ANÁLISE HISTÓRICA DO CONTEXTO DO FILME: “DAENS - UM GRITO DE JUSTIÇA”
ANÁLISE HISTÓRICA DO CONTEXTO DO FILME: “DAENS - UM GRITO DE JUSTIÇA”
1) O FILME:
O filme DAENS se passa no final do Século XIX, em Aalst – Bélgica, uma pequena cidade flamenga, onde se iniciam as primeiras rebeliões dos trabalhadores da Industria por melhores condições de trabalho. Nessa época ainda não haviam leis que garantissem os direitos trabalhistas e o papel da Igreja com sua doutrina social “Rerum Novarum” (1) era muito importante para a sociedade.
Na Bélgica não existe um idioma belga. As pessoas falam dois idiomas: na metade norte do país, o holandês e na metade sul, o francês. A explicação está em que o país abriga duas comunidades de origens diferentes, a flamenga (ao norte) e a vala (ao sul). Por esse motivo, os operários do filme falavam em idioma diferente ao da classe mais privilegiada (a burguesia), no caso o Francês.
Essa comunicação dificultava ainda mais a vida dos trabalhadores.
A história começa a mudar naquela cidade (Aalst – Bélgica) com a chegada do Padre Daens que é designado para assumir a Igreja local.
Completamente sensibilizado com as críticas condições de miséria da população, o seu lado revolucionário é aceso e ele tenta mudar a consciência que imperava entre os oprimidos da sociedade, ou seja, de total subserviência à burguesia.
Utilizava-se do jornal católico para incitar o povo a lutar por seus direitos contra as injustiças que estavam sendo submetidos, mas se mantinha em uma condição delicada entre a sua fé e sua conscientização política.
Para defender e representar o interesse do povo, o Padre Daens se candidata a deputado pelo Partido Social Cristão e instrui a população, analfabetos em sua maioria, a usar o poder do voto que, para mim, é o ponto alto do contexto histórico do filme.
A ampliação do sufrágio, ao ser adotado, permitiu que o povo exercesse sua soberania pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, nos termos da lei.
Através do voto, o povo começou a ter condição de escolher seu(s) representante(s) para o parlamento.
Nesse período, se inicia a passagem do Estado Liberal para o Estado Social garantidor dos direitos.
PESQUISA
Rerum Novarum
(1) A condição operária, a relação entre trabalho e capital, patrão e empregado, é tratada nesta encíclica de Leão XIII. Um dos marcos da doutrina social da Igreja, a Rerum Novarum reforça o direito à propriedade e a harmonia entre as classes sociais. Ela condena a solução socialista que instiga nos pobres o ódio contra os que possuem, condena os que pretendem que toda a propriedade de bens particulares deve ser suprimida, que os bens de um indivíduo qualquer devem ser comuns a todos, e que a sua administração deve voltar para os Municípios ou para o Estado.)
2) A EXPLORAÇÃO DAS MULHERES E CRIANÇAS:
Os trabalhadores eram escravizados, principalmente as mulheres e crianças que, mesmo cumprindo uma carga horária trabalhada de até 14 e 16 hrs. por dia, tinham seus salários reduzidos com o pretexto de não possuírem força física suficientes.
A mortandade ocorria em grade escala.
As mulheres formavam mais da metade da massa trabalhadora. Crianças começavam a trabalhar aos 6 anos de idade... Não havia qualquer garantia...
A mecanização (utilização de máquinas), desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir os salários...
Pessoas se entregavam ao alcoolismo pelo desespero da miséria que eram submetidos.
Enquanto isso, os burgueses, o governo e a Igreja organizavam uma defesa militar para proteger as empresas e o poderio desmedido.
3) O SOCIALISMO
O movimento socialista começa a incitar o povo às mudanças e a luta das classes pelos seus Direitos, através de jornais e informativos.
O Socialismo é uma doutrina que preconiza a propriedade coletiva dos meios de produção (terra e capital), e a organização de uma sociedade sem classes.
4) O PAPA LEÃO XIII
O Papa Leão XIII nega receber o Padre Daens e lhe envia uma carta com partes da Encíclica (Carta circular do Papa ao mundo católico).
Decepcionado, DAENS retorna a Aalst e tenta explicar ao povo que todos deveriam continuar a luta.
A Igreja, porém, na figura do Bispo, envolvido pelas artimanhas dos industriais, solicita o afastamento do Padre DAENS de suas funções eclesiásticas.
Mais uma vez a Igreja demonstra que protege o poder em detrimento à justiça social.
Parte da Encíclica do Papa LEÃO XIII . (PESQUISA)
"Não ajudar o socialismo - 34. Tomai ademais sumo cuidado para que os filhos da Igreja Católica não dêem seu nome nem façam favor nenhum a essa detestável seita" (Quod Apostolici Muneris, no. 34).
"Porque enquanto os socialistas, apresentando o direito de propriedade como invenção humana contrária a igualdade natural entre os homens; enquanto, proclamando a comunidade de bens, declaram que não pode tratar-se com paciência a pobreza e que impunemente se pode violar a propriedade e os direitos dos ricos, a Igreja reconhece muito mais sabia e utilmente que a desigualdade existe entre os homens, naturalmente dissemelhantes pelas forças do corpo e do espírito, e que essa desigualdade existe até na posse dos bens. 29. Ordena, ademais, que o direito de propriedade e de domínio, procedente da própria natureza, se mantenha intacto e inviolado nas mãos de quem o possui, porque sabe que o roubo e a rapina foram condenados pela lei natural de Deus" (Quod Apostolici Muneris, - Encíclica contra as seitas socialistas, no. 28/29).
5) A IGREJA
A Igreja por temer o desprestígio do povo e, conseqüentemente a entrada do Socialismo que diminuiria o seu grande poder, tendo como aliado principal os industriais e a burguesia em geral, deixava que o Padre DAENS travasse uma luta solitária sem qualquer apoio.
6) CONCLUSÃO:
Um fio de esperança e de justiça para as futuras gerações eram alimentadas através da luta do Padre DAENS.
Os oprimidos teriam esperança de que seus Direitos seriam respeitados e uma Sociedade mais justa se ergueria das cinzas que representavam a dor, a miséria e a infelicidade dos povos.
ANÁLISE HISTÓRICA DO CONTEXTO DO FILME: “DAENS - UM GRITO DE JUSTIÇA”
1) O FILME:
O filme DAENS se passa no final do Século XIX, em Aalst – Bélgica, uma pequena cidade flamenga, onde se iniciam as primeiras rebeliões dos trabalhadores da Industria por melhores condições de trabalho. Nessa época ainda não haviam leis que garantissem os direitos trabalhistas e o papel da Igreja com sua doutrina social “Rerum Novarum” (1) era muito importante para a sociedade.
Na Bélgica não existe um idioma belga. As pessoas falam dois idiomas: na metade norte do país, o holandês e na metade sul, o francês. A explicação está em que o país abriga duas comunidades de origens diferentes, a flamenga (ao norte) e a vala (ao sul). Por esse motivo, os operários do filme falavam em idioma diferente ao da classe mais privilegiada (a burguesia), no caso o Francês.
Essa comunicação dificultava ainda mais a vida dos trabalhadores.
A história começa a mudar naquela cidade (Aalst – Bélgica) com a chegada do Padre Daens que é designado para assumir a Igreja local.
Completamente sensibilizado com as críticas condições de miséria da população, o seu lado revolucionário é aceso e ele tenta mudar a consciência que imperava entre os oprimidos da sociedade, ou seja, de total subserviência à burguesia.
Utilizava-se do jornal católico para incitar o povo a lutar por seus direitos contra as injustiças que estavam sendo submetidos, mas se mantinha em uma condição delicada entre a sua fé e sua conscientização política.
Para defender e representar o interesse do povo, o Padre Daens se candidata a deputado pelo Partido Social Cristão e instrui a população, analfabetos em sua maioria, a usar o poder do voto que, para mim, é o ponto alto do contexto histórico do filme.
A ampliação do sufrágio, ao ser adotado, permitiu que o povo exercesse sua soberania pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, nos termos da lei.
Através do voto, o povo começou a ter condição de escolher seu(s) representante(s) para o parlamento.
Nesse período, se inicia a passagem do Estado Liberal para o Estado Social garantidor dos direitos.
PESQUISA
Rerum Novarum
(1) A condição operária, a relação entre trabalho e capital, patrão e empregado, é tratada nesta encíclica de Leão XIII. Um dos marcos da doutrina social da Igreja, a Rerum Novarum reforça o direito à propriedade e a harmonia entre as classes sociais. Ela condena a solução socialista que instiga nos pobres o ódio contra os que possuem, condena os que pretendem que toda a propriedade de bens particulares deve ser suprimida, que os bens de um indivíduo qualquer devem ser comuns a todos, e que a sua administração deve voltar para os Municípios ou para o Estado.)
2) A EXPLORAÇÃO DAS MULHERES E CRIANÇAS:
Os trabalhadores eram escravizados, principalmente as mulheres e crianças que, mesmo cumprindo uma carga horária trabalhada de até 14 e 16 hrs. por dia, tinham seus salários reduzidos com o pretexto de não possuírem força física suficientes.
A mortandade ocorria em grade escala.
As mulheres formavam mais da metade da massa trabalhadora. Crianças começavam a trabalhar aos 6 anos de idade... Não havia qualquer garantia...
A mecanização (utilização de máquinas), desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir os salários...
Pessoas se entregavam ao alcoolismo pelo desespero da miséria que eram submetidos.
Enquanto isso, os burgueses, o governo e a Igreja organizavam uma defesa militar para proteger as empresas e o poderio desmedido.
3) O SOCIALISMO
O movimento socialista começa a incitar o povo às mudanças e a luta das classes pelos seus Direitos, através de jornais e informativos.
O Socialismo é uma doutrina que preconiza a propriedade coletiva dos meios de produção (terra e capital), e a organização de uma sociedade sem classes.
4) O PAPA LEÃO XIII
O Papa Leão XIII nega receber o Padre Daens e lhe envia uma carta com partes da Encíclica (Carta circular do Papa ao mundo católico).
Decepcionado, DAENS retorna a Aalst e tenta explicar ao povo que todos deveriam continuar a luta.
A Igreja, porém, na figura do Bispo, envolvido pelas artimanhas dos industriais, solicita o afastamento do Padre DAENS de suas funções eclesiásticas.
Mais uma vez a Igreja demonstra que protege o poder em detrimento à justiça social.
Parte da Encíclica do Papa LEÃO XIII . (PESQUISA)
"Não ajudar o socialismo - 34. Tomai ademais sumo cuidado para que os filhos da Igreja Católica não dêem seu nome nem façam favor nenhum a essa detestável seita" (Quod Apostolici Muneris, no. 34).
"Porque enquanto os socialistas, apresentando o direito de propriedade como invenção humana contrária a igualdade natural entre os homens; enquanto, proclamando a comunidade de bens, declaram que não pode tratar-se com paciência a pobreza e que impunemente se pode violar a propriedade e os direitos dos ricos, a Igreja reconhece muito mais sabia e utilmente que a desigualdade existe entre os homens, naturalmente dissemelhantes pelas forças do corpo e do espírito, e que essa desigualdade existe até na posse dos bens. 29. Ordena, ademais, que o direito de propriedade e de domínio, procedente da própria natureza, se mantenha intacto e inviolado nas mãos de quem o possui, porque sabe que o roubo e a rapina foram condenados pela lei natural de Deus" (Quod Apostolici Muneris, - Encíclica contra as seitas socialistas, no. 28/29).
5) A IGREJA
A Igreja por temer o desprestígio do povo e, conseqüentemente a entrada do Socialismo que diminuiria o seu grande poder, tendo como aliado principal os industriais e a burguesia em geral, deixava que o Padre DAENS travasse uma luta solitária sem qualquer apoio.
6) CONCLUSÃO:
Um fio de esperança e de justiça para as futuras gerações eram alimentadas através da luta do Padre DAENS.
Os oprimidos teriam esperança de que seus Direitos seriam respeitados e uma Sociedade mais justa se ergueria das cinzas que representavam a dor, a miséria e a infelicidade dos povos.