"NOSSO LAR", O FILME. Você quer realmente ver esse lance de espíritos?

Em abril de 2010, mês do centenário de Chico Xavier, assisti juntamente com a minha gata, “Chico Xavier - O Filme”, película baseada na biografia "As Vidas de Chico Xavier", do jornalista Marcel Souto Maior. Em resenha publicada aqui mesmo neste site dividi com os meus milhares de leitores (!) as minhas muitas considerações favoráveis sobre o filme, assim como lamentei a falta de uma ênfase maior nas mensagens de paz e amor que o médium psicografou, para abrilhantar ainda mais o filme, e ainda relatei no meu sincero depoimento o conforto que elas podem proporcionar.

No final da sessão saímos da sala ainda meio que despertando dos efeitos da magia do cinema, reparem como todos saem lentamente, alguns conversam baixinho, outros meditam em silêncio. Tinhamos assitido um ótimo filme e ainda levávamos conosco uma grande expectativa, pois fora anunciado nos trailers iniciais “Nosso Lar”, outro longa metragem baseado na obra de Chico Xavier. Pra quem tinha gostado do primeiro filme, uma ótima atração, mas pra quem já havia lido e apreciado o referido livro, ver aquela história fantástica que concebera, até então, apenas pela imaginação, adaptada para o cinema seria algo extraordinário.

Eis que neste domingo (12SET10), muito bem acompanhado pela minha namorada, já disse que ela é uma gatinha, pois é, aguardávamos na fila da sessão das 20h50 para assistirmos o tão aguardado “Nosso Lar”. Atrás de nós ouvi, indiscretamente, um casalzinho conversando, quando o rapaz disparou “você quer realmente ver esse lance de espíritos?” Daí a garota assustada emendou “Eu não, oras! Mas o filme deve ser legal, melhor que o outro deste horário.” Olhei disfarçadamente para trás, sorri e reparei que eles eram bem jovens, como a maioria do público ali presente.

Sala quase lotada, aparentemente com alguns lugares vagos e dispersos. Localizamos duas poltronas bem no meio, porém na penúltima fileira de baixo. O adiantar das horas não nos dava muita escolha e se você chega tarde já vem meio estressado, com a sala cheia então, pense na decepção, mas ainda era melhor que na última fila. Assim, saboreando pipoca e refri gigantes e com um embrulho contendo o livro “Eu Sou Ozzy” debaixo do braço, comprado minutos antes no piso de baixo, tais são as tentações dos shoppings, nos acomodamos a tempo da abertura do filme.

Se eu fosse um jornalista chato, sem diploma de nível superior, mas com muitas pretensões, e me propusesse a elaborar uma resenha, diria que “Nosso Lar” é um filme muito bom para os padrões nacionais. São notáveis os efeitos especiais e a reconstituição do estilo da época em que a estória se passa, destacando-se ainda a riqueza de detalhes, muito fiéis à obra original. Tudo para retratar a saga do personagem André Luiz, que após uma vida desregrada e devotada aos prazeres, plena de egoísmo, descaso com os valores da família e inapta à caridade, se desespera com a sua condição de suicida no umbral das almas reprobas, mesmo tendo sucumbido pela doença.

O desenlace da trama nos apresenta a regeneração de André, após muito tempo perdido e atormentado em sua própria dimensão de culpa e perversidade, eis que ele, no auge de sua agonia e arrependimento, roga clemência a Deus, do fundo do seu coração, para que o socorra, momento em que é amparado por missionários de “Nosso Lar”, uma fantástica cidade espiritual, acolhedora das almas aflitas e prontas para serem atendidas pela Providência Divina.

Na cidade, André Luiz se depara com um contraste entre os seus valores mundanos e os valores espirituais baseados na caridade e no amor, onde títulos de nobreza, orgulhos e riquezas materiais são inúteis. Além da certeza da imortalidade, o personagem percebe a necessidade de vencer a si mesmo, na entrega do trabalho devotado ao próximo e na suprema comunhão com Deus através da PRECE sincera e do amor.

Novamente pensando como um jornalista quarta série, eu apontaria a falta de um clímax e de um desfecho para o filme, mesmo louvando a abordagem brilhante da temática espírita, sem defender dogmas, além de desmistificar a reencarnação como um sistema de fé, o que resultou num trabalho voltado para todos os tipos de público, principalmente para aqueles semelhantes ao casal de jovens (lembra-se deles?) na fila do cinema.

Não podemos esquecer também que o filme é um grande alerta para os jornalistas inescrupulosos, os políticos corruptos, os fumantes inveterados, os alcoólatras, os drogados, os violentos, os bandidos em geral, os pessimistas, os deprimidos, entre outros suicidas em potencial, pois ao desenvolverem estas qualidades indesejáveis, a vida inteira, serão penalizados pela Lei da Ação e Reação (KARMA), desperdiçarão ótimas oportunidades de crescimento e auto-realização; poderão contrair doenças e transtornos psicossomáticas, antecipando a sua partida deste mundo, num verdadeiro suicídio inconsciente, conforme nos ensina o exemplo de André Luiz.

Diante da referida ausência de clímax e de desfecho, confesso que saí com a impressão de ter assitido um capítulo de um seriado de sucesso, daqueles com muitas temporadas e com público fiel, entretanto, estou convencido de que, assim como no livro, o verdadeiro propósito e o motivo condutor do filme residem no exemplo do protagonista, na mensagem precisosa de caridade e amor e, sobretudo, na inspiração divina que consola e guia: A VIDA É DE VERDADE E É PARA SEMPRE. Cinema de auto-ajuda? Que seja, mas que o tema renderia uma ótima mini-série, não há dúvidas!

Inserido num contexto de alta temporada para as produções do gênero espírita, já que estão em cartaz na televisão uma minissérie e uma novela, o filme, além de um ótimo entretenimento, retratou bem o que encontramos no livro, e com certeza também agradará a maioria dos leitores, com exceção dos mais atentos que notaram a pouca ênfase que o filme atribuiu à prece, note-se, por exemplo, que no texto psicografado os dias em "Nosso Lar" começam e terminam com uma prece coletiva. Nada que comprometa o sucesso alcançado pelo filme. Bravo!!!

G Matos
Enviado por G Matos em 17/09/2010
Reeditado em 22/09/2010
Código do texto: T2504095
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