Carregadoras de Sonhos

Imagem:sintese.org.br
 
               Normalmente, o que, na maioria das vezes,  "puxa" plateia para o cinema são as megas produções hollyoodianas, que investem maciçamente na grande mídia. E se você só se interessa por elas, esse documentário produzido para mostrar uma realidade nua e crua da educação nas escolas brasileiras, certamente não vai lhe interessar, mas se quiser ver e ouvir histórias humanas que se confundem com tantas que a gente vê e ouve  por aí,vai ficar emocionado/a e feliz como eu fiquei.
             O filme é  muito emocionante! Enquanto ouvia e via as vidas das professoras Marta, Maraísa, Rose e Edielma revi e revivi muitas histórias de vidas que conheci e conheço mundo afora, a começar por minha mãe, professorinha de escola da roça, lutando bravamente contra a ignorância e a miséria naquele lugar, com seus alunos de todas as idades.
            Revi minhas professoras da escola rural multisseriada, cujos sonhos eram apenas de fazer com que seus alunos lessem e escrevessem para fugir da enxada, da fome e da falta de perspectiva que sobrava naquele lugar.
            Revi muitas educadoras e educadores das minhas turmas de formação por vários municípios alagoanos descrevendo as condições precárias de suas salas de aula, as jornadas exaustivas, o sacrifício para cursar uma faculdade.
           Revi a histórias de bravas mulheres que fizeram e fazem opção por serem profissionais da educação, que acreditam no que fazem e se empenham para fazer um bom trabalho, apesar de tantas adversidades.
           Revi uma colega,  professora da roça, quarenta anos com aparência de mais de cinquenta, em um dos meus cursos: “Professora Edna, desculpe se eu cochilar na hora que a senhora estiver ‘explicando o assunto’. É que estou acordada desde as quatro da manhã... fiz almoço, lavei roupa e arrumei a casa pra pegar o carro da usina ás seis...”
          Revi a mim mesma, menina da roça caminhando para a escola,  com a cabecinha cheia de sonhos, a maioria deles pescados dos livros da estante da pobre escola , minha primeira "porta da esperança".
          Professoras Carregadoras de Sonhos. De sonhos das crianças e dos jovens, por infância, por oportunidades, por uma vida melhor e mais digna. De sonhos por seus estudantes de todas as idades, gêneros, raças e credos. De sonhos por uma escola com condições de trabalho, com salários decentes. De sonhos delas próprias por reconhecimento, respeito, dignidade, justiça.
          Sempre que tenho oportunidade homenageio a todas no exemplo das professoras, carregadoras de sonhos de cada estudante, de cada criança, jovem ou adulto que frequenta as escolas públicas desse país.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FbxJaLP3TDQ

Destaco aqui esse post que é mais que uma SINOPSE
 
01/03/2010 - Carregadoras de Sonhos: filme aborda drama de professoras em Sergipe


O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Sergipe (Sintese) passa, este ano, a enveredar pelos caminhos da sétima arte. No próximo dia 8, Dia Internacional da Mulher, a entidade lança oficialmente o filme “Carregadoras de Sonhos”. O evento acontecerá no Teatro Tobias Barreto, em Aracaju, com um públicado esperado pelos organizadores de cerca de 1,5 mil pessoas. O filme, que será legendado também em inglês, francês e espanhol, deve participar de cerca de 60 festivais e mostras de cinema que ocorrem anualmente no Brasil e no mundo.
Carregadoras de Sonhos é um filme longa-metragem que mistura realismo e poesia e tem como tema principal a educação. O filme mostra um dia de trabalho de quatro profissionais do magistério e, além de abordar aspectos estruturais relacionados à educação, também apresenta uma análise do sistema educacional feita pelas próprias professoras.

Ao contrário do que se espera de um documentário, o filme Carregadoras de Sonhos não tem a entrevista como elemento principal de sua narrativa. O filme mostra as professoras em ação, o roteiro foi construído com base em estruturas usadas pela ficção e a produção do filme utilizou os mesmos procedimentos empregados na arte do Cinema.

O Filme e as estratégias de criação


Para a produção do filme, o Sintese contratou uma das maiores produtoras de vídeo do Norte-Nordeste, a WG Produções, que, inclusive, é genuinamente sergipana. A equipe de filmagem é composta por nove técnicos, entre eles um diretor, um assistente de direção, um diretor e um assistente de fotografia, um produtor, um eletricista, um fotógrafo e um motorista. O grupo percorreu o interior sergipano durante quinze dias para registrar a rotina de quatro professoras que se mostraram como mulheres guerreiras em busca da realização de um sonho que não é só delas, mas da sociedade, um sonho de  Educação Pública de qualidade social.

Como nasceu a proposta do filme

Em novembro de 2008, o Sintese, durante o seu XII Congresso Estadual dos Trabalhadores em Educação, realizou uma pesquisa qualitativa para traçar um perfil das condições de trabalho dos professores no Estado. A pesquisa foi dividida em etapas de aplicação de questionário e entrevista com os professores nas escolas, e abordou aspectos como alimentação dos professores, transporte, saúde, família, quantidade de vínculos empregatícios, carga horária, condições físicas, didáticas e pedagógicas das escolas e perfil dos alunos.
Os dados colhidos na pesquisa mostraram ao SINTESE a necessidade de mostrar ao povo sergipano, ao Brasil e ao mundo, o trabalho dessas profissionais do magistério que representam uma categoria de atores sociais muito maior, e mostrar também o trabalho dessas servidoras públicas num momento em que o próprio serviço público é bombardeado com críticas negativas.

Transporte

Esta é, sem margem de dúvida, uma das principais queixas dos professores. A maioria deles não trabalha na mesma cidade onde mora. Os tipos de transportes mais usados são pau-de-arara, motocicleta, táxi, vans, ônibus coletivo e caronas, além dos que chegam a percorrer 20km a pé para poder chegar à sala de aula, todos os dias.
Muitos professores nem mesmo podem voltar para casa no final da jornada. Como é o caso da professora Marta que percorre 800km por semana em cima de uma motocicleta, passando por riachos e estradas em péssimas condições de tráfego. Por causa da distância, a professora Marta só retorna para sua casa na sexta-feira à noite.

Alimentação

A pesquisa identificou que os professores não têm tempo de fazer as refeições nos horários corretos e que boa parte deles sequer faz as refeições, passando o dia à base de lanches, frutas e biscoitos. Outra parte foi classificada como professores bóias-frias. São os que saem muito cedo de casa e só retornam no final do dia, por isso levam suas marmitas para comer na escola. Sem condições de aquecimento o alimento é consumido frio.

Condições físicas, didáticas e pedagógicas das escolas

A rotina dos professores começa cedo. Muitos já estão em pé às 5h, e até chegar à escola enfrentam uma verdadeira jornada. Chegar à sala de aula já pode ser encarado como uma vitória, mas ainda há outras batalhas. A quase total falta de estrutura das escolas é uma delas.

Ficha Técnica



 
Título original: Carregadoras de Sonhos
Ano de produção: 2009/2010
Gênero: Documentário
Duração: 65 min
Direção, roteiro e montagem: Deivison Fiuza
Produção: Sindicato dos Professores de Sergipe (SINTESE)
Co-produção: WG Produções
 
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