Resenha: A Origem
Simplicidade nunca foi o ponto forte de Christopher Nolan, que, além de diretor, assina como roteirista e produtor de A Origem. Se em seu primeiro filme de sucesso, Amnésia, de 2000, a história é contada de trás para frente, aqui o espectador é levado para camadas cada vez mais profundas de sonhos.
O que torna tudo muito confuso, porém, é que a ação não transcorre na cabeça de um único sonhador, e sim numa espécie de região coletiva manipulada por mercenários que, para isso, recorrem a uma estranhíssima tecnologia (cujo funcionamento o engenhoso Nolan não se dá ao trabalho de explicar). Normalmente, eles invadem a mente de figurões do mundo corporativo a fim de roubar informações. Desta vez, porém, o desafio é justamente o contrário, ou seja: implantar uma ideia na cabeça de um jovem herdeiro. O único problema é que, mesmo nos sonhos dos outros, Cobb (Leonardo diCaprio) se depara com uma misteriosa mulher...
Paralelamente, há outra situação (freudiana) que se apresenta: a relação do jovem herdeiro com o seu falecido pai. Alguns pensarão no inconsciente coletivo de Jung, outros pensarão em The Matrix, mas a verdade é que A Origem é um típico filme de ação. Em vez de explorar elementos e cenários verdadeiramente oníricos, Christopher Nolan se preocupou em atender à demanda do grande público, que, como se sabe, adora uma perseguição de carros, tiroteios e explosões alucinantes.
Apesar desses pontos negativos, vale a pena ver o filme. Leonardo diCaprio está muito bem no papel principal, os diálogos têm força e o suspense evolui de forma consistente. Para terminar, aqui vai uma fofoca: enquanto A Origem repercute pelo mundo, os últimos rumores de Batman 3 (próximo trabalho de Nolan) são de que o filme poderia ter o próprio diCaprio como o Charada, embora Tom Hardy e Joseph Gordon Levitt estejam mais bem cotados.