Resenha: Quem Somos Nós?
O ser humano não sabe bulhufas. Esse é o ponto de partida de Quem Somos Nós? No original, o filme se chama: What the Bleep Do We Know? A tradução mais exata seria: O Que Bleep Nós Sabemos?, sendo que o "Bleep" significa aquele barulhinho usado para censurar os palavrões.
A própria Física Quântica é, muitas vezes, utilizada para explicar o inexplicável. De modo que tal ponto de partida nos leva à velha ideia socrática de que eu não sei nada, mas, pelo menos, sei que não sei nada, isto é, só sei que nada sei.
Deixando essas elucubrações de lado, o filme é uma produção admirável. A participação dos cientistas é de tirar o chapéu. No intrincado mundo acadêmico, quantas pessoas levariam a sério um projeto desses? O filme está cheio de conceitos profundos que deixarão o espectador pensando por um bom tempo. Por exemplo: “O cérebro não faz nenhuma diferenciação entre o que os olhos veem no ambiente real e uma lembrança”.
Intercalando-se com os depoimentos dos cientistas, há uma curiosa dramatização protagonizada por uma fotógrafa muda, que é irritadiça e tem baixa auto-estima. O filme é muitas vezes comparado a O Segredo porque aqui o público também é atiçado a interferir no Universo, criar a sua própria realidade etc. A isso se deve o sucesso comercial do projeto. Mas as melhores partes são as animações que apresentam os conceitos de Física Quântica e a famosa alegoria da Terra Plana (Flatland), de Edwin Abbott. Esta última só aparece na versão estendida.
É um filme obrigatório para quem tem a mente aberta e gosta de uma longa conversa filosófica como os amigos, numa mesa de bar ou num café.