Tropa de Elite 2 - Resenha por Giselle Sato





Desta vez deixei para assistir após o frenesi da estréia, tamanha eram as filas apesar de estar em cartaz em vários cinemas. O público tem uma identificação que superou as expectativas e falta muito pouco para Tropa de Elite 2 tornar-se o filme mais visto na historia do cinema nacional. Estou torcendo pelo capitão Nascimento, que agora é coronel e sente nos ombros o peso da patente.

Como sempre li o livro primeiro, escrito por André Batista, Rodrigo Pimentel, Luís Eduardo Soares e Cláudio Ferraz. Cláudio é o único que não fez parte do primeiro volume, Elite da Tropa 1. Excelente a dinâmica do texto e os autores conseguiram uma continuação tão boa ou melhor que o volume I. Não existe mais esperanças e sonhos, desta vez a realidade é dura e machuca sem piedade. Transportar este  tema  forte e atual,  que estamos vivendo para a  telona é complicado. No cinema a coisa muda de figura, junta-se ao  imaginário as imagens que  irão conduzir com sucesso ou não toda a obra. 

 Para segurar uma, história como esta tem que ter o talento de Wagner Moura e de toda a equipe: atores, produção, roteiro . direção, fotografia, maquiagem, enfim... o filme é melhor que muita coisa importada que recebemos com maior alvoroço e não acrescenta em nada. Tropa de Elite 2 merece ser visto e revisto.

José Padilha trabalhou o roteiro com intimidade e ousadia, está tudo lá: milícia, drogas, direitos humanos, subornos, mídia corrupta, policiais que são piores que bandidos e outros que daríamos tudo ter ao nosso lado. 
Pela primeira vez  apresentam a atuação do governo e estado, da secretaria de segurança pública, Bope e da polícia  compondo  uma poderosa  rede, que deveria se interligar por um ideal comum, mas não é bem assim que acontece.
Como se tudo não passasse de um  jogo onde cada um quer ganhar a partida ao seu modo, sobram mortos e feridos. O que nos leva a pensar em nosso próprio papel, o emaranhado é tão gigantesco e poderoso que o povo é o que menos importa. E os questionamentos realidade x ficção não param por aí, há personagens que criam empatia imediata. Todos temos um pouco do coronel Nascimento oculto dentro de nós, louco para libertar ''os  sapos'' engolidos a vida inteira.

O ''nosso'' brasileiro, não tem FBI mas tem BOPE, e este muitos já viram passar nas ruas da cidade, acompanhamos a ação pelos jornais e estão integrados à nossa realidade. Não adianta apontar o dedo contra a violência que o filme apresenta, é aquilo mesmo que acontece no dia a dia em que sobrevivemos aos arrastões, assaltos e sequestros.
Difícil é segurar o coração quando identificamos nos personagens, pessoas reais em que  bastaria trocar os nomes para termos uma lista interminável de ''coincidências''. Inseridos na  trama eles passeiam,  mostrando o retrato cruel da sociedade atual.


Tropa de Elite mexe com a consciência política de cada espectador, provoca reações e coloca o povo para pensar e repensar. Talvez por isto em algumas sessões receba aplausos, merecidos e espontâneas reações que soam como um verdadeiro expurgo. A cena preferida é quando ele discursa na câmara dos deputados. E quando termina a apresentação, ninguém sai imune ao que acabou de assistir. O cinema emocionando as massas, alcançando milhões de pessoas em todo país e quem sabe o mundo, enche de vaidade nossos corações.

Mostrando que é possível sugerir verdades usando a ficção, abrindo velhas feridas expondo nossos medos, inseguranças e sujeiras. Principalmente apontando os supostos defensores, que deveriam nos proteger. Os nomes mudam mas não os arquétipos. Saí com a alma lavada e muito orgulhosa  do filme, finalmente a arte nacional está brigando por espaço, ainda que leve muito tempo para que recebam o apoio e reconhecimento merecido.





ELENCO:

Wagner Moura, Irandhir Santos, André Ramiro, Pedro Van Held, Maria Ribeiro, Sandro Rocha, Milhem Cortaz, Tainá Müller, Seu Jorge, André Mattos, Fabrício Boliveira, Emílio, Orcillo Netto, Jovem Cerebral, Bruno D´Elia.





FICHA TÉCNICA:

Direção: José Padilha
Roteiro: José Padilha e Bráulio Mantovani
Argumento: José Padilha, Bráulio Mantovani e Rodrigo Pimentel
Produção: José Padilha e Marcos Prado
Produção Executiva: James D’Arcy e Leonardo Edde
Direção de Produção: Katiuscha Melo e Edu Pacheco
Preparação de Elenco: Fátima Toledo
Direção de Fotografia e Câmera: Lula Carvalho
Direção de Arte: Tiago Marques Teixeira
Figurino: Claudia Kopke
Maquiagem: Martin Macías Trujillo
Efeitos Especiais: Bruno Van Zeebroeck, Keith Woulard, Rene Diamante e William Boggs
Som direto: Leandro Lima
Montagem: Daniel Rezende
Edição de som: Alessandro Laroca
Mixagem: Armando Torres Jr.
Trilha sonora: Pedro Bromfman
Empresa produtora: Zazen Produções Audiovisuais LTDA
Coprodutores: Wagner Moura e Bráulio Mantovani
Coprodução: Globo Filmes, Feijão Filmes e RioFilme
Patrocínio: Claro, Net, CSN, Brahma, Riachuelo, Samsung, Unimed, Cinpal, Hotéis
Marina, Rede D´OR e Governo do Estado do RJ
Apoio: ANCINE, Prefeitura do RJ, Pólo Cinematográfico de Paulínia e Telecine
Assessoria de Imprensa e Redes Sociais: Belém Com

Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 02/12/2010
Reeditado em 07/12/2010
Código do texto: T2649392
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.