ALEXANDRE, O GRANDE- HERÓI E MITO
Título original :Alexander
Gênero:Épico
duração:02 hs 56 min
ano de lançamento:2004
estúdio:Warner Bros. / Pacifica Film / Intermedia Films / IMF Pictures
distribuidora:Warner Bros.
direção: Oliver Stone
roteiro:Oliver Stone, Christopher Kyle e Laeta Kalogridis
produção:Moritz Borman, Jon Kilik, Thomas Schühly, Iain Smith e Oliver Stone
música:Vangelis
fotografia:Rodrigo Prieto
Elenco:
Colin Farrell (Alexandre)
Elliot Cowan (Ptolomeu)
Robert Earley (Ptolomeu - jovem)
Anthony Hopkins (Ptolomeu - velho)
Angelina Jolie (Olímpia)
Val Kilmer (Rei Felipe)
Sinopse
Neste filme, a saga de Alexandre, o Grande, é contada por Ptolomeu (Anthony Hopkins), um dos seus mais famosos generais. Ele narra para Cadmo, um escriba, toda a vida do grande macedônio desde o seu nascimento até sua morte, na cidade de Babilônia, em 323 a.C. Ptolomeu rememora as intrigas políticas da corte macedônica, que o levaram ao poder. Recorda os conflitos entre Olímpia, a mãe de Alexandre (Angelina Jolie) e seu pai, o rei Filipe (Val Kilmer), pela sucessão. Olímpia sustentava a origem divina de Alexandre, que segundo ela, era filho de Zeus, enquanto Filipe o via somente pelo prisma da política, mais como um perigo para o seu próprio reinado. O assassinato de Filipe é colocado sob suspeição. Foi a mando de Olímpia ou do próprio Alexandre? Alexandre é mostrado como um indivíduo de personalidade bastante controvertida, capaz de hospedar os mais nobres sentimentos e as mais baixas paixões. Sua inteligência, cultura, coragem, discernimento e habilidade política são contrastadas com uma personalidade um tanto psicótica, nervosa, que pratica um comportamento sexual desregrado, bebe até a total embriaguez, e não tem qualquer pudor em recorrer ao assassinato quando se trata de atingir as suas finalidades. Não obstante, Ptolomeu o vê como um ser mais próximo da divindade do que de um ser humano, pois ele foi capaz de mudar o mundo então conhecido. Antes dele o mundo era uma profusão de culturas e povos divididos por crenças e interesses dinásticos os mais diferentes possíveis; depois dele passou a ser uma única civilização: a civilização helênica. Em outras palavras, Alexandre foi o responsável pela primeira experiência globalizante que o mundo tem notícia.
***
Alexandre da Macedônia é talvez o protótipo do guerreiro mais festejado da História. É um dos personagens mais biografados de todos os tempos. A sua história é bastante conhecida, sendo inclusive objeto de vários livros e filmes. Ainda jovem, conquistou um imenso império que ia dos Balcãs à Índia, incluindo também o Egito e os territórios que correspondem ao atual Afeganistão. General de extraordinária habilidade e sagacidade, foi um gênio militar e um hábil estrategista político.
Personalidade extremamente controvertida, ele ia da genialidade à loucura em se-gundos. Culto, intelectual, educado pelas melhores mentes da época ― inclusive Aristóteles― seu objetivo ao invadir o império persa não era somente a conquista de um imenso e rico território, mas principalmente ligar o oriente e ocidente numa única cultura. Foi nesse sentido que ele encorajou o casamento de seus oficiais com mulheres orientais, além de admitir persas ao seu serviço, e ele mesmo desposou duas princesas persas. Diferentemente de outros conquistadores ele respeitava os povos derrotados. Tratou com respeito a família de Dario III, o rei persa derrotado, e permitiu que as cidades conquistadas mantivessem seus governantes, sua religião, língua e costumes. Sendo grande admirador das ciências e das artes, encorajou o seu desenvolvimento, disseminando a cultura grega pelos países orientais e deles também recebendo influência. Por onde passava com seu exército fundava cidades às quais dava seu nome e nomes dos seus generais. Algumas delas se tornaram importantes centros culturais da antiguidade. As mais conhecidas foram Alexandria, no Egito, Antioquia, na Síria e Filadélfia (hoje Aman), na atual Jordânia. Alexandria se tornaria mais tarde o maior centro cultural, científico e econômico da Antiguidade, posição que manteve por mais de trezentos anos, até ser superada por Roma.
Mas sua personalidade tinha também um lado sombra bastante ativo. Da mesma forma que tratava com bondade e respeito os inimigos vencidos, também sabia ser cruel e desapiedado com eles. Foi assim que ele agiu nas cidades de Tebas, na Grécia e em Persepólis, na Pérsia, que mandou destruir, matando a maior parte dos seus habitantes. Matou, também num momento de fúria, temperada pelo álcool, um de seus melhores generais e amigo, Parmênio. Na sua vida pessoal, tem sido muito explorada a ligação amorosa que mantinha com um jovem amigo de infância, Hefestion, ligação essa que durou até o fim da vida. E apesar do reconhecido talento que possuía para lidar com assuntos políticos, não deixar de usar os métodos cruéis e sanguinários de outros potentados da época, recorrendo aos assassinatos sempre que necessitava remover de seu caminho algum inimigo. É certo que mandou matar seu meio irmão e possivelmente talvez tenha sido também responsável pelo assassinato do próprio pai, Filipe.
Sua obra civilizadora, entretanto, é inquestionável. Ela ficou conhecida como hele-nismo, ou seja, a fusão da cultura grega com a cultura oriental, cuja base mais tarde seria aproveitada pelos romanos para criar o maior império que até se tem notícia.
Após sua morte, ocorrida em 323 a C. os seus generais repartiram o seu império e a sua família acabou sendo exterminada. Os sucessores de Alexandre fundaram impérios particulares que por mais de três séculos iriam lutar entre eles. Isso facilitou a ascensão de Roma e o consequente domínio que ela iria exercer sobre o mundo antigo. Em termos de civilização, no entanto, o império fundado por Alexandre floresceu e aparece como um dos períodos mais férteis que a humanidade experimentou, em termos de arte, ciências e desenvolvimento econômico e cultural. Os centros nevrálgicos dessa cultura estavam no Egito, particularmente Alexandria e na Babilônia, as duas maiores cidades da antiguidade clássica.
O nascimento de Alexandre (como da maioria dos potentados antigos), sempre foi aureolado por elementos de mitologia. Diz-se que sua mãe, Olympia, após a cópula com seu marido Filipe, deixou-se possuir por uma serpente, misturando o sêmen do rei com o da serpente. Assim, Alexandre seria filho de um ser humano e de uma cobra, o que lhe teria dado o seu caráter invulgar.
Filipe da Macedônia, seu pai, na altura em que Alexandre completava vinte anos de idade, já havia dominado toda a Grécia, menos Esparta. Com 13 anos de idade Fili-pe contratou o famoso filósofo Aristóteles para atuar como preceptor de Alexandre. Com o grande mestre, Alexandre adquiriu a esmerada educação que lhe era atribuí-da. Tinha preparo em todas as disciplinas acadêmicas de sua época, tais como retórica, política, ética, ciências físicas e naturais, medicina, história e geografia; e aprendeu a amar a literatura nas obras de Eurípides e Píndaro.
Aos 18 anos era já um respeitável estrategista militar, tendo vencido os tebanos na Batalha de Queronéia em 338 a.C.
Filipe foi assassinado em 336 a.C. e Alexandre assumiu o trono da Macedônia. Al-gumas cidades gregas aproveitaram o fato para tentar se libertar do domínio mace-dônio. Alexandre dominou a revolta e aproveitou para conquistar o restante do mundo grego. Depois, com todo o poder militar da Grécia sob seu comando deu iní-cio ao ambicioso projeto de conquista do fabuloso império persa.
Seu exército era pequeno, em relação às força persas. Apenas 40.000 soldados contra mais de 200.000 persas. Mas sua infantaria contava com uma poderosa arma, as compridas lanças espartanas, chamadas larissas, que formavam os famosos contingentes conhecidos como “ouriços”, que tanto estrago fazia nas tropas inimigas. Outra arma poderosa de Alexandre era a sua rápida e bem treinada cavalaria, perita na estratégia de envolvimento do inimigo.
Alexandre encarna o protótipo perfeito do arquétipo do guerreiro. Tanto em seus as-pectos positivos quanto negativos. Todas as características reconhecíveis do guerreiro faziam parte da sua personalidade. Optou por estar sempre presente, ou seja, assumiu a sua missão com discernimento e comprometimento, jamais se ausentando ou renunciando á sua condição de líder. Exerceu o poder com convicção e força quando foi necessário. Sua capacidade de liderança era incontestável. Seu poder de comunicação era extraordinário. Com ele levou milhares de homens a segui-lo numa empreitada que ninguém jamais ousara sequer sonhar. A confiabilidade era uma das marcas de sua personalidade. Seus homens lhe eram extremamente leais. E finalmente tinha a coragem para lutar pelo que acreditava estar certo.
Da mesma forma que suas virtudes, seu lado sombra, quando se apresentava, tam-bém o fazia de forma extremamente pronunciada. Nele eram salientes os aspectos sombrios do guerreiro, que são a rebeldia, a falsa humildade e o comportamento manipulador.
***
Alexandre é um belo épico que, tanto quanto se pode permitir um filme, feito para divertir o grande público, se manteve fiel à biografia do grande macedônio. Com a competente direção de Oliver Stone, ele é um espetáculo que, apesar da longa duração, não cansa. Certo que Colin Farrel não é Richard Burton, que nos anos cinquenta também protagonizou um épico sobre esse personagem, mas o filme de Burton focou muito mais na campanha militar de Alexandre do que na sua personalidade e missão civilizadora. Aqui é que está o nosso interesse nesse personagem. Alexandre é o protótipo perfeito do arquétipo do guerreiro. Ele é o homem que, mais do que pela ambição da riqueza e poder, luta por uma crença. Essa crença era a de que a humanidade, a despeito das crenças, costumes, línguas e interesses diversos, poderia ser unificada. Esse é um sonho que ainda persiste. É justo que nós nos lembremos de quem já tentou realizá-lo.
Título original :Alexander
Gênero:Épico
duração:02 hs 56 min
ano de lançamento:2004
estúdio:Warner Bros. / Pacifica Film / Intermedia Films / IMF Pictures
distribuidora:Warner Bros.
direção: Oliver Stone
roteiro:Oliver Stone, Christopher Kyle e Laeta Kalogridis
produção:Moritz Borman, Jon Kilik, Thomas Schühly, Iain Smith e Oliver Stone
música:Vangelis
fotografia:Rodrigo Prieto
Elenco:
Colin Farrell (Alexandre)
Elliot Cowan (Ptolomeu)
Robert Earley (Ptolomeu - jovem)
Anthony Hopkins (Ptolomeu - velho)
Angelina Jolie (Olímpia)
Val Kilmer (Rei Felipe)
Sinopse
Neste filme, a saga de Alexandre, o Grande, é contada por Ptolomeu (Anthony Hopkins), um dos seus mais famosos generais. Ele narra para Cadmo, um escriba, toda a vida do grande macedônio desde o seu nascimento até sua morte, na cidade de Babilônia, em 323 a.C. Ptolomeu rememora as intrigas políticas da corte macedônica, que o levaram ao poder. Recorda os conflitos entre Olímpia, a mãe de Alexandre (Angelina Jolie) e seu pai, o rei Filipe (Val Kilmer), pela sucessão. Olímpia sustentava a origem divina de Alexandre, que segundo ela, era filho de Zeus, enquanto Filipe o via somente pelo prisma da política, mais como um perigo para o seu próprio reinado. O assassinato de Filipe é colocado sob suspeição. Foi a mando de Olímpia ou do próprio Alexandre? Alexandre é mostrado como um indivíduo de personalidade bastante controvertida, capaz de hospedar os mais nobres sentimentos e as mais baixas paixões. Sua inteligência, cultura, coragem, discernimento e habilidade política são contrastadas com uma personalidade um tanto psicótica, nervosa, que pratica um comportamento sexual desregrado, bebe até a total embriaguez, e não tem qualquer pudor em recorrer ao assassinato quando se trata de atingir as suas finalidades. Não obstante, Ptolomeu o vê como um ser mais próximo da divindade do que de um ser humano, pois ele foi capaz de mudar o mundo então conhecido. Antes dele o mundo era uma profusão de culturas e povos divididos por crenças e interesses dinásticos os mais diferentes possíveis; depois dele passou a ser uma única civilização: a civilização helênica. Em outras palavras, Alexandre foi o responsável pela primeira experiência globalizante que o mundo tem notícia.
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Alexandre da Macedônia é talvez o protótipo do guerreiro mais festejado da História. É um dos personagens mais biografados de todos os tempos. A sua história é bastante conhecida, sendo inclusive objeto de vários livros e filmes. Ainda jovem, conquistou um imenso império que ia dos Balcãs à Índia, incluindo também o Egito e os territórios que correspondem ao atual Afeganistão. General de extraordinária habilidade e sagacidade, foi um gênio militar e um hábil estrategista político.
Personalidade extremamente controvertida, ele ia da genialidade à loucura em se-gundos. Culto, intelectual, educado pelas melhores mentes da época ― inclusive Aristóteles― seu objetivo ao invadir o império persa não era somente a conquista de um imenso e rico território, mas principalmente ligar o oriente e ocidente numa única cultura. Foi nesse sentido que ele encorajou o casamento de seus oficiais com mulheres orientais, além de admitir persas ao seu serviço, e ele mesmo desposou duas princesas persas. Diferentemente de outros conquistadores ele respeitava os povos derrotados. Tratou com respeito a família de Dario III, o rei persa derrotado, e permitiu que as cidades conquistadas mantivessem seus governantes, sua religião, língua e costumes. Sendo grande admirador das ciências e das artes, encorajou o seu desenvolvimento, disseminando a cultura grega pelos países orientais e deles também recebendo influência. Por onde passava com seu exército fundava cidades às quais dava seu nome e nomes dos seus generais. Algumas delas se tornaram importantes centros culturais da antiguidade. As mais conhecidas foram Alexandria, no Egito, Antioquia, na Síria e Filadélfia (hoje Aman), na atual Jordânia. Alexandria se tornaria mais tarde o maior centro cultural, científico e econômico da Antiguidade, posição que manteve por mais de trezentos anos, até ser superada por Roma.
Mas sua personalidade tinha também um lado sombra bastante ativo. Da mesma forma que tratava com bondade e respeito os inimigos vencidos, também sabia ser cruel e desapiedado com eles. Foi assim que ele agiu nas cidades de Tebas, na Grécia e em Persepólis, na Pérsia, que mandou destruir, matando a maior parte dos seus habitantes. Matou, também num momento de fúria, temperada pelo álcool, um de seus melhores generais e amigo, Parmênio. Na sua vida pessoal, tem sido muito explorada a ligação amorosa que mantinha com um jovem amigo de infância, Hefestion, ligação essa que durou até o fim da vida. E apesar do reconhecido talento que possuía para lidar com assuntos políticos, não deixar de usar os métodos cruéis e sanguinários de outros potentados da época, recorrendo aos assassinatos sempre que necessitava remover de seu caminho algum inimigo. É certo que mandou matar seu meio irmão e possivelmente talvez tenha sido também responsável pelo assassinato do próprio pai, Filipe.
Sua obra civilizadora, entretanto, é inquestionável. Ela ficou conhecida como hele-nismo, ou seja, a fusão da cultura grega com a cultura oriental, cuja base mais tarde seria aproveitada pelos romanos para criar o maior império que até se tem notícia.
Após sua morte, ocorrida em 323 a C. os seus generais repartiram o seu império e a sua família acabou sendo exterminada. Os sucessores de Alexandre fundaram impérios particulares que por mais de três séculos iriam lutar entre eles. Isso facilitou a ascensão de Roma e o consequente domínio que ela iria exercer sobre o mundo antigo. Em termos de civilização, no entanto, o império fundado por Alexandre floresceu e aparece como um dos períodos mais férteis que a humanidade experimentou, em termos de arte, ciências e desenvolvimento econômico e cultural. Os centros nevrálgicos dessa cultura estavam no Egito, particularmente Alexandria e na Babilônia, as duas maiores cidades da antiguidade clássica.
O nascimento de Alexandre (como da maioria dos potentados antigos), sempre foi aureolado por elementos de mitologia. Diz-se que sua mãe, Olympia, após a cópula com seu marido Filipe, deixou-se possuir por uma serpente, misturando o sêmen do rei com o da serpente. Assim, Alexandre seria filho de um ser humano e de uma cobra, o que lhe teria dado o seu caráter invulgar.
Filipe da Macedônia, seu pai, na altura em que Alexandre completava vinte anos de idade, já havia dominado toda a Grécia, menos Esparta. Com 13 anos de idade Fili-pe contratou o famoso filósofo Aristóteles para atuar como preceptor de Alexandre. Com o grande mestre, Alexandre adquiriu a esmerada educação que lhe era atribuí-da. Tinha preparo em todas as disciplinas acadêmicas de sua época, tais como retórica, política, ética, ciências físicas e naturais, medicina, história e geografia; e aprendeu a amar a literatura nas obras de Eurípides e Píndaro.
Aos 18 anos era já um respeitável estrategista militar, tendo vencido os tebanos na Batalha de Queronéia em 338 a.C.
Filipe foi assassinado em 336 a.C. e Alexandre assumiu o trono da Macedônia. Al-gumas cidades gregas aproveitaram o fato para tentar se libertar do domínio mace-dônio. Alexandre dominou a revolta e aproveitou para conquistar o restante do mundo grego. Depois, com todo o poder militar da Grécia sob seu comando deu iní-cio ao ambicioso projeto de conquista do fabuloso império persa.
Seu exército era pequeno, em relação às força persas. Apenas 40.000 soldados contra mais de 200.000 persas. Mas sua infantaria contava com uma poderosa arma, as compridas lanças espartanas, chamadas larissas, que formavam os famosos contingentes conhecidos como “ouriços”, que tanto estrago fazia nas tropas inimigas. Outra arma poderosa de Alexandre era a sua rápida e bem treinada cavalaria, perita na estratégia de envolvimento do inimigo.
Alexandre encarna o protótipo perfeito do arquétipo do guerreiro. Tanto em seus as-pectos positivos quanto negativos. Todas as características reconhecíveis do guerreiro faziam parte da sua personalidade. Optou por estar sempre presente, ou seja, assumiu a sua missão com discernimento e comprometimento, jamais se ausentando ou renunciando á sua condição de líder. Exerceu o poder com convicção e força quando foi necessário. Sua capacidade de liderança era incontestável. Seu poder de comunicação era extraordinário. Com ele levou milhares de homens a segui-lo numa empreitada que ninguém jamais ousara sequer sonhar. A confiabilidade era uma das marcas de sua personalidade. Seus homens lhe eram extremamente leais. E finalmente tinha a coragem para lutar pelo que acreditava estar certo.
Da mesma forma que suas virtudes, seu lado sombra, quando se apresentava, tam-bém o fazia de forma extremamente pronunciada. Nele eram salientes os aspectos sombrios do guerreiro, que são a rebeldia, a falsa humildade e o comportamento manipulador.
***
Alexandre é um belo épico que, tanto quanto se pode permitir um filme, feito para divertir o grande público, se manteve fiel à biografia do grande macedônio. Com a competente direção de Oliver Stone, ele é um espetáculo que, apesar da longa duração, não cansa. Certo que Colin Farrel não é Richard Burton, que nos anos cinquenta também protagonizou um épico sobre esse personagem, mas o filme de Burton focou muito mais na campanha militar de Alexandre do que na sua personalidade e missão civilizadora. Aqui é que está o nosso interesse nesse personagem. Alexandre é o protótipo perfeito do arquétipo do guerreiro. Ele é o homem que, mais do que pela ambição da riqueza e poder, luta por uma crença. Essa crença era a de que a humanidade, a despeito das crenças, costumes, línguas e interesses diversos, poderia ser unificada. Esse é um sonho que ainda persiste. É justo que nós nos lembremos de quem já tentou realizá-lo.