BAARÌA, A PORTA DO VENTO

Há obras cinematográficas que nos servem de elixir à alma e principalmente são de grande estímulo ao pensamento, ao nos movimentar pela história da humanidade até aos nossos mais recentes dias.

E foi assim que senti ao asssitir a grande produção, dizem ser a mais onerosa da história do cinema italiano, dirigida por Giuseppe Tornatore, o mesmo "cineasta-poeta" de Cinema Paradiso.

Não se trata dum dramalhão italiano, muito pelo contrário, é uma autobiografia do seu diretor, extraordinariamente trabalhada ao seu público.

A estória se desenrola na região da Baarìa, nos arredores mais simples e distantes de Palermo, Itália, nos contando em meio ao cenário da segunda grande guerra as atrocidades às quais o país estava submetido bem como a sua difícil transição do Império para a República, marcada por influência da Máfia e pelos pontuais anseios de justiça social pregados pela teoria comunista.

O filme nos mostra a simbólica trajetória dum menino simples, Pepino Tornatore, que nasceu com a poesia e a ciência política no seu DNA. Aliás, é assim com todas as artes, já nascem prontas nas entranhas dos artistas.

Pepino Salvatore era um potencial transformador social, um questionador-sonhador comunista que desde criança acreditava que poderia mudar a triste realidade do seu país, e de fato, quando adulto, segue pelos seus sonhos através da carreira política.

Interessante que o cineasta discute questões políticas relevantes duma forma leve...porém um tanto complexa.

É preciso muita atenção para, como expectador, não se perder pelo filme.

É como se ele se nos jogasse, a todo instante, várias pérolas da História para que tiremos nossas próprias conclusões, o que para alguns , possa até parecer negligência com fatos tão marcantes ocorridos na História da Humanidade.

O enredo começa e termina com uma belíssima metáfora dum Pião, e apenas assistindo ao filme poderemos captá-la na sua essência para introjectá-la devidamente harmonizada à essência e à visão de mundo de cada um de nós. Pura poesia!

Une uma forte e dura mensagem humanística numa leve antítese duma bela e retumbante história de amor.

Quanto aos quesitos artísticos, embora como leiga, achei a obra impecável.

Fotografia, vestuário, filmagem, enredo, formatação de tempo, mensagens, tudo de embevecer o Espírito.

Embora longo, penso que o filme poderia prosseguir no tempo, a sempre nos instigar a esperança por Homens melhores .

Vale conferir.

"Pelas portas dos ventos sempre dissipamos os nossos utópicos sonhos..."

MAVI