Dirigindo no Escuro (Hollywood Ending, 2002, Woody Allen)
Dirigindo no Escuro – é fato que qualquer sou um fã incondicional de Woody Allen e por isso meio suspeito para falar de suas obras. Mas como aspirante a crítico e possuidor de bom senso vou tentar falar desse seu penúltimo filme.
Vou me abster de comentar a sinopse do filme, pois esta pode ser encontrada em qualquer jornal circulante. É notável a qualidade de qualquer filme que Allen faça. Mesmo sendo abaixo e muito abaixo da qualidade antes já atingida. Mesmo assim Dirigindo no Escuro é um filme engraçado. Ele faz rir. Tem bons atores. Todos com sua parcela de qualidade. O roteiro, visivelmente é baseado na vida do próprio cineasta. E a direção é boa. Por que então esse filme não foi adorado?
Woody tem lá seus fãs, que com certeza verão todos os seus filmes. Mas aí é que está o problema. Woody não vem conseguindo arrastar mais fãs. Ele é o típico “novayorquino” e tem lá seus problemas pessoais. Ele é uma pessoa como outra qualquer. Mas é notável sua queda pelo sarcasmo, pelo cinismo e pelo humor rápido. Os seus diálogos são frenéticos. Woody em cena, seja qual for o seu personagem, não para de falar um minuto. Ele é agitado, se movimenta muito, tem tiques e sempre acaba com a mocinha no final das contas.
Digamos que isso não seja muito usual atualmente. Mocinhas ficando com o rapaz feio e nervoso no final? Não que seja isso que estaria atrapalhando Woody em sua carreira. Vemos que depois que ele assinou com as grandes produtoras ele vem conseguindo manter a qualidade razoável de seus filmes. Mas nunca, em um filme de uma grande distribuidora ele conseguiu fazer o máximo que pode. Por que será?
Woody Allen é um gênio e esse filme mostra como ele dirige com maestria um grupo de atores. Todos agem naturalmente como se fossem na vida real aqueles seus personagens. O que é uma coisa bacana já que o filme é um “retrato” da realidade moldado pelos diálogos picantes de Allen.
Se você gosta dele você vai gostar desse filme tanto quanto gostou de O Escorpião de Jade e Trapaceiros. Se você não gosta, acho que vai continuar não gostando. E se você nunca viu nada do nosso querido diretor, vá ver esse filme sabendo que está a encarar um filme acima da média, mas que poderia ser infinitamente melhor como algumas de suas obras primas.