Lobo (Wolf)

"Homo homini lupus" ou "O homem é o lobo do próprio homem".

A frase de Tomaz Hobbes é um resumo perfeito da idéia transmitida pelo filme em questão.

Jack Nicholson interpreta Will Randall, editor chefe de uma editora que está prestes a ser adquirida pelo bilionário Raymond Alden (Christopher Plummer).

Logo no começo do filme ele atropela um "lobo" (numa região do país onde não deveriam haver lobos) e é mordido por ele ao tentar retirá-lo da estrada.

Para o azar de Will, Alden (o bilionário) possui uma visão diferente da sua para os rumos da editora e acaba o rebaixando de cargo, substituindo-o pelo gerente de marketing (que por ironia do destino era seu protegido, que além de ganhar o cargo traiçoeiramente ainda tem a cara-de-pau de manter um caso com sua esposa). Isso ocorre durante uma festa na mansão Alden, onde após un incidente com um cavalo Will acaba conhecendo Laura, a filha problemática de Raymond vivida por Michelle Pfeiffer.

Ao longo dessas cacetadas do destino a tal mordida do começo do filme começa a "fazer efeito".

Will primeiro muda fisicamente. Passa a ouvir, enxergar e farejar melhor tudo ao seu redor.

Sua postura arcada de homem de meia-idade com a corda no pescoço e entre a cruz e a espada vai aos poucos dando lugar a uma mais agressiva, seu olhar e suas atitudes diante do mundo que o rodeia aos poucos vão se transformando.

É nessa fase intermediária entre homem e fera que ele descobre o adultério. Ao cheirar as roupas da esposa acaba sentindo o cheiro de seu ex protegido e gerente de marketing da editora Stewart Swinton (James Spader, no papel de um filho-da-puta com carinha de santo dos melhores já vistos no cinema). Pega os dois no flagra no apartamento de Stewart e acaba, por reflexo, lhe dando uma mordida.

Quando todos pensam que ele está acabado por ter sido substituído na editora, Will dá a volta por cima contando com a ajuda de seu assistente Roy e sua secretária Mary. Por baixo do pano eles conseguem convencer todos os principais escritores da editora a pularem fora do barco devido aos novos rumos da empresa para montar uma nova e muito mais poderosa e conceituada editora.

A jogada dá tão certa que Will é reconvocado as pressas, garante seu antigo emprego de volta (com mais poderes criativos sobre suas publicações e bem melhor remunerado).

Sua primeira atitude como "macho alpha" é demitir Stewart Swinton, que ao implorar para continuar mais um tempo na editora (para não ter sua carreira arruinada) acaba ganhando uma mijada em seus preciosos sapatos de camurça, numa pura demonstração de demarcação de território de Will, que a essa altura já consegiu se livrar da esposa infiel e conquistou o coração de pedra de Laura Alden.

A essa altura do campeonato o Lobo dentro de Will começa a ganhar mais espaço. Durante crises de sonambulismo ele sai para passeios noturnos no campo e na cidade, se alimenta de cervos, visita o zoológico para dar uma espiada em outras bestas enjauladas e dilacera uma trio de assaltantes num parque no meio da cidade, cena onde Jack Nicholson nos brinda com uma das suas caras e falas mais sarcásticas de todo o filme (confesso que já a assisti trocentas vezes no DVD).

Quando a ex esposa de Will é encontrada morta com a garganta dilacerada após ter sido vista com ele na noite anterior, Laura o convence a ir para a mansão dos Alden se refugiar. E é na mansão que ocorre o sangrento desfecho do filme (que eu obviamente não vou contar aqui).

Lobo é um filme que se desenvolve lentamente e tudo funciona perfeitamente desde a abertura com o W de wolf se fechando como uma mandíbula até música do mais que consagrado Ennio Morricone (um tanto quanto repetitiva em alguns momentos, mas mesmo assim ótima) e a maquiagem discreta e extremamente eficiente do mestre Rick Baker.

Quem não tem a menor idéia de quem seja o mestre Rick Baker saiba que ele tem nada mais, nada menos do que seis Oscar por Efeitos de Maquiagem em sua estante, mais uma porrada de indicações na mesma categoria. Trocando em miúdos: O cara manja!

Quem puder não perca esse filme!

Betaldi
Enviado por Betaldi em 27/01/2011
Código do texto: T2756056
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.