Sou uma dos muitos brasileiros que correu para assistir Tropa de Elite.Aliás,assisti aos dois.E,gostei de ambos.Ao se medir a quantidade de espectadores,o filme “pegou geral”.Até a última quarta-feira,13, foi visto por 2,6 milhões de espectadores.
Este filme proporciona tudo o que exigimos de um bom thriller:agilidade,realismo,expectativa,suspense, diversão e uma boa dose de reflexão.
Fui uma das últimas a me levantar da poltrona,imersa nos meus mais profundos pensamentos.
A mistura de traficantes,milicianos,policiais ,moradores inocentes e políticos de alto escalão,me deixou perplexa,pois,uma coisa é você saber que esta coisa existe,outra é você se defrontar com ela –cruamente –como aparece no filme.
Aquela cena dos helicópteros do Bope adentrando a favela e bandidos fugindo num verdadeiro,risível e trágico “barata voa”,alvo fácil para os policiais é antológica.Confesso que até eu me assustei e me compadeci daqueles moradores que têm que conviver com esse martírio.
Há muito não vejo um filme nacional tão bem feito e tão oportuno.Existe até um elemento “de verdade” na fita.O herói dos direitos humanos,o Fraga,cujo personagem foi inspirado no deputado real Marcelo Freixo,do PSOL,que,por denunciar as milícias numa CPI,vive até hoje sob escolta,ameaçado de morte desde 2008.”As milícias proliferam no Rio por uma infeliz combinação de décadas de ausência do estado com uma polícia violenta e o velho clientelismo da classe política”,falou numa entrevista à Veja.
O personagem Fraga
Sob o envolvimento de políticos importantes com as milícias ,todos nós,bem informados,sabíamos.As milícias garantem votos para governador,prefeito e deputados estaduais.Lembram-se do Nadinho,miliciano da Favela do Rio das Pedras,que se elegeu vereador,mas,acabou assassinado?
“A milícia é a promiscuidade do Estado com o crime”,diz Luis Soares,especialista em segurança pública e colaborador num livro sobre as milícias que originou o filme.
Não vou me estender no enredo porque todos já o conhecem; não quero tirar o gostinho da descoberta,direito dos meus leitores.Mas,quero recomendá-lo.Não deixem de assistir e tirar suas próprias conclusões.Não devemos nos esquecer de que,todo banditismo é consentido.O Estado soberano é forte e,se quiser,acaba com traficantes e milicianos,que,na verdade,ocupam o vazio que o poder público deixa na sociedade.Os dois filmes anteriores já desmistificaram o tráfico e a milícia;falta agora desmascarar o usuário,tratado como um coitadinho,um doente,quando,na realidade,é o vício e o dinheiro dele que sustenta tudo isto. Precisamos mesmo dar um puxão de orelha na hipocrisia dos usuários de drogas da classe média,que singram mares de almirante como se não fossem eles os responsáveis por essa ferida que destrói o tecido social.
O deputado Marcelo Freixo