“Irresistível Paixão” (Out of Sight)
“Irresistível Paixão” (Out of Sight)
Nosso amigo Steven Soderbergh tinha levado a Palma de Ouro em Cannes, 89, por "Sexo, Mentiras e Videotape". Digo nosso amigo porque depois de "Erin Brockovich”, "Traffic", “Onze Homens e um Segredo” e mais extensa lista de consistência seja na direção, roteiro, produção ou todos, fica impossível negar um mínimo de gratidão pelo trabalho desse artista.
“Irresistível...” foi lançado em 98 e tem o pecadilho do tempo que correu e que elevou nossos parâmetros, ainda que na época tenha sido indicado ao Oscar de melhor roteiro, mas conta por outro lado com a vantagem de ser achado nas boas casas do ramo da locação.
Danny DeVito é um dos que assinam a produção e a lista do elenco concorre para a cogitação de que as vidas podem dar certo quando se empenham: George Clooney, Jennifer Lopez, Albert Brooks, Don Cheadle, Ving Rhames, Steve Zahn, Catherine Keener, Luis Guzman, Dennis Farina, Samuel L. Jackson e Michael Keaton, sendo esses dois últimos em pequenas aparições que só concorrem para o lustro da película.
O enredo de “Irresistível...” é o resumo dos que estão em variados matizes da marginalidade com fins pecuniários, e dão o seu próprio colorido a essa ingrata vertente. A comunicação “entrelinhas” sugerida pelo roteirista Scott Frank, sobre livro de Elmore Leonard, mostra ainda mais, justo nas entrelinhas, que a junção de pequenas boas idéias com as alegorias próprias da sétima da arte fluem na direção certa daquilo que se conhece por sucesso. Foi exatamente o que esse filme fez por Soderbergh, pois entre 89 e 98 o que passou por debaixo da ponte não deixou lembrança.
Rodado em Miami, Detroit e na Prisão Angola, Louisiana, que disponibilizou 500 presos para atuarem como extras, as pequenas historinhas de “Out of Sight” deram origem a séries de TV e a parcerias notáveis. Dá para assinalar de cara o dueto do diretor com o músico/compositor irlandês David Holmes, que assina a trilha, e o salto quântico de Soderbergh com a estréia da feliz e duradoura parceria com Clooney.
As vidas dão certo porque se associam, pode ser uma segunda cogitação. Até porque o estofo da trama é baseado nisso: múltiplas associações.
George Clooney interpreta a figura do galante vagabundo que passou a vida assaltando bancos sem jamais empunhar uma arma, ele tem um código de ética que poderia virar manual de boa conduta (não fossem os bancos), e o título em português acena ao espectador com a promessa de que a química entre Clooney e Jennifer Lopez será mostrada através de um encontro de rara elegância no mix câmera/diálogo/ambientação/música.