Duro de Matar
Acredito que todos já tenham tido a chance de assistir este clássico do cinema e literatura. O havia assistido há alguns anos (cerca de uns 9), porém me deparei com ele novamente ontem à noite na TV. O filme foi lançado em 1988, um ano antes do meu nascimento, num tempo aonde a arte do cinema estava em constante evolução ainda.
Resolvi assisti-lo novamente, primeiro porque já fazia muito que havia assistido, segundo pois agora conto com uma visão crítica, mais avantajada e madura, que antes, obviamente não tinha. O gênero do filme dirigido por John McTiernan é ação, um tema que confesso não me encanta, porém baseado em um romance de 1970 do escritor Roderick Thorp intitulado Nothing Lasts Forever, o que certamente é um diferencial em minha opinião, já que dá mais conteúdo e rumo para o diretor trabalhar.
Vamos à sinopse da obra: No Natal, o policial nova-iorquino John McClane interpretado por Bruce Willis vai visitar a mulher, Holly Gennero em Los Angeles. Chegando à cidade vai para uma festa em seu local de trabalho, a Nakatomi Plaza, uma gigantesca multinacional. Enquanto ele se troca no banheiro, terroristas alemães liderados por Hans Gruber interpretado por Alan Rickman tomam o prédio pretendendo roubar US$600.000.000,00 em ações. Então, John McClane tenta chamar a polícia e vai, enquanto isso, tentando combater os terroristas.
O filme nos mostra claramente certos conceitos e medos creditados pela geração da época, como o da proteção de parentes e que os terroristas não matariam poderosos empresários. Também mostra a inocência dos civis quanto aos terroristas e a falta de seriedade da polícia. Quanto a gravação percebe-se um cinema norte-americano ainda se profissionalizando, cometendo gafes graves de continuidade e edição, porém muito hábil em táticas didáticas de valores sociais e pessoais, além de uma catequização de policial bom e ruim. Os erros grotescos do filme tornam-se aceitáveis levando em conta a sua mensagem de companheirismo e altruísmo. Não pretendo me focar aqui em erros, mas sim nos prós do filme, porém listá-los-ei aqui rapidamente a título de curiosidade.
No começo do filme, os terroristas entram no hotel em um caminhão que porta em sua carga cerca de uma dúzia de alemães, porém no final sai uma ambulância pequena de dentro do mesmo caminhão. Como? Vamos adiante... Um dos terroristas é enforcado por uma corrente e já sem vida fica suspenso, enquanto John McClane faz um nó na corrente em um metal qualquer, porém no final, após algumas explosões, etc, o mesmo terrorista levanta-se na frente do prédio armado e tenta matar McClane. Ok!? Não faz sentido, deixa pra lá! Acredito que tenha sido a tentativa de pôr um final surpreendente no filme, todavia esculhambando o roteiro e tudo mais. O último deles, talvez porém possível, é que um grupo de terroristas fora do prédio se fazem passar por agentes do FBI, tomando conta da situação e acobertando o roubo dos terroristas que estão dentro do prédio. Eu me pergunto: Será que a polícia iria, simplesmente, acreditar no boca a boca dos agentes? Sem ao menos checar as credenciais e nomes? Dificilmente, se tratando da famosa polícia de Los Angeles, EUA.
Voltando aos prós, acredito que o filme desenvolve muito bem seus personagens, tornando-os incrivelmente interessantes e humanos. A decupagem (ato de dividir cenas e a previsão de como estas vão ser ligadas umas nas outras) dá um ar natural ao filme, deixando-o a um ritmo agradável e leve, além de aceitável quanto à linha de tempo. O policial John McClane resiste a tudo no filme; o medo que descubram a sua mulher entre os reféns, as vidas em risco, ser pego ou atingido, o chefe de polícia que desconfia dele, o amigo de sua mulher que tenta entregá-lo aos terroristas, os tiroteios e brigas com os terroristas, pés cortados pelos cacos de vidro, etc. O fato é que a sua resistência não se dá apenas a força física, mas, sobretudo a força de vontade e inteligência, servindo assim ícone heroico para policiais e sociedade.