ESCRITORES DA LIBERDADE
ESCRITORES DA LIBERDADE
Erin, filha única de uma família de classe média e que poderia ter seguido a carreira de uma brilhante advogada, mas nesse caso iria ficar limitada a defesa de alguém, prefere e tem imenso amor pela arte de educar e também por ter a convicção de que a transformação do ser humano já começa em sala de aula. Então decide seguir a carreira de professora de inglês para alunos de nível médio em uma grande escola onde foi adotado um programa de integração voluntária que tem como objetivo unificar jovens delinqüentes vindos de reformatórios e sob penas condicionais.
Alunos esses que, filiados a gangues, travam em suas próprias vidas uma guerra familiar e social por causa da divergência de cor, raça, nacionalidade e cultura.
Ao se deparar com todas as dificuldades dos alunos, Erin teve que enfrentar um sistema escolar alienado aos problemas dos educandos, agarrado aos seus padrões didáticos ultrapassados, fechados em sua grade curricular e não dispostos a mudanças. Tendo dessa forma que lutar com a burocracia interna escolar e ainda por cima enfrentar o descaso em sua própria família.
No primeiro dia de aula, Erin foi preparada para seguir seu planejamento de acordo como fora instruída dentro das normas escolares e padrões de ensino da escola em questão, mesmo desconhecendo os problemas que surgiriam.
Ao se deparar frente a frente com a realidade dos alunos, Erin, visualizou a necessidade de mudança, de educar segundo os desejos e anseios deles. Alunos esses que conviviam no seu dia a dia com a violência, com o preconceito, a perseguição e a afirmação por parte da sociedade e da escola de que eles eram inferiores,“ burros” e incapazes de avançar em qualquer direção que não fosse a da desistência de ter uma vida melhor e que o único caminho era voltar para a prisão ou às ruas .
Ao tentar se aproximar, Erin sofreu resistência por parte dos alunos por ser branca, não conhecer seus conflitos, seus passados e suas angústias. Foi acusada de só querer respeito para si e de ser como as outras pessoas que não os entendiam. Mas o lado positivo desta resistência é que a professora percebeu a necessidade de inovação e se empenhou para a criação de métodos dinâmicos que a ajudassem na sua prática pedagógica procurando entender a realidade de cada aluno e a valorizá-los segundo suas habilidades.
Alguns aspectos do ensino aprendizagem que foram abordados no filme são de grande importância, um deles é o fator afetivo e social, tais como os que suscitam a motivação para o estudo os que afetam as relações professor - alunos, os que interferem nas disposições emocionais dos alunos para enfrentar as tarefas escolares, os que contribuem ou dificultam a formação de atitudes positivas dos alunos frente às suas capacidades e frente aos problemas e situações da realidade e do processo de ensino e aprendizagem.
Outro fator de vital importância são as experiências próprias dos alunos, sua bagagem, que deve ser levada em consideração para que a partir daí possam ser explorados os conteúdos necessários à sua vivência. O que é de maior importância, o que realmente interessa.
Para o processo de educar ser bem sucedido, nota-se ainda que a estrutura escolar, o material didático, a formação dos professores e o total apoio da comunidade escolar tornam-se imprescindíveis na formação de seres críticos e participativos.
Também vimos no filme “escritores da liberdade” a crise educacional retratada e vários fatores que contribuem para a mesma, entre eles estão o maior vilão que ainda é a metodologia ultrapassada e inadequada usada por muitas instituições de ensino que ainda não perceberam que existem níveis de aprendizagem diversificados em cada turma e há a urgência de se planejar baseado nesses fatos tão relevantes e tão visíveis.
Vimos também, com o papel coadjuvante na crise educacional, a atuação dos professores, muitas vezes despreparados, sem estímulo para inovar, mal pagos, sobrecarregados e ainda por cima necessitando de aperfeiçoamento, mas sem a ajuda necessária por parte da instituição que trabalha.
Nós como educadores sabemos por experiência própria que não conseguiremos atingir o objetivo do processo ensino aprendizagem, que é formar cidadãos conscientes, críticos, participativos e que saibam expor suas opiniões na sociedade, sem esforço, sem determinação, sem apoio social e escolar e principalmente sem amor pelo que fazemos. Assim como Erin, a professora do filme, esses princípios éticos é que nos mantém arraigados à prática educativa.
A alegria e a satisfação de nos tornarmos úteis e necessários a outras pessoas é plena e maravilhosa e um momento do filme que comprova isso é quando ,Erin, a professora tão rejeitada a princípio, é motivo de união dos alunos que viam nela um modelo a ser respeitado a ponto de mudarem as normas escolares para que todos seguissem juntos para o ano seguinte, que seria o da formatura .
Essa admiração, por parte dos alunos, foi de tamanha importância na vida de Erin , que ela deixou a instituição escolar em que trabalhava para acompanhar seus alunos indo trabalhar na faculdade onde alguns de seus alunos tinham entrado.
Podemos trabalhar vários temas importantes através desse filme, pois nele vimos retratados a violência das ruas, o despreparo das autoridades escolares, o preconceito racial, a persistência em se conseguir o que almejamos, o amor pela profissão escolhida dentre outros.
Pensando em um desses temas que é o amor pela profissão, é que tiramos uma importante lição para nossas vidas, profissional e pessoal, a de que só conseguiremos êxito naquilo a que nos dedicamos, se realmente existir a paixão ,a alegria e a determinação e que não podemos desistir de seguir o caminho ao avistarmos o primeiro muro, e sim, procurar ajuda para derrubá-lo e no seu lugar construir verdadeiras pontes .
Juciara Brito, Acadêmica do curso de pedagogia pela FACE ( Faculdade de Ciências Educacionais)