RESENHA
FILME: PARIS, TEXAS
ROTEIRISTAS: L.M. Kit Carson e Sam Shepard
RESENHISTA: Onã Silva
 
Paris, Texas é um filme de 1984, do gênero drama, dirigido pelo cineasta alemão Wim Wenders. Sucesso de público e de crítica, recebeu prêmios internacionais, como a Palma de Ouro, por melhor filme, no Festival de Cannes. O filme é singular: história densa e destaca-se pela trilha sonora melancólica de Ry Cooder. Os protagonistas foram interpretados pelos atores Nastassja KInski e Harry Dean Staton.
 
 
 
Paris, Texas é um filme insólito. Expõe o drama humano diante da dificuldade de relacionar-se harmonicamente com o outro – inclusive com a família.
 
Através da vida de Travis: sem rumo, sem presente e com uma relação familiar em passado turbulento, a escória humana é evidenciada.
 
Não há relacionamento contínuo no filme. Há rupturas amargas como a de Jane e Travis – estes personagens demonstram uma solidão densa que não é preenchida em momento algum no decorrer do filme.
 
A mudez de Travis é a marca do filme. Não há diálogos significantes, as pessoas trocam palavras através de poucas interações. Os diálogos muitas vezes são construídos com dificuldades e são na grande maioria reticentes e lacônicos.
 
A compulsão de Travis em andar sem rumo, atravessando tantos caminhos, explicita a angústia humana – que às vezes precisa de uma terapêutica fora do contato humano.
 
Hunter é filho de Travis, mas passou quatro anos sem ver o pai e a mãe. A criança apresenta-se dócil, apesar de abandonada pelos pais. Fica arredio com a presença paterna. A aproximação do pai não é tão relutante. O filho quer o amor dos pais e tem o afeto dos tios.
 
A paixão de Travis e Jane tem um comportamento patológico (o ciúme e o sufocamento, por exemplo). Sobreviveram até a fuga da mulher numa homeostase construída pela desconfiança, aprisionamento e sufocamento.
 
Travis é embotado afetivamente, procura debaixo de um sol causticante a única esperança para sua desestrutura: um pedaço de terra sem atrativo.
 
A distância de Paris, Texas é semelhante ao distanciamento dos personagens.
 
Não há interações com outras famílias. O filme resume-se nos momentos claudicantes de Travis: anda sem parar.
 
A estrutura plástica do filme é iniciada pelo sol causticante e paradoxalmente vai decorrendo com ambientes frios e lúgubres. A plasticidade do filme é comum, revelando apenas alguns momentos a arquitetura singular de Los Angeles e Houston.
 
Pode-se afirmar que o filme explicita o caótico ambiente familiar – um verdadeiro niilismo nas relações humanas.
 
Depois de assistir Paris, Texas não há espaço para o telespectador ignorar que o filme é verdadeiro e atual, por explicitar a dramática realidade humana, dos tempos modernos.
 
O filme expressa a inadequação do homem em sobreviver diante de suas limitações afetivas e a fuga de Travis para Paris, Texas é o desejo do homem em hibernar-se para aliviar suas dores, sofrimentos e dificuldades.
Onã Silva A Poetisa do Cuidar
Enviado por Onã Silva A Poetisa do Cuidar em 03/08/2010
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