King Arthur (br: Rei Arthur / pt: Rei Artur[1]) é um filme de 2004, produzido pelos Estados Unidos, Irlanda e Reino Unido, dirigido por Antoine Fuqua.

O filme conta a história desse herói, com um enredo baseado em dados arqueológicos que mostram que o Rei Arthur  seria uma pessoa real, ou seja, um comandante romano que viveu nos últimos dias de domínio romano na Grã-Bretanha. O filme mistura as evidências históricas com os elementos das lendas arturianas. Aqui, Artur e seus Cavaleiros (provenientes de tribos conquistadas pelo Império Romano) enfrentam os invasores saxões, que tentam conquistar a Grã-Bretanha quando o império romano, em franca decadência, está se retirando, deixando os habitantes da ilha a mercê dos invasores. Arthur defende a ilha e se torna o seu primeiro rei após a retirda dos romanos.

O rei Arthur é mostrado como sendo um personagem baseado em uma pessoa real, que teria vivido na Inglaterra, em fins do século V ou começo do século VI. O rei  Arthur já foi personagem de um sem numero de filmes e livros, pois sua saga, entremeada de mitos e lendas, se tornou uma das mais interessantes histórias já contadas pelos cronistas.
Um dos mais belos filmes feitos sobre esse assunto foi sem dúvida, Os Cavaleiros da Távola Redonda, filme realizado nos anos cinquenta com Mell Ferrer no papel de Arthur, Robert Taylor no papel de Lancelot e a belíssima Ava Gardner no papel de Guinevere. É um filme ingênuo, que ressalta muito mais o lado heróico dos personagens. Já no filme de Antoine Fuca, de 2005, estrelado por Clive Oven no papel de Arthur o enredo enfoca mais o lado político e histórico da história do mitológico herói.
Seja como for, explorando o lado mítico dessa tradição, com seus magos, feiticeiras, cidades e castelos encantados, os milagres e a romantica tradição da cavalaria do Graal, ou o caráter histórico que ela possa ter, o que fica da história (ou estória) de Arthur é o caráter arquetípico do mito, conectado que está com as mais profundas ligações do inconsciente humano. Todos nós nos comovemos com heroísmo; e todos precisamos de um pouco de fantasia para não esquecermos que o nosso espírito não é, efetivamente, uma máquina que só trabalha com o lado real da vida. Conectar-nos com o mundo do símbolo e da virtude heróica é a função do arquétipo, por isso, o que menos importa, no caso, é saber se Arthur é um personagem real ou apenas um mito criado pela imaginação dos bardos medievais. 


O Rei Arthur,

Ainda hoje se discute se o Rei Artur é uma lenda criada pelos bardos medievais, ou um personagem histórico que viveu e realizou os grandes feitos que lhe atribuem. Alguns historiadores acreditam que ele foi um dos últimos comandantes das tropas romanas que defendiam a soberania de Roma em fins do século V e início do século VI, quando os saxões começaram a invadir a Grã-Bretanha. Mas  não há registros históricos que comprovem a real existência desse personagem, somente tradições orais que alimentam uma vasta literatura mítica e heroica que, ao longo do tempo, tem excitado a imaginação do povo.

As principais referências ao rei Artur como figura histórica aparecem no livro de Geoffrey de Manmouth, História Regum Britanniae (História dos Reis Britânicos). Porém, muito antes desse livro ser escrito, no folclore do país de Gales e em todo o território da Grã Bretanha já havia lendas e poemas falando do Rei Artur e dos Ca-valeiros da Távola Redonda, Irmandade de cavalaria que ele teria fundado após ter sido coroado rei da Inglaterra.
Nessas lendas Arthur sempre aparece como um grande guerreiro que defende a Grã Bretanha dos invasores e opositores do seu reinado, lutando contra inimigos naturais e sobrenaturais. Na maior parte dessas lendas o reino de Arthur é apresentado como um reino mítico, povoado por fadas, duendes, magos, feiticeiras e outras criaturas mitológicas, que vivem em constante conflito, influindo na política e na condução do governo da ilha britânica.
A maioria dos personagens e acontecimentos que povoam as lendas de Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda são referidos no livro de Geoffrey. Lá se fala de Uther Pendragon, o suposto pai de Arthur, o mago Merlim, o sacerdote druida que teria sido o seu tutor e conselheiro, a famosa espada mágica Excalibur, que ele retirou de uma rocha, o seu nascimento em Tintagel, uma mítica cidade encantada, a batalha final em Camlann contra seu rival Mordred, onde os dois encontram a morte, sua corte em Camelot e o fim do mítico reino de Avalon e Camelot.
Foi o escritor francês Chrétien de Troyes, que no século XII, adicionou às histórias de Arthur e a Távola Redonda as figuras de Lancelote e as referências ao Santo Graal. Com isso ele deu inicio ao gênero de romance que ficou conhecido como ciclo arturiano, coletânea de histórias sobre os feitos dos cavaleiros da Távola Redonda. Nesses livros, que eram semelhantes à nossa literatura de cordel, aparecem também, pela primeira, a figura da rainha Guinevere, amada de Arthur, e o triângulo amoroso que ela acaba protagonizando com o cavaleiro Lancelote.

As teses que sustentam a existência histórica de Arthur baseiam-se principalmente na História dos Bretões (Historia Brittonum) e nos Anais da Câmbria (Annales Cambriae), antigas coletâneas de lendas e tradições folclóricas britânicas. Esses velhos textos tendem a mostrar um Artur real, atuando como um líder romano-britânico que defende a ilha britânica da invasão dos anglo-saxões. História Brittonum é um livro manuscrito, escrito em latim, presumivelmente por volta do ano 830, e é o mais antigo registro escrito em que aparece o nome desse herói.
Essa obra relata as doze batalhas que Artur teria lutado, referindo-se a ele como "dux bellorum" (chefe guerreiro), comandante das tropas que defendiam a ilha.
Já os Annales Cambriae, escritos presumivelmente por volta do século X, também falam de Artur como um chefe guerreiro lutando várias batalhas pela defesa da pá-tria.

Lenda ou realidade, o que importa é a personalidade arquetípica de Arthur, no sentido de que ela integra todas as qualidades intrínsecas do guerreiro, nos termos da modelagem que o nosso inconsciente precisa para ancorar a virtude do herói. Por isso nós o elencamos entre as figuras arquetípicas do modelo, sem se preocupar se se trata de figura histórica ou não. Nesse particular é bom lembrar que a nossa mente, na construção de suas crenças e na definição dos seus valores pouco se importa com a veracidade dos pressupostos que lhe são apresentados. Dessa forma, o arquétipo não precisa ser uma pessoa real, pois na verdade ele é um símbolo que opera muito mais com as relações inconscientes que se processam em nossa mente do que com a realidade das nossas vidas. E Arthur é uma figura típica, onde as virtudes e os defeitos do guerreiro são expostos com meridiana clareza. É nesse sentido que esse filme merece ser visto. 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 06/10/2010
Reeditado em 09/10/2010
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