Documentário-VLADO 30 anos depois
O documentário nos remete a história de vida do jornalista Iugoslavo Vladimir Herzog, mais conhecido entre os seus amigos por “Vlado”.
O diretor e idealizador do filme João Batista de Andrade, jornalista e amigo de Vladimir Herzog conta de maneira intimista através de uma câmera pequena destas que temos em casa, os momentos difíceis de luta e sofrimento que permeiam a vida do jornalista.
Ao som da música “O Bêbado e Equilibrista” de João Bosco e Aldir Blanc são relatadas as agressões sofridas pelas pessoas que eram contra a ditadura militar, as chamadas comunistas e pelos intelectuais de esquerda membros do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e tudo o que ocorria naquela época.
Um trabalho de esforço reconhecido, pessoal, documentário sem muitos truques ou efeitos, o ideal foi simplesmente relatar e homenagear a história de vida de um amigo.
Herzog veio da Iugoslávia com os seus pais aos sete anos de idade durante a época nazista, de perseguição aos judeus.
Desde então, o menino de “inteligência afiada” (como é dito no documentário pelo cineasta argentino Fernando Birri) traçou uma carreira onde passou pela BBC em Londres, TV Cultura (Diretor de Jornalismo) e a revista “Visão”, entre outros trabalhos. Além de sempre declarar a sua paixão pelo cinema e outras artes.
Foi contra a ditadura militar e lutou pela redemocratização da política brasileira.
O diretor narra o documentário em frente à Igreja da Sé, local marcante que se tornou ponto para o debate e fúria do povo brasileiro em relação à morte contraditória do jornalista. E onde foi realizado o ato ecumênico da morte de “Vlado” pelo arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns e o rabino Henry Sobel.
Estrategicamente, o filme se desembaraça entre as imagens filmadas com a câmera digital em uma mistura de envolvimento pessoal pela relação do diretor com as pessoas que deram o depoimento. Os seus amigos jornalistas e sua ex-mulher-Clarice Herzog, Paulo Markun, Alberto Dines, Mino Carta, Fernando Morais e Sérgio Gomes.
Há depoimentos de pessoas nas ruas em que Andrade as questiona para saber quem foi Vladimir Herzog, e percebe que pouco se sabe sobre ele no Brasil após 30 anos de sua morte.
Seus amigos foram presos em suas casas de maneira educada, mas que depois viriam a ser perseguidos pela repressão, torturados massacrados após o AI-5(Ato Institucional).
Markun conta, que para ele o que mais aterrorizava era ver sua mulher sendo torturada pelos choques elétricos, pois não havia o que se fazer para protegê-la.
“Vlado” foi morto e torturado no DOI-CODI (órgão da repressão política do regime militar) em 25 de outubro de 1975. Em que havia uma contradição sobre a sua morte por suicídio ou assassinato. Após investigações constatou-se que houve morte violenta por assassinato.
O Diretor quis transmitir algo sobre o jornalista de modo a pesquisar arquivos e pessoas relacionados com a morte do jornalista.
Como já o conhecia o documentário se tornou algo para ser lembrado para sabermos um pouco mais sobre a sua história de vida do jornalista cruelmente morto e injustiçado.