm motivos para fazer o que fizeram. Ninguém é mau ou bom. Todos são imperdoáveis, mas suas ações se justificam num ambiente onde a necessidade de sobrevivência mitiga o instinto de humanidade.
Vendo o que acontece hoje em nossas cidades não sei se evoluímos muito desse ambiente em que se situam Os Imperdoáveis. Não precisamos procurar muito para encontramos os Willians Munnys, os Ingleses Bobs, os Litlle Bills e todos os outros personagens desse filme na nossa fauna cotidiana. Por tudo isso é que Os Imperdoáveis continua sendo um filme imperdível.