O impacto que atrai, seduz e mata!

As primeiras cenas de “Obrigado por Fumar” nos fazem crer que não se trata de um filme contra a indústria do tabaco mas, sim, a favor do talento da argumentação. Aprende-se em jornalismo que a verdade não existe: depende do ponto de vista de cada pessoa a veracidade de um fato. Que pode ser negativa ou positiva, dependendo do interesse de quem o defende.

A começar pelo título do filme, o impacto ocorre ao se pensar que ninguém, em sã consciência, agradeceria por um ato que pode produzir tantas mortes. Fumar é um direito, qualquer um pode decidir pelo ato, sem constrangimento. Agora, em determinadas situações, passa a ser crime, e não se pode agradecer a quem comete um crime.

Nick Naylor, o lobista, depois de ser dominado por uma jornalista esperta, que lhe atrai, seduz e quase mata, acaba provando do seu próprio veneno: a sedução. Mais do que qualquer boa tese de argumentação, as palavras, se bem encaixadas e colocadas no lugar certo, podem convencer, iludir, seduzir...

Os sentidos ficam entorpecidos, a vista já não enxerga bem, as narinas não conseguem identificar qualquer odor, o paladar não desvenda o sabor. Esses são alguns dos efeitos narcotizantes desta droga: a sedução.

Pode-se afirmar que é a grande arma da indústria do tabaco, pois se utiliza de belas paisagens e imagens de produtos que são sonhos de consumo para seduzir seus clientes a entrar para o mundo dos bem sucedidos homens de negócios que, a cada tragada, realizam grandes feitos para a humanidade.

Mas, ao que parece, este cenário está desmoronando. Em todo o mundo, as proibições ao ato de fumar estão cada dia maiores, e já não se enxerga o fumante como um exemplo de elegância, glamour... a nicotina está em baixa, e com ela caem também os argumentos de liberdade para quem sabe que vai morrer, mas não consegue fugir dos braços da morte.

(em 22/05/2009)