A ESTRADA
O filme 2012, que está prestes a chegar nas locadoras, é um lixo. Quando o assisti, estava na maior expectativa, pois o trailer dava a entender que se aprofundaria nas profecias Maias sobre o final dos tempos. Que nada: é um amontado de destruição, em cenas perfeitamente construídas, só que nada possui lógica e o filme é uma piada e uma perda de tempo.
Portanto, não foi sem uma certa desconfiança que me dediquei a ver outra obra com essa temática de fim do mundo. Mas, para minha satisfação, tive toda as expectativas muito superadas com A Estrada.
Aliás, devo corrigir minha frase. Não se trata de um filme sobre o fim do mundo. Mas, sim, sobre o que acontece depois do fim do mundo. Quando a história inicia, somos apresentamos a um futuro não muito distante, num planeta totalmente devastado. As cidades viraram um amontoado de ruínas, lixo e ferro-velho. As árvores estão mortas, a água está poluída, a vida marinha inexiste e não houve qualquer tecnologia que evitasse isso (até mesmo porque, criamos a tecnologia e nos tornamos dependentes dela. Uma vez que ela nos falte, o que há para se fazer?)
E não ficamos sabendo, em nenhum momento, como o planeta chegou a esse estágio. Porém, o tempo todo ficamos nos questionando sobre tais e quais razões. No caso, estamos vendo uma história em tela e desenvolvendo uma outra, em nossa mente, não sendo nenhum pouco difícil de tirar as próprias conclusões.
Da mesma forma, o enredo pode ser visto também através de dois pontos de vista de seus principais personagens. Há um pai (Viggo Mortensen, brilhante) e um filho (Kodi Smit-McPhee) que vagam por cidades devastadas, à procura de comida.
O pai, que testemunhou o fim de tudo, vai aos poucos perdendo a sua própria civilidade e entregando-se à lei do mais forte. Já o filho- que nunca soube o que teria sido um computador, um ar condicionado, um telefone celular ou, mesmo, um mar azul e um céu sem poluição- se mantém inocente. Mesmo que ele, e seu pai, sequer se incomodem em usar sapatos ou cobertores retirados dos cadáveres putrefatos que encontram pelo caminho.
E, durante o filme, jamais ficamos sabendo seus nomes, já que num mundo como esse um nome não significa mais nada. E tampouco existem conceitos de propriedade, pois o caos é a única coisa existente e ele pertence a todos. Apropriadamente o filme ganhou o nome de A Estrada, afinal, ela é o o único lar para os sobreviventes, que são eternos nômades.
Pai e filho vagam à procura de uma esperança que nunca parece surgir no horizonte sempre nublado ou chuvoso. Não há descanso, não há instante de felicidade, a não ser quando alguma coisa para comer é encontrada.
Logo, descobrimos que há também bandos que para sobreviver tornaram-se canibais, a ponto de capturar humanos para manter em cativeiro e sempre ter alimento à disposição. E, com isso, o medo dos outros ganha contornos muito justificáveis.
A Estrada não está concorrendo a nenhum Oscar, ao contrário do megacelebrado Avatar. Tantas pessoas tem lotado as sessões de cinema para ver Avatar e saem encantadas com o mundo concebido por James Cameron: Pandora.
E logo começam a falar da mensagem pacifista e ecológica do maravilhoso espetáculo de efeitos especiais. Pois bem, Avatar tem os seus méritos.
Mas perto de A Estrada, os conceitos ecológicos ditados pelo roteiro de Cameron soam como uma redação escrita por um estudante de 4ª série, de tão simplórios
É por isso que recomendo e convido as pessoas a assistirem A Estrada, que apresenta uma mensagem muito mais contundente sobre o planeta incrível que temos diante de nossos olhos e que estamos destruindo: a Terra.