“O Preço da Traição” (Chloe)
“O Preço da Traição” (Chloe)
Com um título desses, que conste nos autos, restam poucos bytes no HD para interpretação. Estamos falando do título genérico.
Quanto a Chloe, personagem que nomeia a obra, é nada mais nada menos que a puta zen, ou, se melhor convier, a puta mítica, (são incríveis as possibilidades da linguagem...), vivida pela atriz Amanda Seyfried, pivô da traição expressa no titulo genérico.
Julianne Moore e Liam Neeson dividem o palco com a puta, e, palavra que quem assinou uma das sinopses oficiais não assistiu sequer três minutos do filme, vide: “o casal perfeito, felizes, com um filho adolescente talentoso, parecem ter uma vida idílica”.
Três vezes não.
O médio e único gancho da direção & roteiro consiste em justamente mostrar a vida da médica Julianne Moore como um verdadeiro inferno glacial somado ao maridão catedrático Liam, três vezes glacial. Esse é o ponto de partida.
O egípcio cult Atom Egoyan dirige esse drama/suspense 2010 com duração de 99 minutos, todavia, a menos que a língua inglesa também esteja sofrendo uma Reforma Ortográfica, o thriller anunciado entra em cena somente nos 9 minutos restantes. Até então...
Até então, e por longos minutos, digamos do minuto 1 ao minuto 40, pensa-se, pois é o que ocorre (em geral, embora não seja uma regra), que não se trata exatamente de um filme, mas de um novelão das 8, óbvio, caduco, sonolento.
Atom Egoyan está na estrada há um bom tempo para pelo menos dar um tratamento visual notas e notas acima do conteúdo, cujo grande resumo seria: as pessoas pensam – grande equívoco da humanidade – pensam demais (brrr......) e suas conclusões são errôneas e precipitadas.
A traição acontece, mesmo que o espectador rumine se houve mesmo uma traição, mas quem paga o preço é a própria Chloe, que em dada altura Egoyan arranca da atriz um close facial que se traduz por uma expressão e tanto, já que dentro de todo zen também vive a besta.
Chloe, enquanto filme, não angaria pecados vistos serem mínimas as suas pretensões. O roteiro faz o velho caminho de explorar os estereótipos num crescendo, até as linhas de raciocínio falirem diante do que de fato existe por trás dos fatos, e o que se vê é o ser lidando com o lado oculto de suas paixões – o lado que parece não existir e que se manifesta como um download quando a casa cai.
Para assistir e depois dormir, ruminando sobre o que já circula entre alguns internautas – a tese de que primavera mesmo só na folhinha, pois o inverno deve persistir até fim de outubro. Pelo menos em Sampa.