Do Que as Mulheres Gostam
A diretora, roteirista e escritora norte americana Nancy Meyeres, que assina a comédia, é também autora dentre outros do roteiro de O Pai Da Noiva, 1995, Operação Cupido, 2003. Além de Mel Gibson outro grande astro de Hollyood que ela teve a chance de dirigir recentemente é Jack Nicholson, em Alguém Tem Que Ceder, 2004. Iniciou sua carreira em 1980, com Recruta Benjamin.
Segundo ela, em entrevista à crítica especializada norte americana, Do Que as Mulheres Gostam é um “ filme é sobre uma condição cada vez mais comum entre mulheres bem-sucedidas e independentes - a solidão”.
Valendo-se de um enredo inspirado em uma velha fórmula de sucesso em Hollyood, um acidente que transforma a personalidade ou dá estranhos poderes à “vítima”, que deram certo em O Incrível Hulk, O Homem Aranha e até em Pato Donald um clássico de Walt Disney quando um vaso lhe cai à cabeça e ele começa a cantar com uma voz sedutora, bem diferente de seu fanho e quase incompreensível grunhido, ela desenvolve na cidade de Nova York uma história cômica, que apesar de ser um tanto água com açúcar e não apresentar nenhuma novidade, nem explicar do que nós gostamos, me agradou e fez rir. Talvez, quem sabe, ela tenha apresentado sem querer ao público feminino, uma coisa que realmente ele gosta de ver: os olhos azuis de Mel.
Concordo com Nancy quando ela fala da solidão, porém acho que neste caso não é um mal apenas das mulheres e sim de todos que seguem uma carreira de sucesso e fazem dela o seu principal motivo de vida. Estão aí para provar os mais que constantes rompimentos de relacionamentos de astros da TV e dos esportes, que não conseguem segurar por muito tempo seus casamentos. Se existissem bodas de papel eu acho que nem essas eles conseguiriam realizar, tão rápido passam pelas relações. Acho que nem de papel de pão, para não citar outros de menor cartaz.
Gostei da comédia, apesar de ter esperado que questões mais importantes do universo feminino fossem abordadas. Tudo bem, esta não era a proposta, mas, vem aí Alguém Tem Que Ceder e vamos ver se desta vez a idéia de trabalhar “levantando questões comuns as mulheres que procuram o homem certo para se relacionarem” traz alguma novidade para nós.
Quanto à questão abordada como eixo no filme: o mercado consumidor e a participação das mulheres, no meu entender foi bem explorado. É certo que cada vez mais a mulher está presente no centro das decisões executivas. A participação delas no mercado não pode mais ser ignorada, sob o preço de se ficar para traz. Cada vez mais os produtos são direcionados a elas e os resultados têm provado o acerto destas decisões.
O sociólogo italiano Domenico De Masi em O Ócio Criativo, diz que este sucesso das mulheres se deve ao fato histórico de que durante séculos elas aprenderam na prática sem precisar ir a uma universidade, economia, planejamento, criatividade e principalmente, segundo ele, um dos valores fundamentais de hoje no mundo dos negócios, a estética. Tudo isso dentro de casa. Estes valores e conceitos foram passados de geração em geração.
Diz De Masi que a estética aliada à criatividade é o grande diferencial numa sociedade em que a tecnologia quase que não tem mais para onde evoluir e estes o domínio destes valores, serão cada vez mais evidentes e importantes para a ocupação de postos importantes nas grandes empresas, para qualquer sexo. Ele cita como exemplo os relógios, mostrando que realmente o do camelô, o barato, para o uso diário tem a mesma precisão que o de marca. O diferencial para a venda é o design, logo a estética, que evolui com a criatividade. Neste caso, como em outros, a tecnologia fica em segundo, plano. Acho que este é o caminho para o marketing do 3º milênio.
A participação das mulheres, porém, em setores tradicionalmente masculinos tem também seu preço. No geral elas vieram conquistando direitos sociais e também adotando atitudes e hábitos antes só masculinos como trabalhar, estudar, votar, mas também beber, fumar, perder noites, porém sem se livrar dos seus afazeres de sempre. Isto lhes acarretou uma sobrecarga de obrigações e hoje também é comum encontramos mulheres sofrendo de hipertensão arterial, stress, doenças cardíacas, dentre outras, que vem aumentando consideravelmente o número de viúvos na nossa sociedade.
Voltando ao filme, o ponto fundamental no seu enredo foi a proposta de transformar o funcionamento da empresa, pois a mesma não tinha uma visão intuitiva e atualizada das mudanças das preferência dos consumidores. O seu dono consegue identificar esta necessidade de mudança, e então vem a contratação de Darcy. Para isso ele usa o melhor instrumento de avaliação que é a pesquisa de mercado segmentada que possibilita identificar as necessidades das pessoas em relação aos pontos fortes e fracos do produto dos seus clientes. É necessário conhecer bem o produto e o público alvo para poder trabalhar com estas particularidades.
Este conhecimento é fundamental. Cabe a empresa analisar as necessidades do mercado referente a crenças, valores, normas e costumes sociais, relativo ao segmento de mercado com o qual ela interage. Apesar de serem profissionais talentosos, as pessoas que trabalhavam na agência estavam acomodadas com antigos sucessos que já não davam mais certo no atual mercado, visualizado através da queda de posição da empresa no ranking dos maiores faturamentos do mercado. Graças a intervenção do “criativo”, Nick peças publicitárias criativas e baseadas nas necessidades do consumidor que identificavam o público alvo com o produto, seduziram um grande cliente que vem colocar outra vez a agência em evidência no mercado.
REFERÊNCIAS
Comédia de Nancy Meyers terá um elenco de peso. Disponível em: < www. webcine.com.br >. Acesso em: 07 de novembro de 2004.
Curiosidades. Disponível em: < www.simplealanis.pop.com.br >. Acesso em: 07 de novembro de 2004.
DE MASI, Domenico. O Ócio Criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
Lazer, Cultura e Entretenimento. Disponível em: <www.video21.com.br>. Acesso em 07 de novembro de 2004.