Fim dos tempos (The Happening)
Acabei de ver mais uma peça do Shyamalan. Lembrando o passado deste diretor, vamos até "Sexto Sentido", porque não vi o "Olhos Abertos", lançado em 1992, e passamos por "Corpo Fechado", "Sinais", "A Vila" e, finalmente, "Fim dos tempos", porque eu devo lhes confessar: alguma força oculta me faz mudar de canal SEMPRE que vai começar "A Dama na Água". Ainda vou superar essa minha reação, mas quando será, não sei, são mistérios do relacionamento com a sétima arte.
Mark Whalberg não repete o feito Bruce Willis. Incrível como gosto deste último em "Sexto Sentido", e também em "A morte lhe cai bem". O ex-rapper, no entanto, não manda bem e pronto. É o mesmo jeito de falar de seus personagens, o jeito de franzir o cenho, a postura, enfim, não há nada de esforçado ou primoroso no trabalho desse cara. Não satisfeitos com isso, chamaram Zooey (wtf?) Deschanel. Imagino um filme onde contracenem juntos o David Duchovni, Zoey Deschanel, Mark Whalberg e Keanu Reeves. Com direção de Walter Salles Jr. Pronto. Tem-se aí o filme mais chato e boçal da história do cinema.
Acho que a menina, a garotinha, é aquela de Crash, um filme bem legal, por sinal. A filha do xicano, lembram? Sem spoillers. Não tenho certeza e estou com preguiça de ir ao Google procurar. Ok, então por que estou fazendo isso? Vou procurar. Um instante... sim, é ela. Ashlyn Sanchez. E o que dizer de seu trabalho? Bom, se a formos comparar com uma Shirley Temple, não dá pra pequena Sanchez. Tem aquele ar de atriz de segunda, saca?
Acontece que é o Mahé Shyamalan sabe como fazer aquela droga superficial que você acaba vendo. Ele sabe dar aquele ar de "oh my gosh", tem sempre um detalhe na manga pra jogar na trama, imagens fortes, finais nada fairy tales, tipo, a coisa sempre acaba com um, "porra, bizarro, sei lá, nada demais, mas...", aí segue uma pá de coisas depois deste "mas". Rola todo um conflito com a pop art e seus glimpses, os pulos de gato ensaiados, e aquele produto que tem gosto de pedaço de céu, que só a arte que associa mente e espírito, na busca pela expressão mais particular do todo que dividimos em comunhão, pode nos proporcionar.
Talvez Shyamalan nos dê algumas ideias do que uma masterpiece sua poderia causar. Por que não tenta, Mahé? Por que não nos surpreende com algo de peso? Por que mandar pequenas tropas, homem, quando pode enviar um exército inteiro? É preciso arriscar com as cartas que se tem, não apenas pra ganhar, porque ganhar, em certo momento, quando tudo está a seu favor, é uma consequência natural, mas pra ganhar com um full royal flush daqueles, um hole in one de produzir paudurescência, um home run dos que tiram bonés e fazem das retinas uma oferenda de sacrifício pela beleza.
Vamos, Shyamalan. Vá além de Hitchcock. Ficarei no aguardo.