Dançar - Despertar de um desejo

Jean-Claude é um homem divorciado de uns 50 anos de idade que vive solitário e triste. Sua vida tediosa se resume a trabalhar num cartório e visitar o pai no final de semana. Uma vida sem graça e monótona acaba fazendo dele um ser sem opinião nem expressão. Depois que seu médico o orienta a buscar alguma atividade física, ele decide se matricular numa Academia de Dança especializada em Tango. A dança então muda a vida dele como jamais poderia pensar.

Talvez isso resuma em poucas palavras o filme e de antemão, afirmo que este não é um filme para quem está acostumado aos enredos e desfechos comuns ao cinema. È um filme para quem gosta de observar, de sentir, de compreender as emoções que envolvem a cada pessoa em seu mundo particular povoado de sonhos e frustrações que justificam o que realmente somos.

Se eu nunca tivesse tido o prazer de freqüentar uma academia de dança eu estaria dizendo que este filme não tem a menor graça, mas depois que se descobre a revolução interior que a dança é capaz de causar, esse filme toca de uma forma sutil e marcante. A dança de salão em particular o tango exige muita sintonia entre o casal, algo parecido a ouvir o corpo da outra pessoa e responder no mesmo tom, o que nos obriga a sentir a nós mesmos. Há uma cena em que o professor conduz Jean-Claude para equilibrar a postura que me traz uma das melhores sensações da dança: erguer. Mesmo que se aprenda a arriscar dois passinhos que sejam, a postura na dança dá um ar todo especial. Ganhar esse equilíbrio postural é algo que se tira do íntimo e no fundo resta a impressão de equilibrar o interior, de devolver a estima como se a respiração pudesse substituir as angústias pela leveza da harmonia tal, que seja capaz de trocar palavras pelo silêncio do olhar.

Sandra Lima Costa Melo
Enviado por Sandra Lima Costa Melo em 28/10/2009
Reeditado em 09/04/2010
Código do texto: T1892426
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