“Bravura Indômita” (True Grit)
“Bravura Indômita” (True Grit)
Logo mais vai chegar à sua locadora (já era para ter chegado) esse trabalho bem em ordem dos irmãos Coen, denominado “Bravura Indômita”. Trata-se de uma refilmagem. Isso posto, te digo, quero ver quem se atreve a refilmar “Os Imperdoáveis”.
Se em 1968 todo mundo já murmurava a respeito do fim do gênero “western”, em 69 o diretor Henry Hathaway trouxe a baila o romance do jornalista Charles Portis e John Wayne levou o Oscar na categoria de melhor ator. Nada mal para um gênero fadado aos sete palmos de terra. Vinte anos depois, todo mundo (expressão que indica uma coletividade com pensamentos rarefeitos e repetitivos) pensou a mesma coisa e Kevin Costner brindou as mentes com “Dança com Lobos” e logo após Clint Eastwood escancarou as mentes com “Os Imperdoáveis”. Ora, pois, conclui-se que o western pode estar em qualquer lugar, exceto no cemitério.
Grit = firmeza de caráter, coragem.
Na presente peça, Jeff Bridges é quem tem a verdadeira (true) firmeza de caráter, mesmo que a mesma venha em frascos, e quando a menina Hailee Steinfeld o confronta na saída do tribunal, diz exatamente assim para ele: quero contratá-lo, pois soube que só senhor tem true grit.
Palavra que os irmãos Coen se esmeraram nessa produção, um desses arrojos que andam par e par com a pretensão, mas arte é assim mesmo, “a audácia a fortuna ajuda”. A dupla Joel e Ethan têm uma bússola de estranha mecânica – ou bem acerta na mosca, ou bem joga o dardo a léguas do alvo. Nesta refilmagem do clássico de Hathaway eles optaram em centrar todas as energias na primeira opção.
Hailee Steinfeld faz a menina Mattie Ross, que quer vingar a morte do pai e para tanto contrata um misto de caçador de recompensas com homem da lei - Jeff Bridges, ébrio, com tapa olho, e enfim juntos partem para uma aventura no prado conhecido/desconhecido repleto de mortes, ciladas, surpresas, reviravoltas.
Matt Damon faz o Texas Ranger nerd que ora se associa, ora se dissocia da dupla acima.
Há tempos a palavra falada não é colocada de forma tão elegante, ferina e inteligente num trabalho cinematográfico. Vale a pena pausar e ler de novo os diálogos cortantes entre Bridges e a menina, a menina e Damon, Damon e Bridges, por aí a fora.
Steinfeld vende por inteiro o estoicismo de um ser de 14 anos em meio às caricaturas apresentadas na triste sina de pagar sangue com sangue e o faroeste dos Coen trafega sem deméritos neste “cinema moderno”, um troço ligeiramente perdido enquanto arte.
O mérito da inteligência que rege a história e suas nuances talvez seja do autor Charles Portis, mas a performance de Bridges tem uma vida própria que se destaca. Diferente do Wil Munny de “Os Imperdoáveis”, um herói sem capa e sem espada que vive da reserva de imagem de um dia ter sido um sanguinário impiedoso, o personagem "Rooster" Cogburn (Bridges) aparenta ter o tempo todo não só a capa e a espada como uma têmpera digna de um mosqueteiro. Nalguns pontos da minha terra, diriam dele: eita, cabra retado.
“Bravura Indômita” (True Grit)
Logo mais vai chegar à sua locadora (já era para ter chegado) esse trabalho bem em ordem dos irmãos Coen, denominado “Bravura Indômita”. Trata-se de uma refilmagem. Isso posto, te digo, quero ver quem se atreve a refilmar “Os Imperdoáveis”.
Se em 1968 todo mundo já murmurava a respeito do fim do gênero “western”, em 69 o diretor Henry Hathaway trouxe a baila o romance do jornalista Charles Portis e John Wayne levou o Oscar na categoria de melhor ator. Nada mal para um gênero fadado aos sete palmos de terra. Vinte anos depois, todo mundo (expressão que indica uma coletividade com pensamentos rarefeitos e repetitivos) pensou a mesma coisa e Kevin Costner brindou as mentes com “Dança com Lobos” e logo após Clint Eastwood escancarou as mentes com “Os Imperdoáveis”. Ora, pois, conclui-se que o western pode estar em qualquer lugar, exceto no cemitério.
Grit = firmeza de caráter, coragem.
Na presente peça, Jeff Bridges é quem tem a verdadeira (true) firmeza de caráter, mesmo que a mesma venha em frascos, e quando a menina Hailee Steinfeld o confronta na saída do tribunal, diz exatamente assim para ele: quero contratá-lo, pois soube que só senhor tem true grit.
Palavra que os irmãos Coen se esmeraram nessa produção, um desses arrojos que andam par e par com a pretensão, mas arte é assim mesmo, “a audácia a fortuna ajuda”. A dupla Joel e Ethan têm uma bússola de estranha mecânica – ou bem acerta na mosca, ou bem joga o dardo a léguas do alvo. Nesta refilmagem do clássico de Hathaway eles optaram em centrar todas as energias na primeira opção.
Hailee Steinfeld faz a menina Mattie Ross, que quer vingar a morte do pai e para tanto contrata um misto de caçador de recompensas com homem da lei - Jeff Bridges, ébrio, com tapa olho, e enfim juntos partem para uma aventura no prado conhecido/desconhecido repleto de mortes, ciladas, surpresas, reviravoltas.
Matt Damon faz o Texas Ranger nerd que ora se associa, ora se dissocia da dupla acima.
Há tempos a palavra falada não é colocada de forma tão elegante, ferina e inteligente num trabalho cinematográfico. Vale a pena pausar e ler de novo os diálogos cortantes entre Bridges e a menina, a menina e Damon, Damon e Bridges, por aí a fora.
Steinfeld vende por inteiro o estoicismo de um ser de 14 anos em meio às caricaturas apresentadas na triste sina de pagar sangue com sangue e o faroeste dos Coen trafega sem deméritos neste “cinema moderno”, um troço ligeiramente perdido enquanto arte.
O mérito da inteligência que rege a história e suas nuances talvez seja do autor Charles Portis, mas a performance de Bridges tem uma vida própria que se destaca. Diferente do Wil Munny de “Os Imperdoáveis”, um herói sem capa e sem espada que vive da reserva de imagem de um dia ter sido um sanguinário impiedoso, o personagem "Rooster" Cogburn (Bridges) aparenta ter o tempo todo não só a capa e a espada como uma têmpera digna de um mosqueteiro. Nalguns pontos da minha terra, diriam dele: eita, cabra retado.