Adam — Memórias de uma guerra (Adam Resurrected)
O que dizer de Adam Resurrected? Sei que alguns vão discordar solenemente, a maioria vai achar baboseira, mas o filme é: previsível. Ok, não estou dizendo que é uma porcaria, nem que não tem seus momentos, mas que tem um grau de previsibilidade bastante acentuado. Tudo bem, você não sabia que ia terminar daquele jeito, achou que o fim mais provável fosse outro, talvez por um instante, mas e daí? No máximo duas possibilidades vão rondar sua cabecinha durante toda a experiência cinematográfica de Paul Schrader.
Tudo bem, agora vamos falar do drama. Tem uma força dramática inegável, principalmente na parte do campo, né? As memórias. Grande impacto, principalmente na figura de Jeff Goldblum, que não tem muitos momentos daquele no imaginário do povo brasileiro. Pelo contrário, é uma tor que tem caras muito próprias ao longo de suas aparições. Consigo imaginar Goldblum em três grandes momentos na minha cabeça: a Mosca, o cara em Jurassic Park e, agora, em Adam, onde se mostra multifacetado.
O elenco que apóia essa jornada romântica com o louco Adam Stein, tanto pra frente, quanto pra trás, indo do presente do ato aos fatos da memória e voltando, dá um suporte, no mínimo, convincente. A atuação de Ayelet Zurer não é brilhante, mas não fica aquém do tradicional. É aquela coisa, "ah, tá, ok...".
A trilha sonora é bonita? Sim. Ela vai fazer você se lembrar do filme por ela? Nope. Não vai rolar. Ela não é tão marcante assim. Neste momento, por exemplo, acho que nada me vem à cabeça quando penso na trilha sonora de Adam, mas isso é um defeito meu, também, admito. Portanto, sinta-se livre para dizer que a trilha sonora é incrível e que eu não sei do que falo. A verdade é que não lembro, mesmo.
As imagens, estas posso dizer com propriedade, tem seus highlights nos fatos dramáticos, mas não surpreendem por sua qualidade particular, aquele enquadramento inesquecível. Não. É desagradável? Você odiaria a fotografia do filme? Claro que não. Não é isso que quero dizer. O que estou dizendo é que fica no médio. Mal não faz.
Enfim, é um filme que tem a fórmula pra estar um pouco acima dos filmes que se tem como pop. Esse vai pra prateleira cult da galerinha. É aquele que o diretor sabe que vai ocupar esse espaço, porque fala de nazismo, porque é um drama com fatos cruéis e, principalmente, humilhantes do passado da protagonista. Que por sua vez, no presente, goza da característica de ser um gênio, de ter uma forte sensualidade e libido, e que realiza o milagre que os cientistas que cuidavam dele não puderam fazer. E não é a estória que condeno, porque a matéria particular ao cinema não é a estória, é o como fazê-la viva aos olhos e ouvidos. O que eu condeno em Adam é como algo que poderia suscitar um furacão de ideias e grandes representações pode se transformar num água com açúcar de momentos dramáticos citáveis em conversa de shopping.