A Vida de Sócrates
Filme: A Vida de Sócrates – Itália / 1971
Direção: Roberto Rossellini.
O Filme mostra o período pós Guerra entre Atenas e Esparta, cidades-Estado da Grécia. Atenas foi subjugada por Esparta, e alguns dos valores e virtudes democráticos antes defendidos pelos detentores do poder, deram lugar ao comodismo e à aceitação pacata de novos valores. Esses valores surgiram com o intuito de preservar a hegemonia e a herança gloriosa, do título de construtora do conhecimento e berço dos mais célebres filósofos que Atenas possuía.
Atenas era, também, essencialmente voltada à Divindade, que era concebida como detentora de todos os dons que eram dados aos humanos.
Sócrates, ( 470 – 399 a.C ), era um desses filósofos, que com o seu método particular de busca da razão através do questionamento das idéias através do diálogo, a maiêutica, teve muitos discípulos. Mas jamais atribuía a si a autoridade do saber, como demonstra em alguns dos seus diálogos, tais como, “ Só sei que nada sei “ e “ conhece-te a ti mesmo”, criando assim um ponto de partida para as suas concepções acerca da retidão humana e da moral.
Acreditava, portanto, que a maldade vinha da ignorância, e que, portanto, a prática da bondade era pressuposto de quem já conhecia a própria verdade, como virtude humana.
Assim concebia a Educação como prática da personalidade humana munida da virtude. E esta personalidade virtuosa, aliada à razão, levava o homem ao desenvolvimento da inteligência, a aprender a pensar e praticar o bem involuntariamente.
Sócrates pregou uma Educação gratuita, quando coloca a Educação não como ato de ensinar, mas sim de aprender ao mesmo tempo, e estabelecendo uma relação de igualdade com todos que compartilhavam de suas percepções. Era, na verdade, a reafirmação de suas convicções a respeito da personalidade humana, originalmente munida de virtudes por uma Divindade que queria conhecer. Sim, queria conhecer, porque até então, seus questionamentos ainda não lhe haviam dado provas suficientes de uma verdade a respeito do Divino.
Foi nesta circunstância que foi acusado como subversivo dos valores vigentes da época e condenado à morte por envenenamento. Convém ressaltar, que tais valores correspondiam a atitudes apáticas e inquestionáveis dos detentores do poder político e religioso da época, sobre a razão e a verdade acerca do humano em detrimento dos deuses. Estes valores foram refutados no seu discurso de defesa e na negativa à fuga, reafirmando os valores da retidão pregados por ele por toda sua vida.
A busca do conhecimento, definida pelo termo Educação, através da razão e do questionamento interior nos dias de hoje, tem notáveis vestígios e até verdadeiras contribuições do pensamento Socrático. No entanto, ainda continua permeada por concepções de poder, sejam elas políticas ou religiosas, que tentam delinear os caminhos para as práticas do questionamento humano, remetendo-nos, muitas vezes e ainda, há dois mil e quinhentos anos atrás.