Sinopse
Do Inferno é um filme curioso estrelado por Johnny Depp e Heather Graham, realizado por Albert Hughes e Allen Hughes. Trabalha com uma nova hipótese a respeito da identidade de Jack, O Estripador, o mais famoso serial killer de todos os tempos. Neste filme, Jack é um famoso médico londrino, médico da família real e membro destacado da Maçonaria, que mata prostitutas e mutila seus corpos com precisão de profissional. Essas mutilações são praticadas com tal requinte que leva o policial Fred Abberline (Johnny Depp) a suspeitar que os assassinatos têm alguma coisa de ritual e que encobrem algum motivo político. Suas investigações o levam até a Maçonaria. O que leva o policial a desvendar esse mistério é a famosa lenda dos Jubelos.
A lenda dos Jubelos
A lenda maçônica diz que três Companheiros invejosos e ambiciosos, chamados Jubelo, Jubelum e Jubelas, tentaram arrancar á força, de Hiram, o arquiteto do Templo de Salomão, a palavra misteriosa que só os Mestres sabiam. Queriam, com isso, ascender ao mestrado na arquitetura sem precisar cumprir os trabalhos e provas necessárias para essa elevação. Pretendiam conquistar com violência aquilo que só o mérito lhes poderia conferir. Emboscando o Mestre nas três portas do Templo, os Jubelos, designação dada aos três Companheiros criminosos, exigem que ele lhes dê a Palavra Sagrada. Hiram nega-se e tenta escapar. Com os instrumentos de trabalho do companheiro,que são a régua de ferro, o esquadro e o malho, eles ferem o Mestre, sucessivamente, na garganta (calando-lhe a voz), no peito, (ofendendo-lhe o coração), e na cabeça, ( destruindo-lhe a razão). Depois, temerosos da consequência do seu ato, tratam de fazer desaparecer o cadáver. Levam-no para o Monte Líbano e o enterram. Salomão, notando a falta do seu arquiteto chefe, envia três Mestres á sua procura. Nada encontrando, despacha outros nove, os quais topam com um local onde a terra tinha sido recentemente removida. Desconfiados, começam a remover a terra e logo encontram ali enterrado o corpo do Mestre Hiram. Marcam o local com um ramo de acácia e retornam para avisar o Rei Salomão. Trazido o corpo para o canteiro de obras do Templo, Salomão e seus Mestres lhe prestam as devidas homenagens e o fazem sepultar com as cerimônias ritualísticas apropriadas. Depois saem à caça dos criminosos. Encontrados e presos, os Jubelos são julgados e sentenciados. Jubelo tem sua cabeça decepada, Jubelum tem seu ventre cortado e Jubelas seu tronco separado em dois. Tudo feito com ritualística precisão. É essa característica que leva o inspetor Abberline até a mística e misteriosa Maçonaria londrina, para descobrir que Jack, o Estripador era, na verdade, um distinguido maçom e seus assassinatos tinham, na verdade um fundo político.
Quem foi Jack, O estripador?
O mais famoso serial killer da história nunca foi identificado e até hoje provoca polêmica e gera interessantes teorias. A deste filme é mais uma e das mais interessantes porque envolve uma antiga e veneranda instituição, que é a Maçonaria. Afinal, nada de estranho porquanto, lenda ou realidade, os maçons sempre estiveram conectados a alguma conspiração ou história misteriosa, que, diga-se a bem da verdade, eles mesmos sempre tiveram interesse em manter para conservar a aura de mistério que envolve a instituição.
O fato é que ninguém sabe quem foi esse famoso assassino que, em 1888, matou e estripou brutalmente cinco mulheres (ou oito segundo algumas fontes). Seu nome ninguém jamais descobriu, pois o apelido Jack foi dado pela imprensa. Nem mesmo a melhor polícia do mundo da época, a famosa Scotland Yard conseguiu identificá-lo e muito menos prendê-lo.
Todas as vítimas de Jack eram mulheres e prostitutas. A forma como eram mortas e o histórico de vida delas revela que havia, efetivamente, uma razão e uma estratégia por trás desses assassinatos que até hoje, passados mais de 120 anos, ninguém foi capaz de desvendar.
Todas as mortes aconteceram no bairro pobre Whitechapel. Londres era, nesse final de século XIX, uma imensa cidade de 3 milhões de habitantes, considerada a maior metrópole do Ocidente, capital do poderoso Império Britânico e centro mundial do desenvolvimento industrial. Por ser a maior cidade do mundo ocidental da época, imigrantes de todas as partes do mundo a procuravam. Estrangeiros pobres e despreparados, analfabetos, sem dinheiro ou profissão, acabavam sendo empurrados para a periferia da cidade, formando subúrbios e cortiços, onde a miséria alimentava o crime, a prostituição e a degradação do ser humano ao mais extremo dos seus limites.
Whitechapel era um desses cortiços, um dos maiores. Em suas estreitas, soturnas, sombrias e imundas ruas, os “pichadores” da época costumavam marcar com tinta preta, que ali habitavam os indesejáveis, os excluídos, os criminosos e viciados de Londres.
A primeira vítima de Jack foi Mary Ann Nichols, prostituta de 42 anos, morta no dia 31 de agosto de 1888. Mãe de cinco filhos, antes de se tornar prostituta ela havia sido empregada doméstica de uma família de classe média. Depois de roubar algumas mudas de roupa dessa casa, Mary Ann foi presa. Ao sair da cadeia começou a ganhar a vida como prostituta. Vivia nas ruas à cata de fregueses. Nem sempre conseguia pagar o miserável quarto de pensão para onde levava seus fregueses e muitas vezes tinha que praticar seu comércio nos becos escuros do cortiço. Foi encontrada morta, em um beco escxuro, com o ventre cortado e os órgãos internos retirados.
Depois, mais quatro mulheres foram encontradas mortas e mutiladas da mesma forma, denotando que os assassinatos foram praticados pela mesma pessoa. Logo, os crimes de Jack, o Estripador, se tornaram uma questão política e social. O povo londrino começou a culpar os imigrantes, que na ótica geral, eram vistos como culpados pela degradação dos costumes e a transformação de Londres num grande cortiço. Boa parte da população acreditava que atos tão perversos não poderiam ter sido cometidos por ingleses. Nasceu então a onda de chauvinismo e preconceito contra os estrangeiros, que até hoje ainda domina alguns setores da população londrina.
Na Europa, o antissemitismo estava no auge. Daí, fazer dos judeus os primeiros suspeitos foi um pequeno passo. Depois da terceira vítima, uma prostituta chamada Annie, os moradores de Whitechapel saíram em passeata ameaçando e insultando os judeus, quebrando suas lojas e até espancando aqueles que encontravam nas ruas. Assim, por causa de um louco assassino, os moradores de Londres iriam antecipar o que outros loucos assassinos, por razões políticas e religiosas – os nazistas – iriam fazer na Alemanha meio século depois.
A imprensa londrina fez de Jack uma celebridade. Não foram poucos os malucos que tentaram assumir a personalidade dele para ganhar os seus momentos de celebridade. Dezenas de cartas e bilhetes com a assinatura de Jack, o Estripador, eram enviadas aos jornais e delegacias de polícia à medida que as mortes eram cometidas. O caso extrapolou os limites do mero interesse policial. Com todo o foco da mídia dirigido para o assunto, logo apareceram os políticos para tirar proveito, e com eles os aproveitadores para ganhar dinheiro. Polítcos conservadores pregavam a expulsão dos estrangeiros. Withechapel foi transformado num reduto de turístico. Grupos de turistas eram levados em excursão pelos becos escuros e sinistros do bairro. Um museu de cera, retratando as vítimas, foi aberto na avenida central do bairro. Atores amadores se vestiam como o suposto Jack e se esgueiravam pelos becos para criar um ambiente de mistério e horror.
A última morte contabilizada para Jack foi a de Mary Jane Kelly, jovem prostituta de 25 anos. Diferentemente dos crimes anteriores, Mary não foi atacada em um beco escuro do bairro, mas no próprio quarto onde atendia seus clientes, no dia 9 de novembro de 1888. O assassino mutilou e retalhou a moça em mais de 100 pedaços.
Jack criou uma tradição. Toda morte com requintes de crueldade era atribuída a ele ou a um discípulo dele. A imprensa se encarregou de divulgar e perpetuar o mito. Dessa forma, ele fez discípulos e seguidores. Não foram poucos os criminosos que passaram a imitar o modus operandi do assassino de Whitechapel. Alguns deles se diziam o próprio Jack.
A matança de prostitutas parou repentinamente após a oitava morte, mas a autoridade policial continuou a investigar. Depois de um longo e volumoso inquérito, a Scotland Yard se concentrou em três suspeitos. Mas nunca concluiu o inquérito nem indiciou oficialmente nenhum deles. Durante 70 anos os nomes ficaram ocultos da opinião pública e da imprensa, sendo divulgados apenas em 1960.
O primeiro suspeito da lista tríplice foi um sujeito encontrado morto em 31 de dezembro de 1888, boiando no rio Tâmisa. Seu nome era Montague John Druitt, advogado e professor, membro da alta sociedade londrina. Seu escritório ficava a poucas quadras de onde ocorreram as mortes. Assassinato ou suicídio, a polícia não conseguiu determinar. Havia quatro pedras grandes nos bolsos do casaco do cadáver. O avançado estado de decomposição do corpo indicava que ele já estava morto há pelo menos um mês. Druitt era filho de um cirurgião e tido como sexualmente insano. Essa era a definição dada a pessoas de hábitos sexuais considerados anormais pela sociedade da época. Nela se enquadravam os homossexuais, os pedófilos e as pessoas que se valiam da prostituição para ganhar a vida ou para satisfazer seus instintos.
O segundo suspeito da lista era um barbeiro judeu de 24 anos, chamado Aaron Kosminski. Ele morava em Whitechapel e era conhecido por ter problemas mentais. Esses problemas se manifestava por um ódio extremo a mulheres. Tornou-se suspeito por causa do testemunho de um caixeiro-viajante, que supostamente o teria visto próximo ao local do quarto crime. As evidências de que ele era homossexual e o fato da fobia contra os judeus ter atingido raiais de um verdadeiro paroxismo afastaram as suspeitas contra Aaron, que acabou internado num hospício, onde morreu em 1919, sem jamais ser acusado de crime algum.
O terceiro suspeito da lista era outro estrangeiro, um médico russo chamado Michael Ostrog. Tinha fama de ser um maníaco que também votava um ódio mortal às mulheres. Sempre andava com seus instrumentos cirúrgicos por Whitechapel, o que motivou as suspeitas contra ele. Mas também nunca se provou nada.
Quinze anos depois, e sem nenhuma evidência de quem teria sido o famoso Jack, o Estripador, as autoridades policiais de Londres finalmente chegaram a uma quase certeza de que o famoso assassino era um barbeiro polonês chamado Severin Klosowsk, também conhecido pelo nome de George Chapman e outros três nomes falsos. Ele foi condenado à forca, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, por ter envenenado suas três mulheres aos poucos, com doses programadas de arsênico. Foi um inspetor chamado George Godley, que notou a estranha semelhança entre alguns crimes que ocorreram em Nova Jersey e aqueles atribuídos a Jack o Estripador, em Londres alguns anos antes. Em suas investigações ele descobriu que Severin havia morado em Londres e que os crimes de Jack haviam cessado justamente na época em que ele se mudara para os Estados Unidos. E logo após essa mudança, várias mulheres também apareceram mortas em Jersey, com as mesmas características das prostitutas de Londres.
Mas os paralelos e os indícios são a única prova de que dispõem os pesquisadores hoje para afirmar que Severin – o Estripador de Jersey_ e Jack, o monstro de Whitechapel, são a mesma pessoa.
Hoje existem no mundo entre 200 e 300 teses sobre a identidade de Jack The Ripper, como o assassino é chamado em inglês. E certamente muitas outras ainda serão levantadas. É próprio dos mitos e dos mistérios não solucionados a atração, muitas vezes mórbida, que eles exercem sobre os espíritos das pessoas. E quando elas se conectam com outros territórios de mistérios e lendas, como é o caso da Maçonaria, esse assunto fica ainda mais saboroso. Quem não deve ter gostado dessa nova abordagem certamente são os maçons. Afinal, não é nada confortável pensar que Jack, O Estripador, era Irmão.
Do Inferno é um filme curioso estrelado por Johnny Depp e Heather Graham, realizado por Albert Hughes e Allen Hughes. Trabalha com uma nova hipótese a respeito da identidade de Jack, O Estripador, o mais famoso serial killer de todos os tempos. Neste filme, Jack é um famoso médico londrino, médico da família real e membro destacado da Maçonaria, que mata prostitutas e mutila seus corpos com precisão de profissional. Essas mutilações são praticadas com tal requinte que leva o policial Fred Abberline (Johnny Depp) a suspeitar que os assassinatos têm alguma coisa de ritual e que encobrem algum motivo político. Suas investigações o levam até a Maçonaria. O que leva o policial a desvendar esse mistério é a famosa lenda dos Jubelos.
A lenda dos Jubelos
A lenda maçônica diz que três Companheiros invejosos e ambiciosos, chamados Jubelo, Jubelum e Jubelas, tentaram arrancar á força, de Hiram, o arquiteto do Templo de Salomão, a palavra misteriosa que só os Mestres sabiam. Queriam, com isso, ascender ao mestrado na arquitetura sem precisar cumprir os trabalhos e provas necessárias para essa elevação. Pretendiam conquistar com violência aquilo que só o mérito lhes poderia conferir. Emboscando o Mestre nas três portas do Templo, os Jubelos, designação dada aos três Companheiros criminosos, exigem que ele lhes dê a Palavra Sagrada. Hiram nega-se e tenta escapar. Com os instrumentos de trabalho do companheiro,que são a régua de ferro, o esquadro e o malho, eles ferem o Mestre, sucessivamente, na garganta (calando-lhe a voz), no peito, (ofendendo-lhe o coração), e na cabeça, ( destruindo-lhe a razão). Depois, temerosos da consequência do seu ato, tratam de fazer desaparecer o cadáver. Levam-no para o Monte Líbano e o enterram. Salomão, notando a falta do seu arquiteto chefe, envia três Mestres á sua procura. Nada encontrando, despacha outros nove, os quais topam com um local onde a terra tinha sido recentemente removida. Desconfiados, começam a remover a terra e logo encontram ali enterrado o corpo do Mestre Hiram. Marcam o local com um ramo de acácia e retornam para avisar o Rei Salomão. Trazido o corpo para o canteiro de obras do Templo, Salomão e seus Mestres lhe prestam as devidas homenagens e o fazem sepultar com as cerimônias ritualísticas apropriadas. Depois saem à caça dos criminosos. Encontrados e presos, os Jubelos são julgados e sentenciados. Jubelo tem sua cabeça decepada, Jubelum tem seu ventre cortado e Jubelas seu tronco separado em dois. Tudo feito com ritualística precisão. É essa característica que leva o inspetor Abberline até a mística e misteriosa Maçonaria londrina, para descobrir que Jack, o Estripador era, na verdade, um distinguido maçom e seus assassinatos tinham, na verdade um fundo político.
Quem foi Jack, O estripador?
O mais famoso serial killer da história nunca foi identificado e até hoje provoca polêmica e gera interessantes teorias. A deste filme é mais uma e das mais interessantes porque envolve uma antiga e veneranda instituição, que é a Maçonaria. Afinal, nada de estranho porquanto, lenda ou realidade, os maçons sempre estiveram conectados a alguma conspiração ou história misteriosa, que, diga-se a bem da verdade, eles mesmos sempre tiveram interesse em manter para conservar a aura de mistério que envolve a instituição.
O fato é que ninguém sabe quem foi esse famoso assassino que, em 1888, matou e estripou brutalmente cinco mulheres (ou oito segundo algumas fontes). Seu nome ninguém jamais descobriu, pois o apelido Jack foi dado pela imprensa. Nem mesmo a melhor polícia do mundo da época, a famosa Scotland Yard conseguiu identificá-lo e muito menos prendê-lo.
Todas as vítimas de Jack eram mulheres e prostitutas. A forma como eram mortas e o histórico de vida delas revela que havia, efetivamente, uma razão e uma estratégia por trás desses assassinatos que até hoje, passados mais de 120 anos, ninguém foi capaz de desvendar.
Todas as mortes aconteceram no bairro pobre Whitechapel. Londres era, nesse final de século XIX, uma imensa cidade de 3 milhões de habitantes, considerada a maior metrópole do Ocidente, capital do poderoso Império Britânico e centro mundial do desenvolvimento industrial. Por ser a maior cidade do mundo ocidental da época, imigrantes de todas as partes do mundo a procuravam. Estrangeiros pobres e despreparados, analfabetos, sem dinheiro ou profissão, acabavam sendo empurrados para a periferia da cidade, formando subúrbios e cortiços, onde a miséria alimentava o crime, a prostituição e a degradação do ser humano ao mais extremo dos seus limites.
Whitechapel era um desses cortiços, um dos maiores. Em suas estreitas, soturnas, sombrias e imundas ruas, os “pichadores” da época costumavam marcar com tinta preta, que ali habitavam os indesejáveis, os excluídos, os criminosos e viciados de Londres.
A primeira vítima de Jack foi Mary Ann Nichols, prostituta de 42 anos, morta no dia 31 de agosto de 1888. Mãe de cinco filhos, antes de se tornar prostituta ela havia sido empregada doméstica de uma família de classe média. Depois de roubar algumas mudas de roupa dessa casa, Mary Ann foi presa. Ao sair da cadeia começou a ganhar a vida como prostituta. Vivia nas ruas à cata de fregueses. Nem sempre conseguia pagar o miserável quarto de pensão para onde levava seus fregueses e muitas vezes tinha que praticar seu comércio nos becos escuros do cortiço. Foi encontrada morta, em um beco escxuro, com o ventre cortado e os órgãos internos retirados.
Depois, mais quatro mulheres foram encontradas mortas e mutiladas da mesma forma, denotando que os assassinatos foram praticados pela mesma pessoa. Logo, os crimes de Jack, o Estripador, se tornaram uma questão política e social. O povo londrino começou a culpar os imigrantes, que na ótica geral, eram vistos como culpados pela degradação dos costumes e a transformação de Londres num grande cortiço. Boa parte da população acreditava que atos tão perversos não poderiam ter sido cometidos por ingleses. Nasceu então a onda de chauvinismo e preconceito contra os estrangeiros, que até hoje ainda domina alguns setores da população londrina.
Na Europa, o antissemitismo estava no auge. Daí, fazer dos judeus os primeiros suspeitos foi um pequeno passo. Depois da terceira vítima, uma prostituta chamada Annie, os moradores de Whitechapel saíram em passeata ameaçando e insultando os judeus, quebrando suas lojas e até espancando aqueles que encontravam nas ruas. Assim, por causa de um louco assassino, os moradores de Londres iriam antecipar o que outros loucos assassinos, por razões políticas e religiosas – os nazistas – iriam fazer na Alemanha meio século depois.
A imprensa londrina fez de Jack uma celebridade. Não foram poucos os malucos que tentaram assumir a personalidade dele para ganhar os seus momentos de celebridade. Dezenas de cartas e bilhetes com a assinatura de Jack, o Estripador, eram enviadas aos jornais e delegacias de polícia à medida que as mortes eram cometidas. O caso extrapolou os limites do mero interesse policial. Com todo o foco da mídia dirigido para o assunto, logo apareceram os políticos para tirar proveito, e com eles os aproveitadores para ganhar dinheiro. Polítcos conservadores pregavam a expulsão dos estrangeiros. Withechapel foi transformado num reduto de turístico. Grupos de turistas eram levados em excursão pelos becos escuros e sinistros do bairro. Um museu de cera, retratando as vítimas, foi aberto na avenida central do bairro. Atores amadores se vestiam como o suposto Jack e se esgueiravam pelos becos para criar um ambiente de mistério e horror.
A última morte contabilizada para Jack foi a de Mary Jane Kelly, jovem prostituta de 25 anos. Diferentemente dos crimes anteriores, Mary não foi atacada em um beco escuro do bairro, mas no próprio quarto onde atendia seus clientes, no dia 9 de novembro de 1888. O assassino mutilou e retalhou a moça em mais de 100 pedaços.
Jack criou uma tradição. Toda morte com requintes de crueldade era atribuída a ele ou a um discípulo dele. A imprensa se encarregou de divulgar e perpetuar o mito. Dessa forma, ele fez discípulos e seguidores. Não foram poucos os criminosos que passaram a imitar o modus operandi do assassino de Whitechapel. Alguns deles se diziam o próprio Jack.
A matança de prostitutas parou repentinamente após a oitava morte, mas a autoridade policial continuou a investigar. Depois de um longo e volumoso inquérito, a Scotland Yard se concentrou em três suspeitos. Mas nunca concluiu o inquérito nem indiciou oficialmente nenhum deles. Durante 70 anos os nomes ficaram ocultos da opinião pública e da imprensa, sendo divulgados apenas em 1960.
O primeiro suspeito da lista tríplice foi um sujeito encontrado morto em 31 de dezembro de 1888, boiando no rio Tâmisa. Seu nome era Montague John Druitt, advogado e professor, membro da alta sociedade londrina. Seu escritório ficava a poucas quadras de onde ocorreram as mortes. Assassinato ou suicídio, a polícia não conseguiu determinar. Havia quatro pedras grandes nos bolsos do casaco do cadáver. O avançado estado de decomposição do corpo indicava que ele já estava morto há pelo menos um mês. Druitt era filho de um cirurgião e tido como sexualmente insano. Essa era a definição dada a pessoas de hábitos sexuais considerados anormais pela sociedade da época. Nela se enquadravam os homossexuais, os pedófilos e as pessoas que se valiam da prostituição para ganhar a vida ou para satisfazer seus instintos.
O segundo suspeito da lista era um barbeiro judeu de 24 anos, chamado Aaron Kosminski. Ele morava em Whitechapel e era conhecido por ter problemas mentais. Esses problemas se manifestava por um ódio extremo a mulheres. Tornou-se suspeito por causa do testemunho de um caixeiro-viajante, que supostamente o teria visto próximo ao local do quarto crime. As evidências de que ele era homossexual e o fato da fobia contra os judeus ter atingido raiais de um verdadeiro paroxismo afastaram as suspeitas contra Aaron, que acabou internado num hospício, onde morreu em 1919, sem jamais ser acusado de crime algum.
O terceiro suspeito da lista era outro estrangeiro, um médico russo chamado Michael Ostrog. Tinha fama de ser um maníaco que também votava um ódio mortal às mulheres. Sempre andava com seus instrumentos cirúrgicos por Whitechapel, o que motivou as suspeitas contra ele. Mas também nunca se provou nada.
Quinze anos depois, e sem nenhuma evidência de quem teria sido o famoso Jack, o Estripador, as autoridades policiais de Londres finalmente chegaram a uma quase certeza de que o famoso assassino era um barbeiro polonês chamado Severin Klosowsk, também conhecido pelo nome de George Chapman e outros três nomes falsos. Ele foi condenado à forca, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, por ter envenenado suas três mulheres aos poucos, com doses programadas de arsênico. Foi um inspetor chamado George Godley, que notou a estranha semelhança entre alguns crimes que ocorreram em Nova Jersey e aqueles atribuídos a Jack o Estripador, em Londres alguns anos antes. Em suas investigações ele descobriu que Severin havia morado em Londres e que os crimes de Jack haviam cessado justamente na época em que ele se mudara para os Estados Unidos. E logo após essa mudança, várias mulheres também apareceram mortas em Jersey, com as mesmas características das prostitutas de Londres.
Mas os paralelos e os indícios são a única prova de que dispõem os pesquisadores hoje para afirmar que Severin – o Estripador de Jersey_ e Jack, o monstro de Whitechapel, são a mesma pessoa.
Hoje existem no mundo entre 200 e 300 teses sobre a identidade de Jack The Ripper, como o assassino é chamado em inglês. E certamente muitas outras ainda serão levantadas. É próprio dos mitos e dos mistérios não solucionados a atração, muitas vezes mórbida, que eles exercem sobre os espíritos das pessoas. E quando elas se conectam com outros territórios de mistérios e lendas, como é o caso da Maçonaria, esse assunto fica ainda mais saboroso. Quem não deve ter gostado dessa nova abordagem certamente são os maçons. Afinal, não é nada confortável pensar que Jack, O Estripador, era Irmão.