Alice no País das Maravilhas (Alice In Wonderland, EUA, 2010 - DIsney) de Tim Burton por Giselle Sato
Não esperava nada convencional de Tim Burton,para ser sincera queria que ele me surpreendesse, como sempre fez em todos os seus filmes. E não saí nem um pouco decepcionada, assisti a incrível jornada de uma Alice que cresceu e precisou descobrir sua verdadeira história para seguir em frente.
Neste conto de fadas, a protagonista para ter um final feliz, vai lutar para provar que faz por merecer. A adaptação tem momentos mágicos, efeitos lindos como convém à uma produção deste nível, e principalmente o toque irreverente do diretor. Nada é por acaso nas cenas de Tim, se observarmos atentamente Alice está repleta de questionamentos, sátiras e subterfúgios.
O filme começa mostrando um pouco da infância da menina Alice, atormentada por pesadelos vívidos, vivenciando questionáveis sonhos que mostram um mundo estranho, repleto de aventuras com seres fabulosos. Mas o pai de Alice é um negociante visionário, que segue seus impulsos no ramo das grandes viagens de navio, em busca de novas terras. Tão sonhador quanto a filha, ele nada vê de errado em ter imaginação e fantasias. Diferente de muitos os pais que vivem reprimindo os pequenos, a menina partilha com o pai uma normalidade condescendente, adiantada para a época.
Enfim somos apresentados à Alice Kingsleigh, uma jovem distraída em devaneios, viajando com a mãe em uma bela carruagem. De cara ganha a simpatia ao dizer não aos espartilhos, um ponto de ousadia comedida. Ou seja, a menina não é tão frágil quanto aparenta. Aos dezenove anos durante uma festa planejada, recebe uma proposta de casamento precoce e precisa se decidir: aceitar as obrigações da sociedade vitoriana, nada condescendente com as mulheres ou compreender o que seus sonhos ocultam? Descobrir quem é a verdadeira Alice parece ser seu maior desafio.
Neste momento, a jovem vê um coelho vestido correndo pelos jardins, intui que o conhece e põe em duvida sua sanidade, visto que tem uma tia completamente doida e teme terminar da mesma forma. Ela pensa, repensa e no final decide dar uma chance às suas dúvidas. O impulso de Alice em seguir o coelho, a levará ao buraco e passagem para o mundo subterrâneo. É o inicio da grande aventura.
Afinal te uma fala que resume tudo:“Você é completamente pirado. Mas, vou te contar um segredo. As melhores pessoas são assim…”
De Alice para o Chapeleiro Maluco.
Quando pensamos na Alice no país das maravilhas original, de Lewis Carol, vem logo a imagem do chapeleiro, o gato e a rainha ordenando: - cortem-lhe a cabeça! – São frases, personagens imortais no imaginário e coração das crianças de todas as épocas. A Alice criança saiu-se bem com a vivacidade, imaginação e espontaneidade típica dos nove anos.
Mas Tim Burton mandou Alice de volta aos 19 anos para o país das maravilhas e lá ela reencontra o Coelho Branco e a sábia lagarta Absolem, que deixa que ela resolva se é ou não a verdadeira Alice. A menina Alice que há anos visitou o mundo encantado e é aguardada para livra-los do grande predador, o monstro Jaguarte. Cruel animal que a Rainha Vermelha usa para manter o povo submisso.
Os gêmeos Tweedledee e Tweedledum são uma graça, o Gato de Cheshire , o cão farejador e outros seres, fazem parte do elenco um tanto bizarro com a pitada sombria e imprevisível, marca registrada de Tim Burton. Deixei para o final alguns personagens principais, que junto a Alice dão vida a esta incrível história.
O Chapeleiro Maluco (Johnny Depp), desta vez com imensos olhos amarelados e no tom perfeito, passando de questionador à irreverente sem cair no estereótipo de velhas performances com o mesmo diretor. O Chapeleiro é divertido e impossível não rir das suas tiradas.
A malvada Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter), cuja cabeça gigante por si só já garante as risadas. A corte da Rainha Vermelha é uma piada com a aristocracia, bajuladores cheios de horrendos apliques , escondem a aparência normal para não destoar da monarca. Vale ressaltar que Helena Bonham Carter está simplesmente fabulosa neste papel, sua rainha é ao mesmo tempo má, trágica e engraçada. Ela vem acompanhando o marido Tim Burton em suas obras, e só tem acrescentado por seu inegável talento.
A boa irmã da Rainha Vermelha, a Rainha Branca (Anne Hathaway), amada e sensível como toda nobre em apuros precisa ser. Anne consegue dar à personagem, a sensação de uma figura etérea e sublime, mas é ofuscada pelo carisma de Helena.
Finalmente Alice, vivida por Mia Wasikowska, sua atuação nos faz pensar na responsabilidade de uma jovem atriz em encarnar um personagem tão importante na historia. O peso parece leve sob os ombros frágeis da mocinha, encantadora e exatamente como eu imaginei que seria Alice com mais idade.
Não podemos esquecer o figurino perfeito, contrastando com o cenário mágico, a maquiagem e os efeitos especiais. Enfim uma produção que conta com o aval dos estúdios Disney, que garante qualidade e um grande espetáculo.