Acorda, Raimundo... Acorda !!!


          O controverso - não por sua importância - 08 de março, Dia Internacional da Mulher caiu em pleno carnaval e não fomos lembradas com o destaque que merecemos por órgãos oficiais e menos ainda pela grande mídia,  afinal no carnaval as musas desnudas, popozudas, “cachorras” e afins ocupavam o imaginário masculino com muito mais destaque.Quem afinal se lembraria dessas “assexuadas” que carregam bandeiras, que marcham e gritam contra a violência e a opressão?
      Digo controverso porque ainda se lê e se ouve por aí afirmações equivocadas sobre a importância histórica da data e confusões conceituais mesmo pois muitas de nós ainda se esmeram em afirmar que são “femininas” não “feministas” como se uma questão excluísse a outra.
     Para além de qualquer discurso sexista ( não tenho nenhuma dúvida da minha feminilidade ) quero deixar bem claro que ser feminista, em minha opinião, é ter posicionamento contra toda forma de opressão, violência e preconceito contra as mulheres, mas também é estar atenta a qualquer forma de opressão, violência e preconceito ao Ser Humano, qualquer ameaça a sua dignidade, direito de se expressar e ser como é.
      Mas ao longo do mês, varias entidades tentam superar essa lacuna com atividades voltadas para o universo feminino e quero sugerir aos educadores e a qualquer pessoa que tenha interesse pela discussão do tema das relações de gênero no Brasil o filme Acorda, Raimundo... Acorda!!!  como um material didático estratégico, para provocar o debate e o aprofundar as reflexões acerca da questão, pois é com seriedade que aborda as relações de gênero na sociedade.
        “E se as mulheres saíssem para o trabalho enquanto os homens cuidassem dos seus afazeres domésticos? Essa é a estória de Marta e Raimundo, uma família operária, seus conflitos, a violência familiar e o machismo, vividos num mundo onde tudo acontece ao contrário.”
       No release-chamada do Ibase o resumo da história de milhares de Martas e Raimundos nesse mundo afora.Mas será que “imaginar” é o suficiente?
        Vejamos. Se o homem se “visse” na condição de mulher, cozinhando, lavando,  passando, costurando, cuidando dos filhos, enquanto a mulher trabalhasse  fora, enchesse a cara no boteco, chegasse em casa xingando-a, reclamando do seu desmazê-lo e ainda lhe desse uns tapas de brinde, será que  o tratamento a ela dispensado, mudaria?
       Quem acompanha a mídia dos jornais e TVs do país sempre soube e sabe das notícias de extrema violência contra a mulher. A lei Maria da Penha se não diminuiu consideravelmente os casos, encorajou muitas mulheres a denunciar, a não mais se calar diante da violência explicita ou simbólica.
        Como educadora tenho consciência que somos uma categoria majoritariamente feminina. E o que estamos fazendo para educar meninos e meninas com outro tipo de mentalidade? Como educamos nossos filhos? Pois é... Militante feminista ou não, como educadora, mãe e mulher sei do meu dever como pessoa humana em defesa da vida.

Sinopse

Acorda, Raimundo... Acorda!!!  É um curta (1990; 16 min.), com roteiro e direção de Alfredo Alves que aborda que as relações de gênero no Brasil. Paulo Betti é um dono de casa, grávido, que vive oprimido por sua mulher (Eliane Giardini). Ela trabalha fora enquanto ele toma conta das crianças e da casa. Numa situação inversa, reproduz a relação machista comum entre as famílias de trabalhadores brasileiros. Baseando-se na rádionovela de José Ignácio Lopez Vigil, o vídeo mostra a mulher chegando em casa tarde, depois de tomar umas cervejas com amigas de trabalho. Enfatiza a dificuldade do dono de casa para conseguir com a mulher uns trocados para o mercado e para as necessidades das crianças. Com a participação de José Mayer (outro dono de casa) e de Zezé Motta (outra trabalhadora), o filme apresenta a realidade cotidiana de forma invertida entre os sexos. Para os homens, essa situação é apresentada como um verdadeiro pesadelo. Um pesadelo do qual homens e mulheres devem acordar. (grifo meu!)

http://www.piratininga.org.br/

Lei Maria da Penha

Publicada em sete de agosto de 2006 e em vigor desde setembro daquele ano, a Lei Maria da Penha criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. A Lei estabelece que o juiz pode conceder, no prazo de 48 horas, medidas protetivas de urgência, como a suspensão do porte de armas do agressor, o afastamento do agressor do lar e o distanciamento da vítima, entre outras.
A lei estabelece ainda as diversas formas da violência doméstica contra a mulher, como as agressões físicas, psicológicas, sexuais, patrimoniais e morais. A Lei também inovou ao definir que a violência doméstica contra a mulher independe de sua orientação sexual.
http://www.contee.org.br