A Rosa Púrpura do Cairo (The Purple Rose of Cairo, 1985, Woody Allen)

A Rosa Púrpura do Cairo (The Purple Rose of Cairo, 1985, Woody Allen)

Não é tão recente a nossa moda de viver em um mundo de fantasias. Daqueles vendidos pela mídia. É certo que atualmente estamos muito mais expostos à influência do que em outros tempos, mas ela começou lá atrás.

Nesse filme somos apresentados logo na primeira cena a Cecília, que se mostra desde o início uma aficionada pela sétima arte. Vamos descobrir depois que ela usa suas idas ao cinema para compensar a realidade tórrida e sem perspectiva que vivia em plena a recessão americana. O que ilustra de forma bem razoável como era a vida naquela época.

É nesse dia a dia maçante que estréia um filme no cinema intitulado A Rosa Púrpura do Cairo. Depois da quinta vez que ela vai ver o filme, cada vez mais distante do mundo real onde é despedida e briga diariamente com o marido, acontece algo surreal. Tom Baxter o personagem do filme em cartaz fica sensibilizado pela quantidade de vezes que Cecília vai ao cinema e sai da tela para ficar com ela.

A partir daí o senso de humor refinado e ácido é essencialmente bem distribuído. Allen trabalha muito bem com a banalização de perguntas fundamentais no bom estilo que sempre o notabilizou. Principalmente nos seus livros.

E esse é um dos raros exemplos que ele não participa como ator se restringindo apenas na direção the Jeff Daniels entra com carisma e presença fazendo muito bem os dois papéis que lhe são exigidos.

Mesmo sendo comédia o filme tem muito de uma mostra da situação do ser quando é envolvido pelos mecanismos da fantasia. O que muitas vezes deixa de lado o riso e parte para um drama mesmo. Mesmo assim o filme se sustenta coeso.

Um bom filme de Allen cujas interpretações estão corretas no lugar e a direção acerta na mão.

leandroDiniz
Enviado por leandroDiniz em 05/07/2005
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