O Anjo Azul (Der Blaue Engel, 1930, Josef von Sternberg)
O Anjo Azul (Der Blaue Engel, 1930, Josef von Sternberg)
Encontrar pessoas que se dão bem vendo filmes de outras épocas é raro atualmente. É uma barreira muito difícil de transpor. Entrar nesse mundo de tecnologias reduzidas, com uma outra visão do cinema, e muitas vezes preto e branco. Nada do estilo black and white de Sin City por exemplo. O filme era assim pois não havia outro jeito.
Bem sou uma das pessoas que não faz a mínima ressalva ao assistir um filme antigo. Se ele for bom acredito que é atemporal. E é o que consegue o direto Sternberg ao dirigir o seu melhor filme (dito pelos especialistas, longe de mim ter visto toda a filmografia dele para confirmar).
O filme começa com um toque especialmente cômico nas trapalhadas de alunos na escola com o professor carrancudo e sua implicância com tais alunos o leva até o Anjo Azul. Uma casa de espetáculos, digamos, alternativa. Onde rapazes de bem não iriam naquela época.
É lá que o professor Immanuel Rath (ótimamente interpretado por Emil Jannings) encontra, entre caçar um aluno ou outro, a dançarina e cantora do cabaré Lola Lola (Marlene Dietrich). É então que começa a historia da derrocada de um bem sucedido professor que se afunda cada vez mais em sua própria paixão pela jovem acabando como um esboço de ser humano.
O diretor faz perfeitamente o seu papel ambientando, sem que percebamos bruscamente, muito bem as fases dos personagens através da iluminação, da trilha sonora, de closes bem dados. A sensibilidade alcançada por Sternberg é algo muito boa de se apreciar.
O filme tira nota máxima e mesmo sendo de 1930, hoje apenas encontrado em dvd que mesmo assim é raro, ele permanece um bom exemplo de cinema, podendo até ser usado para ensinar como se faz cinema nos dias atuais.