“O Vencedor” (The Fighter)
“O Vencedor” (The Fighter)
The Fighter reserva para você, que tem dois olhos, um nariz e uma boca três lances de sacudir: a hora em que, do nada, fica-se sabendo que aquele documentário da HBO não é sobre a volta de Bale para o ringue e sim um documentário sobre viciados em crack. Depois, do nada, o revés que Wahlberg dá no seu oponente, numa luta em Las Vegas. Terceiro e de novo do nada, quando ele coloca o primogênito no chão.
Bom cinema tem de sacudir.
Christian Bale e Mark Wahlberg são os irmãos Ecklund, nascidos e criados na pequena cidade de Lowell. Bale, o irmão mais velho, fez um make-up as avessas para se transformar no sanguessuga viciado em pasta de brilho branco nesta odisséia familiar manicomial e verídica, ocorrida em meados de 93.
Mark Wahlberg, ao longo da sua carreira, celebrizou o personagem durão que fala grosso e vai às favas, entretanto aqui e até certo ponto ele retrata sem máculas o submisso e co-dependente irmão caçula, mas saibam, com tanta endorfina na parada, até mesmo uma história real mostra que o que antes era cobre pode virar prata.
David Owen Russell (“Três Reis”) dirige e talvez seja dele o mérito de uma atuação tão marcante como a de Bale – atarantado, magro, repetitivo.
Não se deixe levar pelas fotos da caixinha, com um ringue aqui outro ali, pois o verdadeiro boxe de “O Vencedor” acontece mesmo na eterna sina bíblica de parente é serpente e a mesma mão que afaga nocauteia.
A família dos irmãos Bale & Wahlberg tem uma penca de mulheres um tanto deslocadas e uma matriarca bem ao gosto do visual White Trash e todos sobrevivem das surras que Wahlberg leva no ingrato showbizz do boxe.
Em 1978 Bale conseguira o feito nacional de derrubar o lendário campeão Sugar Ray Leonard. A partir de então ele dormiu nos louros com um cachimbo aceso. Interessante como a narrativa mostra a hipnose ininterrupta que a família Ecklund vive (ou chafurda), onde nem mesmo o documentário da HBO consegue demovê-los.
Amy Adams mandou bem no papel de namorada e defensora do caçula explorado, ela também perdeu o bonde, pegou o diploma universitário e o jogou no lixo do boteco, parece que todo mundo em Lowell vive assim, de um trem que passou lá atrás. O único que ainda tem alguma chance, Wahlberg, lutará com unhas e dentes para não desperdiçá-la.
The Fighter vem com a temerária estampa de 7 indicações ao Oscar (sem comentários), o que não impede de, no frigir dos ovos, ser um filme bem acima da média.
“O Vencedor” (The Fighter)
The Fighter reserva para você, que tem dois olhos, um nariz e uma boca três lances de sacudir: a hora em que, do nada, fica-se sabendo que aquele documentário da HBO não é sobre a volta de Bale para o ringue e sim um documentário sobre viciados em crack. Depois, do nada, o revés que Wahlberg dá no seu oponente, numa luta em Las Vegas. Terceiro e de novo do nada, quando ele coloca o primogênito no chão.
Bom cinema tem de sacudir.
Christian Bale e Mark Wahlberg são os irmãos Ecklund, nascidos e criados na pequena cidade de Lowell. Bale, o irmão mais velho, fez um make-up as avessas para se transformar no sanguessuga viciado em pasta de brilho branco nesta odisséia familiar manicomial e verídica, ocorrida em meados de 93.
Mark Wahlberg, ao longo da sua carreira, celebrizou o personagem durão que fala grosso e vai às favas, entretanto aqui e até certo ponto ele retrata sem máculas o submisso e co-dependente irmão caçula, mas saibam, com tanta endorfina na parada, até mesmo uma história real mostra que o que antes era cobre pode virar prata.
David Owen Russell (“Três Reis”) dirige e talvez seja dele o mérito de uma atuação tão marcante como a de Bale – atarantado, magro, repetitivo.
Não se deixe levar pelas fotos da caixinha, com um ringue aqui outro ali, pois o verdadeiro boxe de “O Vencedor” acontece mesmo na eterna sina bíblica de parente é serpente e a mesma mão que afaga nocauteia.
A família dos irmãos Bale & Wahlberg tem uma penca de mulheres um tanto deslocadas e uma matriarca bem ao gosto do visual White Trash e todos sobrevivem das surras que Wahlberg leva no ingrato showbizz do boxe.
Em 1978 Bale conseguira o feito nacional de derrubar o lendário campeão Sugar Ray Leonard. A partir de então ele dormiu nos louros com um cachimbo aceso. Interessante como a narrativa mostra a hipnose ininterrupta que a família Ecklund vive (ou chafurda), onde nem mesmo o documentário da HBO consegue demovê-los.
Amy Adams mandou bem no papel de namorada e defensora do caçula explorado, ela também perdeu o bonde, pegou o diploma universitário e o jogou no lixo do boteco, parece que todo mundo em Lowell vive assim, de um trem que passou lá atrás. O único que ainda tem alguma chance, Wahlberg, lutará com unhas e dentes para não desperdiçá-la.
The Fighter vem com a temerária estampa de 7 indicações ao Oscar (sem comentários), o que não impede de, no frigir dos ovos, ser um filme bem acima da média.