"O IMPÉRIO DOS SENTIDOS", 
       UM FILME QUE QUEBROU PARADIGMAS
                    

                            da série
                           Mitos sobre o Japão


                                                
FICHA TÉCNICA 0o....................................................

Título original em japonês: "Ai no kuriida" que significa "Tourada do Amor".  "Kuriida" vem de "corrida" (de touros), termo utilizado na Espanha.

Produção: Japão / França

Ano de lançamento no Brasil: 1976 (DVD disponível nas locadoras na seção de Filmes Eróticos)

Duração: 105 minutos



RESUMO COMENTADO 0o..............................................

   
  O filme japonês "O Império dos Sentidos", filmado em 1974 na França e lançado mundialmente em 1976, foi baseado em uma história verídica e, em seu roteiro adaptado para o cinema, conta a história de uma ex-prostituta que vai trabalhar num pensionato e desenvolve uma paixão obssessiva pelo seu patrão Kishizo Ishida (interpretado pelo ator japonês Tatsuya Fuji), um homem casado, vindo a praticar com ele um intenso sexo furtivo que, gradativamente, se torna doentio e público.

     Para driblar a censura japonesa e manter-se fiel ao roteiro onde constavam inúmeras cenas de sexo explícito, o diretor Nagisa Oshima optou em realizar "O Império dos Sentidos" em regime de co-produção com os franceses, criando um filme que quebrou os paradigmas sócio-culturais vigentes na época e encantou os cinéfilos do gênero drama-erótico no mundo todo, que ansiavam por uma obra-prima.
  
   A atriz japonesa Eico Matsuda, no papel de "Sada Abe", encantou a equipe que produziu o filme pois fazia realisticamente todas as cenas de sexo explícito, dispensando doubles...

Sada tocando shamisen para o seu patrão 


      No Brasil, o público tomou conhecimento do filme em agosto de 1976 através de um artigo publicado pela extinta revista Manchete, porém só pôde assisti-lo em 1980, ao final de um longo processo de 4 anos pelos órgãos de censura brasileiros.  Curiosamente, um filme japonês com sexo explícito foi o primeiro a ser liberado (para maiores de 18 anos) pela censura para o circuito comercial.
    
     Um dos reflexos desse filme na sociedade brasileira foi uma tese acadêmica, de autoria da Profa. Mestre Kybelle de Oliveira Rodrigues, apresentada no XI Congresso Internacional da ABRALIC, realizado entre 13 e 17/07/08, em São Paulo, que, numa de suas partes, diz:

"Contrariamente ao Ocidente judaico-cristão, que quer que o sexo seja indissociável do Mal, o Japão não condena o prazer em si; o sexo não implica nenhuma culpabilidade pessoal, sendo o único limite, segundo a moral confuciana, não perturbar a ordem pública e não manchar o nome com uma vergonha indelével. A sexualidade japonesa se liga ao gozo imediato, mais do que à concepção ocidental do amor (Buisson, 2006, pág.137)."

www.abralic.org.br/cong2008/anais

     Porém, o impacto mais interessante aconteceu no consciente coletivo de algumas sociedades ocidentais (incluindo o Brasil), ainda muito impregnado, na época, por preconceitos formados na II Grande Guerra Mundial, quando os japoneses, alemães e italianos "estavam do outro lado".  É amplamente admitido que após a derrota do Eixo, ocorreu uma sutil lavagem cerebral promovida pelos vitoriosos, no sentido de neutralizar e inferiorizar os povos vencidos e, por extensão, as suas culturas.  Atitude compreensível (na minha visão) pois os traumas que a guerra produziu foram muito profundos. Assim, no Brasil, duas ou três gerações do pós-guerra tiveram, infelizmente, suas percepções prejudicadas, fazendo com que as pessoas que assistiram o filme reagissem de forma imprevisível.

"Ué?!  As mulheres japonesas não tem a vagina atravessada conforme me falaram!"

"Tenho certeza que esse ator japonês foi dublado por um ocidental nas cenas de sexo explícito...  O falo ereto dele é maior do que eu imaginava!"

     Os dois comentários acima resumem, com pequenas variações, todos os emanados daqueles que assistiram o filme.  A partir daí, todos se auto-reciclaram ao perceberem o quanto estavam desfocados da realidade... 

     Vale ressaltar que nas produções orientais com cenas de sexo explícito, os atores são selecionados conforme seus talentos dramáticos, independentemente de seus atributos físicos. Daí, talvez, o sucesso mundial de "O Império dos Sentidos"; um filme bem natural...

Uma cena do filme



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Nils Zen
Enviado por Nils Zen em 16/10/2009
Reeditado em 24/11/2009
Código do texto: T1869494
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