Ilha do Medo

Ironicamente, um dos melhores filmes de suspense dos últimos anos é justamente uma produção de um experiente e competentíssimo diretor que se engendra pelos caminhos do gênero pela primeira vez. O filme é Ilha do Medo (Shutter Island, 2010) do norte-americano Martin Scorcese.

A trama se passa no período pós-Segunda Guerra, quando os horrores ainda aterrorizam aqueles que vivenciaram de perto os sangrentos conflitos. O ano é 1954 e o detetive Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) junto com seu parceiro Chuck Aule (Mark Ruffalo) chegam à remota Ilha Shutter para investigar o desaparecimento de uma assassina, interna do Hospital Psiquiátrico Aschcliffe.

Martin Scorcese transforma através de seus enquadramentos, sóbria fotografia, diálogos e ótimas atuações, um filme B em um clássico do suspense em potencial. O filme bebe na fonte de grandes mestres do gênero, sobretudo o maior deles, Alfred Hitchcock, e aposta no clima film noir para construir uma narrativa sombria e um thriller psicológico bastante eficiente.

O roteiro, aparentemente confuso, impede que o espectador construa um raciocínio lógico no decorrer da narrativa e Scorcese parece não estar nenhum pouco a fim de nortear o público, até que um acontecimento desenrola rapidamente o que era difícil de acreditar, mas que o público cinéfilo já deduzia desde a metade do longa-metragem, mas que não deixa de ser interessante. A conclusão hitchcookiana explica demais e impede uma interpretação ambígua, que vinha sendo o grande mote da história. Acredito que seja o grande ponto narrativo do filme.

Mais do que um simples thriller que se propõe a solucionar um caso policial, a produção aborda também as consequências psicológicas da Segunda Guerra Mundial com uma mensagem impactante e pertinente.Também é digno de nota a atuação madura de Leonardo DiCaprio e a ótima participação de Mark Ruffalo. Ilha do Medo preenche um vácuo de bons filmes de suspense, não subestimando a inteligência e o bom gosto do público que gosta da tensão e o medo dos longas do gênero, mas não abre mão da qualidade estética.

Nota: 8,0

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