"Guerra ao Terror" (The Hurt Locker)

Lembrando sempre de esquecer o título traduzido, verdadeiro atentado contra todas artes.

The Hurt Locker é biscoito fino no gênero, tem justa indicação ao Oscar pela atuação de Jeremy Renner, e dá até pra dizer que, a seu modo, é o “Platoon” desta nova geração de soldados, dentro e fora das salas cinematográficas.

Lembrando sempre que o nome de Guy Pearce, exibido na caixinha, dura exatos 5 minutos de filmagem, mas nem por isso a película perde lustro.

Lembrando enfim que soldados são apenas paus mandados, ou seja, não são os que apadrinham o evento e assinam contratos milionários com fornecedores de tanques e afins, para esfregam as mãos antes de conferir a féria na caixa registradora.

Kathryn Bigelow (direção), deve ter lido Pessoa, Fernando, “nada exclui ou exagera”, eis a sua cartilha, que narra com capacidade os cerca de 40 dias vividos por 3 soldados no Iraque.

Jeremy concorre ao Oscar mas todos, como diz a garotada, “mandam bem”, e a guerra vista pela ótica tecnológica manipulada por um pau mandado não vai se furtar a não mostrar suas derrapagens nas estradas das emoções. Afinal, o que é a vida para um sujeito nos seus cerca de trinta anos, cuja especialidade é desarmar bombas?

Detalhe para os gatos mancos exibidos aqui e ali, se esgueirando nos entulhos desta sandice, as poucas crianças e o modo como são apresentadas, os civis considerados “insurgentes” e sua incrível capacidade de dissimulação. A vida do trio se desenrola em meio a um eterno jogo de sombras, o roteiro de Mark Boal nos poupa de eventuais cansaços, os lugares comuns ficam no ar, nos levando a pensar se vão ou não aparecer e quando aparecem não são assim tão comuns. Talvez venham a ser.

Cinema é alto entretenimento quando elaborado com precisão. O tema do cinema fica a cargo do espectador. Guerra é uma realidade para uns, para outros objeto de curiosidade e quiçá de aprendizado.

No fim das contas, é preferível vê-la no mundo do “Luz,Câmera, Ação” do que nos jornais da TV.