Irmãos Coen – 1º filme: Gosto de Sangue

(Blood Simple, 1984)

Ola amigos Recantistas e demais leitores amantes do cinema, estou iniciando com esta resenha/crônica, uma maratona apreciativa dos filmes de Joel e Ethan Coen, ou mais popularmente conhecidos como os Irmãos Coen. Assim ao longo das seguintes resenhas, vamos desvendando um pouco sobre eles e sobre seus filmes, todos os filmes, isso mesmo, eu irei falar de cada filme, para tanto estarei vendo os filmes pela ordem que foram lançados, alguns revendo, e outros pela primeira vez.

Então para iniciar, vamos para 1984, ano de grandes filmes de terror, numa época marcada pelos filmes de grandes monstros do gênero, como Jason, Freddy, Michael Myers, entres outros, talvez seja por isso que Gosto de Sangue (Blood Simple) tenha ficado no esquecimento, filme inteligente com um texto incrível, e uma direção (mesmo que de iniciantes) firme, criativa e ousada. Provavelmente por serem ousados para sua época, é que o filme não foi bem aceito do grande publico.

Gosto de Sangue, conta as historia de Abby, mulher que vive uma paixão escondida pelo funcionário de um bar, cujo dono é o próprio marido. Este por sua vez desconfia que ela o esteja traindo, e ao contratar um detetive particular, confirma suas suspeitas e para sua maior decepção, é justamente com seu melhor funcionário e amigo. Depois sem saber como lidar com sua nova condição (traído/corno) decide mandar matá-los pelo mesmo detetive, e então a história toma outro rumo, e tudo vira uma coisa meio que shakespeariana, em que os acontecimentos não dependem apenas das ações humanas, mas também do fator surpresa, e assim os contratempos e as reviravoltas se fazem presentes, o que posso dizer ser realmente o que faz o filme seguir em frente.

Como falei acima, o texto é incrível, e para mim, é o grande atrativo, desde a primeira tomada, até o final, notamos uma grande obra, como gosto de ler romances policiais e de suspense e até mesmo obras literárias, em alguns instantes me parece que estou lendo, pois não só o diálogo é rico em originalidade, como tem frases polidas e trabalhadas, não conversas soltas, sem sentido, ou mesmo só por estarem lá, todos os diálogos, e a narrativa/visual, os detalhes da fotografia, o ambiente, tudo é mostrado no ritmo de uma descrição narrada por uma obra em terceira pessoa, tudo está lá por um motivo, e tudo é mostrado com propósito, mesmo que este propósito não seja realizado no filme, mesmo que ele não seja revelado, mas sabemos que tem, mas como já falei antes o inesperado, os contratempos trabalham para nos pregar peças, e dessa forma se mostrar original e independente de idéias. Não pense em nenhum momento, “isso vai acontecer assim, por causa disso” não amigos, os personagens bem criados e profundos, tem o que “Shrek” (o ogro) chama de CAMADAS. Quando pensamos que uma personagem já estar definida com suas características, aparece o fator HUMANO, sempre nos surpreendendo. Quando falo do fator humano, falo do psicológico que interfere nas ações dos personagens.

É um suspense com cara de drama psicológico, um filme que sabe nos prender em frente a TV, sem ser extravagante com efeitos especiais, ou grandes astros, estrelas maravilhosas. Realmente no inicio não simpatizei com a cara do elenco, mesmo conhecendo a atriz Frances McDoemand (Abby) de outro trabalho deles, Fargo, que irei falar em outro momento. Ela me pareceu fraca, a principio não sei se pela falta de experiência ou pelo fato da personagem ser assim meio que passiva, contudo no decorrer do filme notamos uma grande responsabilidade dada a ela, pois a personagem cresce e se torna nossa heroína, deixando de lado os homens que com suas inseguranças, digo dos personagens, só se metem em confusões e planos inacabados, lembrem-se dos planos inacabados, pois irei retomar mais a frente, sendo uma característica dos Irmãos Coen que podemos conferir em alguns filmes deles.

Blood Simple, para ser um trabalho inicial, não deve em nada, é tanto que até mesmo as cenas que não há diálogos, conseguem nos prender, ao ponto de ficarmos tensos, há uma cena em especial que eu e meu amigo Master, estávamos comentando, em que um dos personagens tenta enterrar outro, ainda vivo, e nossa os dois não falam, mas as ações, os planos de câmera, o tempo decorrido, e a expectativa do que vai acontecer, sabendo que são personagens importantes para a história, é de tirar o fôlego, só para comprovar o quanto eles são bons no que fazem. Mas ainda é cedo para avaliarmos e chegarmos a uma conclusão. Vamos ver os filmes seguintes.

Assim, depois de conferir Gosto de Sangue, posso dizer que é uma experiência maravilhosa e no final não ficará aquela sensação de tempo perdido.

Agora vou (re)ver Arizona Nunca Mais, e depois estarei postando minhas impressões. A todos um ótimo filme.

Blood Simple, 1984

Direção: Joel Coen

Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen

Gênero: Drama/Suspense

Origem: Estados Unidos

Duração: 99 minutos

>>>Texto original com fotos em www.evandrosal.com<<<