O livro de Eli - Resenha por Giselle Sato
Filmes que se passam em futuros pós-apocalípticos, com direito a lutas e ideais, são sempre um apelo fortíssimo e normalmente grandes sucessos. O livro de Eli possui um atrativo a mais: Denzel Washington em grande atuação, com direito a um final surpreendente, interpretando um enredo inteligente e reflexivo. Repleto de mensagens subliminares, merece ser assistido sem qualquer preconceito religioso, certamente será mais um Cult e de todo coração espero que permaneça na ficção.
Quem escolhe este estilo de filme, de antemão espera assistir uma saga em um mundo inóspito, com o personagem principal lutando pela sobrevivência e com algum objetivo nobre. O que varia são as pitadas de adversidades, no Livro de Eli encontramos os sobreviventes da hecatombe e as adversidades como a fome, que leva ao canibalismo, falta de água evocando a lei do mais forte e os raios solares, um inimigo mortal que causa cegueira.
Eli passa 30 invernos vagando na companhia do imenso volume que protege, vencendo vários obstáculos causados pela natureza e pelo homem. Ele segue a intuição e tenta chegar a um local onde o livro estará seguro, sem conhecer o caminho ele apenas intui a direção. O Oeste.
Carregando e protegendo o último exemplar, pois todos os demais foram queimados porque acreditavam que o livro foi a causa do caos. Incansável enquanto o resto do mundo enfrenta as trevas da ignorância, ele lê todas as noites em busca de conforto. A nova geração só distingue as necessidades do corpo, não sabe ler e os valores do espírito não interessam nos novos tempos.
Naturalmente há um vilão à altura interpretado por Gary Oldman, o cruel Carnigie é o dono de uma cidade que comercializa água à base de escambo e mantêm a ordem usando uma gangue violenta. Os mesmos homens percorrem desertos em suas motos em busca de um livro, a verdadeira obsessão de Carnigie é obter o poder que o livro irá proporcionar ao dono. No embate temos a jovem Solara, questionando Eli sobre sua convicção e o próprio Carnigie que atribuiu poderes mágicos ao livro.
Começa a esquentar a história, nosso herói é mestre com a espada e há momentos de luta e ação que tanto gostamos nestas sagas. Ficamos imaginando qual o poder que o ambicioso tirano atribui ao misterioso compêndio, afinal desde o início pelos versículos que Eli recita, suspeitamos tratar-se de alguma escritura antiga e sagrada. Se esmiuçar a questão, vou tirar a graça da historia que é justamente entender a razão da determinação do personagem.
O livro de Eli emociona quando nos lembra do poder da palavra, do conforto que não valorizamos e perdemos, do desperdício, da importância da simplicidade e no quanto somos frágeis. No cenário devastado, o guerreiro torna-se primordial para o recomeço da sociedade, trazendo a luz da sabedoria em forma de esperança.
O filme apresenta um personagem que é a fé encarnada, a força acima do sofrimento por um ideal, a crença sem professar qualquer religião ou defender causas e apontar caminhos.
O enredo é atual e um dos maiores temores da humanidade. Escolhas, valores, medos, oportunidades, salvação... E mais uma vez a Arte conduzindo, distraindo, encantando e nos fazendo refletir.
Isto é cinema e dos bons!
Ficha Tecnica:
Título Original: The Book of Eli.
Origem: Estados Unidos, 2010.
Direção: Albert Hughes e Allen Hughes.
Roteiro: Gary Whitta.
Produção: Broderick Johnson, Andrew A. Kosove, Joel Silver, David Valdes e Denzel Washington.
Fotografia: Don Burgess.
Edição: Cindy Mollo.
Música: Atticus Ross.
Elenco:
Denzel Washington, Gary Oldman, Mila Kunis, Ray Stevenson, Jennifer Beals, Evan Jones, Joe Pingue, Frances de la Tour, Michael Gambon, Tom Waits, Chris Browning, Richard Cetrone, Lateef Crowder, Keith Davis, Don Tai, Thom Williams, Lora Cunningham, Scott Wilder, Heidi Pascoe, Jennifer Caputo, Eddie Perez, Spencer Sano, Karin Silvestri, Mike Gunther, John Koyama, Mike McCarty, Scott Michael Morgan, Sala Baker, Arron Shiver, Justin Tade, Mike Seal, Richard A. Smith, Paul Crawford, Edward A. Duran, David Wald, Jermaine Washington, Kofi Elam, Clay Donahue Fontenot, Al Goto, Brad Martin, Tim Rigby, Luis Bordonada, Robert Powell, Angelique Midthunder, Todd Schneider, Darrin Prescott, Laurence Chavez, Brian Lucero, David Midthunder, Malcolm McDowell e Frank Powers.