Besouro

A expectativa, muitas vezes, é proporcional à decepção por mais boa vontade que tenhamos com o produto a ser analisado. "Besouro", sem qualquer exagero, era o filme mais esperado pelo público brasileiro em 2009. Referendado pelo ótimo trailer que fez sucesso na internet, com milhares de visualizações e por criar um super herói genuinamente brasileiro.

No entanto, a grande expectativa e a louvável idéia de um herói capoeirista se dissipa tão rapidamente quanto os movimentos de Besouro. Os minutos iniciais são um banho de água fria no espectador mais atento. Utiliza-se em demasia o recurso textual para contextualizar a história e de forma redundante, ao invés de nos mostrar através de imagens.

Os diálogos iniciais são fraquíssimos e as atuações da mesma forma. O roteiro é burocrático, arrastado, tornando um filme sobre o lendário capoeirista do recôncavo baiano pouco ágil, com situações e conversas que pouco acrescentam à trama.

As boas passagens ficam por conta do ótimo ator Irandhir Santos, o Noca de Antônia. A cena que mistura capoeira e sensualidade entre Besouro (Aílton Carmo) e Dinorá (Jessica Barbosa) é outro destaque positivo do longa-metragem do diretor iniciante em longa-metragens, mas com sólida e premiada carreira publicitária, João Daniel Tikhomiroff. A marcante trilha sonora cantada por Gilberto Gil e a Nação Zumbi deve também ser valorizada.

Mas os problemas na direção, roteiro e elenco ofuscam de forma cruel a bela iniciativa e o que há de interessante no filme. A feira popular, o surgimento do herói, o comportamento dos vilões, tudo é abordado de modo muito inverossímel. Falta a Tikhomiroff o traquejo cinematográfico. A fotografia em nenhum momento explorou a paisagem da Chapada Diamantina e as lutas não tiveram seu caráter épico, devido aos planos fechados e claustrofóbicos. Mas mesmo de forma atabalhoada, é uma homenagem à Bahia e a nossa cultura tão peculiar.

Nota: 4,5

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