“Educação” (An Education)
“Educação” (An Education)
Precisando formar opinião sobre educação? Não se preocupe. Acabou de encontrar a resposta.
Peter Sarsgaars vai levar a adolescente Jenny
(Carey Mulligan) a um tour sobre o mundo de “com quantos paus se faz uma canoa na Inglaterra de 1961”, graças a primorosa fotografia de John de Borman. Sobretudo nas internas.
Com esse negócio do Oscar expandir de 5 para 10 a categoria de Melhor Filme, pode-se dizer que houve um desnivelamento entre oferta e demanda. Pode reparar que essas duas palavras estão sempre juntas. Oferta e demanda. No caso do cinema, ou antes, no caso do Oscar expandido, essa seleção causa certo desconforto nos amantes da sétima. Isso porque “Educação” é tão bom quanto “Amantes” (Two Lovers), do mesmo período, contando com os bambas Joaquin Phoenix e Gwyneth Paltrow. Por exemplo.
Peter Sarsgaars atuou (quase) recentemente no “As margens de um crime” (In the eletric mist), do Tavernier, Bertrand, um filme que, cá entre nós, tem pouca dívida com “Educação”.
Mas “Educação” tem seus truques. A fotografia caprichada, os signos, os referenciais de meninas educadas visando mais educação na época retratada, seu gosto musical, suas preferências literárias, suas inclinações acerca de pintores, grifes, costumes, o filme dirigido por Lone Scherfig educa os dinossauros do presente sobre os dinossauros do passado, nos levando a refletir onde as mentes estavam sintonizadas. As mentes dos jovens. E nesse ponto percebemos inexistirem palavras para descrever a transformação.
Um lar inglês. Uma escola com a Emma Thompson como diretora. Uma menina que levava a vida no violoncelo e ansiava estudar em Oxford, até ser surpreendida por um cavalheiro com mais coelhos na cartola que o próprio Mandrake.
Essa produção britânica foi cultuada pelos ingleses em 2009, na teoria e na prática. Por um lado as salas ficaram lotadas, por outro ganhou 17 indicações entre BAFTA e Globo de Ouro.
Viagens pela Inglaterra, ópera, boates, leilões, restaurantes, Jenny tem 16 anos e mora com os pais, estamos falando de 1961, Jenny diz que a vida não tem sentido, exceto, é lógico, essa maravilhosa versão da vida que Peter lhe proporciona. Ele a pede em casamento e a convida para dar um pulo em Paris. Até então ele driblou de calcanhar a mãe e o pai. O veterano e competente Alfred Molina, o pai, subiu mais um ponto na tênue escala da ribalta por sua atuação.
Jenny receberá o diploma na volta...
A atriz Carey Mulligan mostra seu envolvimento com os ardis de um mundo desconhecido de forma cativante para o público, ponto para ela, os ardis aparecem com o gosto da surpresa (ponto para o roteiro), a obviedade do final fica a encargo da malícia do espectador, e o filme da diretora e roteirista Lone Scherfig entra para a história como um candidato ao Oscar (expandido) nos mostrando uma lição bem apanhada.