Up - altas aventuras

Não se pode negar a qualidade das animações da Pixar. Desde ‘Toy Story’, passando por ‘Procurando Nemo’ e ‘Os incríveis’, até o recente ‘Wall-e’, a Pixar presenteia seu público com ótimas animações, não somente na parte técnica, mas também contando belas histórias.

Em “UP – altas aventuras”, somos apresentados a um protagonista um tanto quanto inusitado: um velho baixinho e rabugento. Carl Fredericksen desde criança sonhava em se tornar um grande explorador, e ainda quando criança ao conhecer Ellie, ele promete que um dia iria levá-los a um lugar na América do sul chamado de “Paraíso das cachoeiras”.

Carl e Ellie se casam, mas devido aos acasos da vida acabam nunca realizando a tão sonhada viagem. Muitos anos se passam e Ellie fica doente e morre, deixando Carl sozinho e abatido pela perda de seu grande amor. Subestimado por muitos, o velhinho é pressionado a vender a sua casa – onde conheceu e morou com sua esposa - a uma imobiliária que pretende construir um edifício.

Depois de ser intimado por um juíz a se mudar para um asilo, Carl, um vendedor de balões aposentado, decide viver a sua última aventura e amarra milhares de balões a sua casa, voando com ela rumo à América do sul. Porém, já no ar ele descobre que está levando um passageiro clandestino: Russel, um menino gordinho e alegre que é escoteiro, e que vai viver muitas aventuras ao lado de Carl.

Os minutos iniciais de Up, são o ponto mais forte do filme. Logo de cara conhecemos o tímido Carl criança, quando ele se depara com a extrovertida menina Ellie. Logo em seguida, nosso psicológico é testado, em uma emocionante sequência que resume a vida de Carl dali pra frente. Em cerca de 5 minutos, conhecemos os sonhos e as realizações do casal após ao casamento, e vemos a morte de Ellie. E é incrível como essa pequena montagem consegue sintetizar todas os sentimentos da vida daquele homem, sem um diálogo sequer; apenas com a música tema da esposa de Carl.

Apesar do início fortemente dramático, logo conseguimos rir com algumas situações, principalmente quando aparece o gordinho Russel, que a todo custo precisa ajudar um idoso, para assim ganhar uma medalha de escoteiro. E o filme continua assim, misturando humor, drama e aventura.

Se existe um ponto fraco em Up, esse se encontra na Segunda metade do longa. Nesse ponto, o diretor Pete Docter opita por criar muito mais ação, o que diminui a intensidade que havia sido mostrada até então, culminando com um clímax bem convencional.

Contudo, a linha principal do filme não chega a ser perdida, e até ao final são explorados os dramas familiares; tanto de Carl e o seu remorso de nunca ter cumprido sua promessa à esposa, quanto de Russel para com seu pai e sua madrasta.

O que óbviamente não se pode esquecer, é toda a parte técnica de Up, que como em todos os filmes anteriores da Pixar, está excelente. A caracterização tanto física quanto psicológica de Carl e Russel foi perfeita para o contexto da trama. Enquanto o visual de Carl possuí formas mais quadradas - representando sua personalidade mais séria e ‘rabugenta’-, Russel possuí um visual rechonchudo, passando toda a simpatia do personagem... Ah, claro, não se pode acusar Carl de não ser simpático. Ele desde o início nos causa empatia, tornando-se um personagem muito carismático.

Os cenários escolhidos para a aventura também são sensacionais. Inspirado nas chapadas do sul Venezuelano, as formações rochosas são magníficas, e vemos paisagens diversas que foram muito bem elaboradas.

Nesse cenário paradisíaco ainda conhecemos uma estranha ave, e um cão “falante” chamado Dug, que possuí momentos hilários no filme.

Up – altas aventuras é o tipo de filme capaz de seduzir pessoas de todas as idades, com um início bastante maduro, e muita aventura e diversão em sua outra parte. Afinal de contas, em tempos onde os idosos são tão desrespeitados, é comovente ver um velhinho se tornar um grande herói.

Jean Carlos Bris
Enviado por Jean Carlos Bris em 17/02/2010
Código do texto: T2091780
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