O corpo como alternativa do filme (Meus caros estudos)
O filme Meus caros estudos foi um drama real ocorrido na frança e lançado em 2010. Conta a história de Laura uma jovem de 19 anos, que para financiar seus estudos em uma faculdade de letras toma o caminho da prostituição e leva uma vida dupla conturbada. O que é algo totalmente frequente na vida de universitárias que lutam para obter um diploma.
A pergunta é: aonde uma necessidade ou busca intensiva por um sonho pode levar um ser humano? Ou até onde você iria para tentar alcançar um objetivo quando todas as portas se fecham? Na verdade o filme trata essas duas perguntas de forma bem relevante sendo a questão financeira um fator bastante preponderante na escolha de Laura. Aluguel atrasado, mensalidades da faculdade e ainda comer e se vestir. Não é fácil para uma jovem que ganha menos da metade do que gasta. O desespero de não conseguir pagar as mensalidades do seu curso de letras faz Laura tomar o caminho mais fácil, onde o dinheiro é considerável.
O que ela não sabia até certo ponto é que a prostituição pode trazer muitas dores, preconceitos por partes dos amigos e de familiares, o medo de ser vista na rua, entre outras situações. Ela entra num dilema profundo sobre o certo e o errado, o ser prostituta e não ser e isso fica bem claro em uma cena no ônibus quando ela está voltando para casa e começa a se lamentar, se angustiar repetindo varias vezes “eu sou puta” é frequente no decorrer do filme essa angústia, um certo arrependimento, a vontade de sair desse mundo que não é dela, mas o dinheiro que aumenta a cada dia, as colegas com roupas e bolsas novas e outros desejos impede-a de abandonar o mundo da prostituição, ou seja, ela tornou-se dependente do sexo remunerado e isso é um grande problema para quem se arrepende de tal decisão.
O filme tem cenas fortes que causa repúdio e mostra às vezes a humilhação que ela se submete para satisfazer certas fantasias que os clientes exigem que façam. Laura começa a perceber sua grande humilhação quando um rapaz se envolve com ela e descobre que ela é prostitua não aceita e joga na cara dela o fato de haver outras alternativas e que ela só entrou nessa por mero desejo sexual, para satisfazer a vontade própria. A questão ai seria a seguinte: existem outras alternativas? Tendo em vista que Laura não era a única a trabalhar para pagar faculdade e que milhares de universitárias não precisavam se prostituir para está em dia com suas mensalidades. O ponto crucial é o desespero de momento que faz com que se aceite qualquer alternativa não analisando as consequências e o impacto que tal decisão irá causar. No caso de Laura, o fato de ter que vender o corpo lhe causava nojo, no entanto o dinheiro fácil excitava-a bastante, a possibilidade de comprar um belo casaco de coura ou uma bolsa sem precisar economizar elevava o ânimo e desativava por alguns momentos a vontade de parar, mas toda essa situação de infelicidade e repulsão levou ao afunilamento. Então Laura resolve procurar emprego e acaba encontrando de uma forma inusitada o dono do restaurante passa por ela enquanto ela grita com um cliente por telefone. Eis o que fica claro: é preciso muita coragem, muita necessidade e muito equilíbrio para entrar no ramo da prostituição e suportar todo tipo de preconceito, humilhação, violência e asquerosidade.
Estatísticas mostram que 60% das universitárias em 17 países pagam suas mensalidades e conseguem seu diploma através da prostituição e isso deixa bem visível as barreiras que enfrentam os universitários para conseguirem cursar nível superior e a falta de iniciativas por parte dos governos. É a velha questão de se valorizar e alcançar alternativas que levem os jovens ao ensino superior sem precisar passar por situações desesperadoras.