2012 (É mesmo o fim do mundo...)
Há poucos dias assisti ao mega-propagandeado filme "2012" que, confesso, estava curioso para ver. Bem, sabe quando sua expectativa com relação a alguma coisa é frustrada? Assim, dá para resumir minha opinião com relação ao filme. De qualquer forma, vou falar sobre ele começando pelas coisas que gostei:
Pontos positivos de 2012
- John Cusack e Woody Harrelson. Dois excelentes atores. O primeiro interpreta o protagonista da história, um pai separado que faz de tudo para defender sua prole e a ex-mulher, por quem ainda é apaixonado. O segundo faz um pesquisador e divulgador de teorias de conspiração, que mantém uma rádio pirata em que fala sobre o fim do mundo.
- Os efeitos especiais são inacreditáveis, mas nada que você já não tenha visto em filmes como "Guerra dos Mundos". De qualquer forma, é curioso de ver cidades inteiras sendo arrasadas. É o fime-catástrofe definitivo.
Pontos negativos de 2012
O diretor Roland Emmerich é fascinado por destruição e já dirigiu filmes como Independence Day, Godzilla e O Dia Depois de Amanhã, que atraíram o público justo por essa proposta de mostrar imagens impossíveis de destruição. O novo filme, 2012, foi propagandeado à exaustão como se aprofundasse sobre a profecia dos Maias sobre o fim da era dos humanos. Só que isso é dito num diálogo perdido por um figurante que você esquece dois segundos depois. Só o que fica sabendo é que o mundo vai acabar, porque a radiação do sol está mais intensa e, como consequência, o núcleo da Terra está esquentando.
Esse fiapo de roteiro serve como desculpa para toda a destruição sem sentido. John Cusack repete o papel de Tom Cruise em Guerra dos Mundos. É pai separado e fica responsável por cuidar dos dois filhos. E é apaixonado pela ex-mulher. Só que, enquanto está desempenhando esse papel, descobre que há mais coisas entre o céu e a Terra do que o Governo nos deixa saber. E ele começa a fazer de tudo para manter a sua família à salvo (exatamente como em Guerra dos Mundos).
Mas o filme também empresta ao personagem de Cusack outra característica de filmes de Tom Cruise. Como em Missão Impossível, Cusak consegue se safar das situações mais perigosas e implausíveis, demonstrando um fôlego e tanto para correr, saltar ou dirigir em meio a prédios desabando. Só que o personagem de Cruise tinha a desculpa de ser um bem treinado agente secreto. E o de Cusack é apenas um escritor fracassado.
Em tempos de Barack Obama, Danny Glover interpreta um presidente negro. Só que é o presidente mais bonzinho de todos os tempos. Um vovô compreensivo que, quando descobre sobre o fim do mundo, abdica de ser levado para um local de segurança. Decide ficar para trás só para contar a verdade para a humanidade o que está acontecendo com o planeta. E ainda que haja terremotos, erupções e tsnumanis por toda a parte, ainda há quem esteja assistindo televisão. Ainda que tudo esteja desmorando, ainda há energia elétrica e telefonia celular. É nesse momento do filme que você começa a ter vontade de vomitar.
É simplesmente impossível se identificar com as emoções falsas apresentadas. Tudo soa clichê. Todo diálogo é banal, mal escrito e piegas ao extremo. A gente fica mais é torcendo para que morra todo mundo (exceto um cachorrinho que, em determinada cena, confesso: fiquei na expectativa para que se salvasse...)
Acho que se o Zé do Caixão dirigisse um filme desse conseguiria fazer algo melhor, mais interessante. Porque a sensação que fica é justamente essa: a de que o filme poderia ter sido bom, mas desperdiçou a chance de sê-lo. E se você não sabe nada sobre a profecia dos Maias sobre o fim da raça humana, tenha a certeza de que não será assistindo a esse filme que vai saber. Esse filme é, sem dúvida, o fim do mundo. E da paciência.